As mulheres na música eletrônica foram primordiais na construção da estética musical e visual do que entendemos hoje como o som das pistas
Jornalistas, produtoras, radialistas, pesquisadoras, programadoras de software, DJs… os campos em que as mulheres na música eletrônica atuaram remetem à década de 30 e seus feitos trazem à história capítulos que moldaram a música que dançamos hoje e a que dançaremos no futuro. O talento feminino foi responsável por experimentações em contrapontos dissonantes, na invenção de sintetizadores como o Moog e o Buchla, no desenvolvimento de softwares de produção musical que hoje são vovôs dos programas que usamos para fazer música no computador, gravadoras seminais e muitos, muitos discos lançados.
Conheça a história de 50 mulheres geniais, incríveis e imprescindíveis nas história da música eletrônica mundial.
Alice Schields
A renomada compositora, responsável por obras como Shennadoah e Apocalypse, an Electronic Opera, (a primeira ópera eletrônica escrita), estudou no Centro de Música Eletrônica da Universidade de Columbia. Aborda temas como espiritualidade e feminismo em suas obras. Também foi uma cantora de ópera profissional. Nasceu em 1943 em Nova Iorque.
Ana (Petduo)
O Petduo, formado por Ana e seu companheiro David na década de 90, é um dos bastiões do hard techno brasileiro, com presença obrigatório em festivais e noites dedicadas ao estilo. Ana se apresenta no Brasil e Europa durante o ano, dividindo-se com as produções. O último lançamento do Petduo é o single Turntable Terrorists. Pedrada. Pedrada brabíssima. Ana e David vivem em Berlim desde 2007.
Andrea Gram
Na estrada de ferro por onde passaria a locomotiva techno no Brasil, Andrea Gram foi quem meteu o prego no primeiro dormente. Pianista na infância, Andrea começou a discotecar em 1992 e apresentou o bate estaca a todo uma geração no país, reverberando o que fazia em seu lendário Club Alien, em São Paulo. Usa a coroa de rainha do techno brasileiro desde então, continua discotecando e é um exemplo para as DJs mulheres brasileiras.
Anja Schneider
Anja Schneider é radialista, seletora, dona de selo e de uma robusta discografia, o que a faz uma das maiores estrelas mundiais do circuito de DJs. Foi fundadora da gravadora Mobilee em 2005, empresa em que se afastou em 2017, momento em que considera um recomeço em sua carreira ao lançar o celebrado álbum SoMe.
O programa de rádio que Anja comandou por 17 anos, Dancing Under a Blue Moon (Fritz Radio), é considerado um dos responsáveis por introduzir toda uma geração de berlinenses à música eletrônica. No mesmo ano das mudanças, 2017, Anja mudou-se para a rádio Eins para tocar o programa Club Room nas noites de sexta feira.
Anna
A brasileira Anna nasceu em Amparo, interior de São Paulo. Seu pai (o icônico Bira) era dono de um dos clubes mais legais do estado e um dos primeiros a abrir espaço para a música eletrônica, chamado Six. Crescida no meio da fumaça e dona de um talento incontestável, Anna hoje vive em Barcelona e é uma das mais importantes DJs brasileiras no mercado internacional. Faixas bombadas no Beatport, prêmios, festivais e vídeos incríveis fazendo uma live performance dentro de seu estúdio fazem da DJ um diamante.
Anna Prior
A inglesa Anna Prior é baterista, backing vocal e responsável pelos irresistíveis grooves eletrônicos do Metronomy, cultuada banda de indie dance bastante conhecida dos brasileiros, principalmente após o sucesso do hit The Look. Mas Anna também é DJ e publica os sets de seu programa na Soho Radio em sua conta no Mixcloud. E os sets são de primeiríssima qualidade.
Annette Peacock
Compositora, arranjadora, musicista, escritora e cantora americana, além de pioneira no uso de sintetizadores em sua música. Annette Peacock é um dínamo criativo capaz de destruir preconceitos como, em seu caso, o dos amantes do jazz com as novas tecnologias.
Nascida em Nova Iorque (1941) e filha de uma violonista da Filarmônica da cidade, Annette começou a compor com 5 anos de idade. Nos anos sessenta, excursionou com Albert Ayler, estudou macrobiótica zen, virou amigona do Timothy Leary e assídua de seu centro psicodélico de Millbrook. Em 1971 gravou I´m The One, eleito pelo Wire como um dos “100 discos que deixaram o mundo em chamas”. E tem muito, mas muito mais história por aí.
Annie Mac
A irlandesa Annie Mac é considerada uma das mais importantes DJs da história no Reino Unido, graças a seu programa na Radio 1, da BBC. Seu primeiro radio show lá foi em 2004. Annie vem de uma família de músicos na Irlanda. É irmã de Davey MacManus, do The Crocketts e se formou em literatura inglesa em Belfast. Seu primeiro romance aliás, sai agora em 2021. Graça à sua atuação junto à rádio e em programas TV falando sobre música, Annie é cultuada no Reino Unido e destilo seu conhecimento nas discotecagens.
Björk
Responsável por aclamados nove álbuns e duas trilhas sonoras – somente em sua carreira solo – Björk é uma das mais influentes artistas de sua era. Ao abraçar os beats eletrônicos desde seu primeiro disco, Debut, de 1993, a garota islandesa puxou um arrastão cheio de artistas já estabelecidos, ávidos por encontrar um novo caminho, aprisionados em suas redes.
A reorganização encabeçada por Björk na música pop, trazendo para dentro das rádios um novo universo de batidas eletrônicas, sintetizadores e principalmente, liberdade de experimentação, chega a ser difícil de medir. O fato é que nada mais foi o mesmo depois de Debut.
Blessed Madonna
Antes conhecida como The Black Madonna, Marea Stamper começou sua carreira vendendo mixtapes em raves no começo dos anos 90 em sua cidade natal, Kentucky (EUA). Hoje é uma das mais técnicas, importantes e engajadas DJs do planeta. Prova disso é que mudou seu nome artístico anterior (em homenagem mesmo à Virgem Maria, santa predileta de sua família) graças a uma petição online aberta no website Changes.org apontando questões de insensibilidade racial usando esta marca. Virou então a Blessed Madonna, mas o som continua igual, bastante embebecido nos elixires negros da house music, gênero que domina.
Carla Scaletti
A Nova Iorquina Carla Scaletti dividiu sua vida entre o acústico e o eletrônico. Enquanto dedilhava sua harpa nas orquestras sinfônicas de Lubbock e do Novo México, afunda-se nos estudos pioneiros de computadores e música nos anos 70. Foi a criadora do Kyma, uma linguagem de programação voltada à produção de sons em computadores. Sua produção musical, sempre baseada na geração de sons por computador, é imensa. Desde Motet for mezzo-soprano, narrator, harp, and bass clarinet (1977) até seu mais recente Conductus for organ, 3 singers and interactive electronics (2014). A linguagem Kyma já foi usada para compor trilhas sonoras de filmes como Guerra dos Mundos e Procurando Nemo e também de diversos jogos de videogame.
Clara Rockmore
Clara nasceu na Rússia e se tornou ainda criança uma virtuose do violino, sendo a pessoa mais jovem a ingressar na orquestra de São Petersburgo. Após mudar-se para os Estados Unidos, uma tendinite a afastou do instrumento. O que parecia ser o fim em sua carreira na verdade direcionou Clara para o equipamento que a tornou famosa no mundo todo: as apresentações usando o Theremim, instrumento que seu amigo Leo Theremim havia acabado de inventar e que ela ajudou em seu aperfeiçoamento. Em 1977 lançou o álbum The Art Of Theremim, produzido por ninguém menos do que Bob and Shirley Moog.
Claudia Assef
Difícil falar da colega e sócia (que saberá que a incluí na lista somente quando a ler), fundadora do Music Non Stop, em forma de verbete. Porém, seria impossível não citar Claudia Assef na lista de mulheres mais importantes da música eletrônica brasileira. A jornalista e DJ dedicou sua vida à pesquisar e difundir a cultura do disk jockey no país através de livros, exposições e eventos. Mais tarde, adicionou ao seu trabalho produções que promovem a igualdade de gêneros no mundo da música com a conferência WME Conference e o prêmio WME Awards. Claudia, autora do mais importante livro sobre discotecagem no Brasil Todo DJ Já Sambou, é também a responsável pela transformação de parte do Centro Cultural Olido na “Galeria do DJ” , uma homenagem aos profissionais da área.
Collete
Collete estava em Chicago quando a house music nasceu. Criou o coletivo de DJs mulheres Superjane com as DJs Heather, Dayhota e Lady D. Foi residente do Smart Bar, lendária pista de dança dos primórdios da house e desde então se tornou uma superstar mundial e uma das mais importantes DJs da história. Em 2005 seu disco Hypnotized foi o mais vendido no ano na Apple Store e a música What Will She Do for Love chegou ao número na parada dance da Billboard. A música título foi escolhida para tema do filme O Diabo Veste Prada. Collete é uma artista tão renomada que nos EUA é comparada a Kilie Minogue e Debbie Harry.
Daphne Oram
A britânica Daphne Oram, compositora e musicista, foi da primeira geração de profissionais a se de dedicar à criação de sons eletrônicos. Seu projeto de vida, o sistema Oramics, consistia em registrar sons eletrônicos diretamente em fitas de filmes de 35mm, então utilizadas para cinema. Em 1963 editou sua primeira música totalmente composta usando o sistema Oramics, batizada de Contrasta Essonic. Em 1980 começou a transpor seu sistema para um software, patrocinado pela Ralph Vaugham Williams. Apesar de não ter conseguido finalizar seu projeto a tempo, estudantes tentam até hoje seguir em frente com sua ideia.
Delia Derbyshire
Considerada “a heroína anônima da música eletrônica”, Delia Derbyshire foi a compositora, enquanto funcionária da BBC, da trilha sonora da série Dr. Who original, transmitida a partir de 1963. É citada como influência por artistas icônicos como Aphex Twin, Chemical Brothers e Orbital. Tá bom? Pois a compositora ainda teve uma extensa carreira. Criou estúdios, desenvolveu instrumentos e muito mais, sempre ligada à música eletrônica
DJ Heather
Em 1990 Heather fundou a primeira loja de discos exclusiva de techno, chamada Groove Record Shop, no Brooklin. Seus sócios eram Frankie Bones e seu irmão Adam X. Em 1991, seu fanzine era referência para fãs de techno os Estados Unidos, o Under One Sky. Em 1992, começou a discotecar profissionalmente. Os projetos da DJ Heather são considerados a coluna cervical do cenário de música underground nova-iorquino. Este é o início da história. Heather é hoje uma das mais importantes DJs da história da música eletrônica, tocando como nunca.
Kaytlin Aurelia Smith
A americana Kaytlin era membro da banda de indie folk Ever Isles ainda quando estudava na famosa escola de música Berklee, mas deixou a banda quando conheceu o sintetizador Buchla 100. Segundo ela, ficou tão enamorada e absorta com o processo de fazer música no novo brinquedo que simplesmente desistiu de fazer um segundo álbum para a banda. Desde então começou a lançar discos de música eletrônica experimental e ambiente. Sua estreia foi em 2012 com Cow Will Eat The Weeds. O processo de composição da artista é bastante interessante. Segundo Kaytlin, ela imagina uma ilustração colorida e então, mentalmente, vai tentando preencher esta ilustração com sons.
Wendy Carlos
Um artista que fica 17 semanas no topo das paradas americanas com um disco interpretando Bach já merece seu lugar no hall da fama do Music Non Stop. Wendy Carlos conseguiu este feito. Após se apaixonar pelo sintetizador Moog, a compositora lançou Switched on Bach, reinterpretando-o e criando o primeiro grande sucesso comercial da música eletrônica. Wendy, uma mulher trans que assinou seus primeiros trabalhos como Walter Carlos, emprestou sua genialidade para algumas das mais icônicas trilhas sonoras da história do cinema, como por exemplo o clássico Laranja Mecânica, de Stanley Kubrick.
Vania Dantas Leite
A mãe da música eletrônica brasileira nos deixou em 2018, época em lecionava na Universidade Federal do Rio de Janeiro. Segundo Jorge Antunes, compositor do pioneiro disco Música Eletrônica, Vânia foi a primeira mulher a experimentar com música eletrônica no Brasil, no início da década de 70. Investiu em equipamentos de ponta de Londres e desde então começou a publicar seus trabalhos com ênfase em interpretações “eletronizadas” de Villa-Lobos.
Ultra Naté
A cantora, compositora e DJ americana surgiu no berço da house music para emplacar grandes hits de dance music. Contratada pela Warner Music em 1990, lançou o álbum Blue Notes in the Basement e desde então frequentou as paradas de dance music da Billboard por mais de uma década.
Sonia Abreu
Sonia Abreu foi a primeira (e é a mais importante) DJ brasileira. Começou sua carreira na música como backing vocal na jovem guarda mais rapidamente foi para as rádios onde se notabilizou pelo conhecimento e pesquisa musicais fora do comum. Inquieta, logo decidiu transformar as sessões da rádio em rolê e fundou o Ondas Tropicais, o primeiro soundsystem do Brasil, que foi evoluindo de caixas na rua para uma Kombi, depois para um ônibus (que levou o som de Sonia para os lendários festivais de Águas Claras) e chegou até a ser montado em um veleiro que chegava de surpresa nas praias lotadas do litoral paulista.
Róisin Murphy
A irlandesa Róisin Murphy alcançou sucesso mundial como vocalista do duo trip0-hop Moloko. Mas não parou por aí: foi na carreira solo que consolidou seu talento inventivo e eletrônico. Fui indica ao Mercury Music Prize em 2015 e seu último disco Róisin Machine, foi uma das melhores surpresas do pandêmico 2020, trazendo muitas referências da Manchester dos anos 90, espaço tempo que viveu intensamente (e in loco).
Paula Chalup
A história de Paula Chalup se funde com a do techno em São Paulo. Presente já como DJ residente das primeiras noites dedicadas ao estilo, como o Hell´s Club e os sábados da Lov.e, a artista sempre foi reverenciada pela sua competente linearidade e erudição nos sets de techno e house. Mas foi no “bate estaca” que a DJ se formou como uma das mais importantes do país.
Nina Krawitz
A DJ, produtora e cantora Nina Krawitz nasceu em na cidade russa de Irkutsk e se mudou para Moscou em 2000. Comandou um programa de rádio em sua cidade natal, escreveu fanzines, mas sua carreira deslanchou quando foi aceita para integrar o Red Bull Music Academy, em 2005. Lançou seu primeiro álbum em 2008, logo depois o próprio selo e ganhou o mundo como superstar DJ com presença constante em grandes festivais.
Nicole Mondalber
Nascida em Lagos, na Nigéria, e criada no Líbano. Nicole Mondalber é uma daquelas mulheres cujo dia parece ter 48 horas. Ganhou destaque ao ganhar um programa semanal de rádio, fundou selo, produziu eventos de música eletrônica em Beirute na década de 90, faz música e discoteca. Chamou a atenção de Carl Cox em 2009, que a convidou para lançar por sua gravadora Intec. O grandão do techno retribuiu lançando um disco pela Mood, selo criado por Nicole.
Monica Kruse
Fundadora do selo Terminal M, a berlinense Monica Kruse faz parte da primeira geração de DJs alemães a excursionar internacionalmente. Discoteca há 30 anos como residente do Babalu Bar, na capital alemã e participando ativamente da explosão raver alemã dos anos 90. Foi uma das criadoras do movimento anti facista No Historical Backspin (quem não se lembra dá lendária camiseta com a ilustração de um DJ jogando uma suástica na lata de lixo?) c continua uma das mais importantes e ativas figuras da cena eletrônica alemã.
Misstress Barbara
A super DJ de Montreal (mas nascida na Itália) começou a discotecar “na primavera de 96” e se tornou um dos grandes nomes da música eletrônica. Seu nome, um trocadilho de mistress (amante) com miss stress, figurou em grandes festivais internacionais principalmente na década de 00. Em 2002 ganhou prêmios nos Estados Unidos e Reino Unido. Formada em Artes em Quebec e baterista, Barbara impressiona também por sua extensa discografia: são apenas dois álbuns, mais dezenas de EPs e remixes.
Miss Kittin
Grande expoente do movimento Electroclash e querida do público brasileiro, a francesa Caroline Hervé, ou Miss Kittin, ganhou o mundo após grande sucesso de hits que definiram o estilo como 1982 e Frank Sinatra, singles em que também emprestou sua voz. Suas performances aliando a discotecagem com as intervenções vocais inspiraram uma geração de DJs.
Saskia Slegers (Miss Djax)
A holandesa Saskia Sledgers começou a tocar e produzir dance music nos anos 80. No final da década, fundou o mundialmente conhecido selo Djax com um investimento de aproximadamente 6 mil dólares. Seu primeiro lançamento vendeu mil cópias em uma semana! Saskia rapidamente mandou prensar mais uma leva e recuperou todo o investimento feito na criação do selo antes mesmo de lançar o segundo disco. Outros feitos a tornam uma lenda da música eletrônica. Na mesma época em que criava o selo, a artista ainda cantava em um grupo de hip hop de Eindhoven e produzia as primeiras noites de techno na cidade, no bar Effenaar. Graças ao sucesso do selo, começou a usar o nome de Miss Djax para discotecar e é chamada de “The Acid Queen” na Europa.
Maya Jane Coles
A britânica Maya Jane Coles iniciou sua carreira produzindo hip-hop. O gênero que ainda faz a cabeça da artista, que lança singles sob o nome artístico de Nocturnal Sunshine. No entanto, foi compondo e discotecando techno e house music que Maya, de descendência japonesa, ganhou notoriedade mundial. Antes de seus trabalhos solo, já havia remixado Massive Attack e Gorillaz com o duo She Is Danger. Seu primeiro EP em 2010 causou verdadeiro frisson na cena inglesa, garantindo a medalha de DJ revelação daquele ano por veículos como a DJ Mag e o Residente Advisor. Seu primeiro álbum, Confort, já contou a colaboração de estrelas como Tricky e Miss Kittin.
Mary Anne Hobbs
A DJ inglesa Mary Anne Hobbs transmite sua paixão pela música através do jornalismo. Aos 19 anos, após pegar a estrada num ônibus com a band de hard rock Heretic, começou a escrever sobre música para a Sound Magazine. Passou pela New Music Express, Loaded e a rádio XFM até que foi convidada para integrar a BBC Radio. Apresentou por 14 anos o programa de música eletrônica e experimental The Breezeblock. Foi uma das primeiras DJs a introduzir o Dubstep e o Grimme nas rádios, chegando a criar um programa, Dubstep Warz, em 2006. Após deixar a BBC em 2010, se dedicou à curadoria de festivais (como o espanhol Sonár) e a comandar um programa em horário nobre, sábados à noite, de volta à XFM de Manchester. A incansável divulgadora de música ainda encontrou tempo para organizar festivais, como o Queens Of Electronic Underground, palco feminino do Manchester International Festival.
Margareth Dygas
Margareth Dygas nasceu na Polônia e se mudou para Nova Iorque para estudar moda, onde conheceu o techno e o universo das festas underground. Mudou-se mais tarde para Londres, onde começou a se interessar pela discotecagem enquanto trabalhava como hostess do clube Home. Novamente seguindo seu faro para lugares onde a música pulsa, decidiu mudar-se para Berlim quando já podia viver exclusivamente das discotecagens, tornando-se residente do Panorama Bar e excursionando pelo mundo.
Magda
Magda é outra artista vinda da Polônia que se fixou em Berlim, após ter vivido por um bom tempo em Detroit, no Estados Unidos. Começou sua carreira em 1996 e tornou-se um dos grandes nomes do minimal techno ao lado de Ricardo Villalobos e Ritchie Hawtin. Pela gravadora de Hawtin, M_nus, lançou seu segundo EP em 2004 e então passou a fazer parte de seu casting. Recentemente criou a Perm Records, selo e produtora de eventos.
Lisa Lashes
Global Gathering, Creamfields, Nocturnal Wonderland e Dance Valley são apenas alguns dos super festivais que Lisa Lashes, natural de Nuneaton, na Inglaterra, se apresentou em sua longa carreira. Filha de pais Testemunhas de Jeová, costumava bater à porta dos vizinhos em sua pequena cidade natal para pregar o evangelho. A separação dos pais a afastou da religião e após algumas perambulações na vida, a jogou nos braços da música. Lisa criou a festa Lashed, onde produzia, tocava e arrastava uma crescente turma de fãs. Sua carreira começou em 1992. Três anos depois já era residente do Sunday Club in Birminghan. Foi a primeira DJ mulher a figurar entre as listas de 10 mais da DJ Magazine.
Laurie Spiegel
Após trabalhar no departamento de computação gráfica da Bell Computadores, Laurie se especializou na década de 70 em criar softwares e algoritmos para composição musical, batizado por ela de Music Mouse. Participou da cena de vanguarda de Nova Iorque com sua reflexão sobre arte e computadores. Sua interpretação de Harmonices Mundi, de Johannes Kepler, foi escolhida como a faixa de abertura da compilação Sounds Of The Earth, gravada em um disco de ouro e incluída na sonda espacial Voyager em 1977.
Laurie Anderson
A artista e performer multimidia Laurie Andersons, nascida no estado de Illinois nos Estados Unidos, é considerada uma das pioneiras da música eletrônica. Seus discos de avant garde e performance arte são gravados com instrumentos que ela mesmo ajudou a criar, como por exemplo um violino que tem fitas magnéticas no lugar de cordas.
Lady Miss Kier
Ativista, DJ, compositora, cantora e ícone fashion. Lady Miss Kier, a voz da icônica banda Deee-Lite, se mudou de Ohio para estudar moda em Nova Iorque. Deixou o curso ao se desapontar com a caretisse estética dos professora e começou a desenhar seus modelos baseados nas roupas excêntricas e extravagantes que via nos nightclubs. Com a banda, que formou em 1982 ao conhecer o russo Dmitry Brill (o Supa DJ Dmitry), alcançou enorme sucesso mundial. Com o final do Deee-Lite em 1995, Kier se mudou para Londres para se especializar em produção musical e apostou na carreira de DJ. Colaborou nos discos de Bootsy Collins, George Clinton e A Guy Called Gerald, entre outros. Participa ativamente de ações em prol dos direitos LGBTQIA+, direitos das mulheres e direitos humanos.
Kemistry & Storm
Pioneiras da cena de drum´n´bass inglesa, a dupla de DJs formada por Valerie Olukemi Olusanya (Kemistry) e Jayne Conneely (Storm) pavimentou a cena de música eletrônica para DJs mulheres. Ao lado de Goldie fundaram o Metalheadz, um dos mais importantes selos de d´n´b da história, em 1994. Começaram a discotecar alguns anos antes em rádios piratas. Reconhecidas internacionalmente, a carreira da dupla teve um fim trágico, com a morte de Kemistry em um acidente automobilístico quando voltavam de uma apresentação em Southampton. Storm continua a se apresentar sozinha.
Johanna Beyer
Johanna Beyer se mudou de Leipzig, na Alemanha para Nova Iorque após ter estudado piano, composição, canto e dança em sua terra natal em 1923. Participou do movimento dos “ultra modernistas” ao lado de nomes como Ruth Crawford, Charles Seeger e Dane Rudhyar. Compôs e gravou entre 1931 e 1943, quando uma doença degenerativa levou-a a morte no ano seguinte. Seus trabalhos seguiam a teoria dos contrapontos dissonantes, de Crawford e Seeger e se mostrou como alicerce para a música experimental, ambient e eletrônica como conhemos hoje. Sua obra Three Movements Of Percussion chegou a ser interpretada por John Cage no final da década de 30.
Jocy de Oliveira
Jocy de Oliveira apresentou em 1961 a ópera eletroacústica multimídia Apague meu Spotlight nos teatros municipais de São Paulo e Rio de Janeiro. É considerada pioneira da música eletrônica no Brasil ao lado de Vânia Dantas Leite. Nascida em Curitiba em 1936, gravou 19 discos no Brasil e 7 no exterior. Recebeu o título de “Master Of Arts” pela Washington University, nos Estados Unidos.
Jessy Lanza
Natural do Canadá, Jessy Lanza alia sua voz de soprano à composições eletrônicas de sua autoria. Seu álbum de estreia Pull My Back Hair, de 2013, foi ovacionando pela crítica com críticas efusivas de veículos como The Guardian, XLR8R e Resident Advisonr. A artista colaborou com Caribou e The Galleria em seus álbuns entre 2014 e 2015.
Jayda G
Algo na água do Canadá vitamina mulheres talentosas na música eletrônica e no DJing. Jayda G veio da Columbia Britânica, a seis horas de Vancouver, para mostrar ao mundo um set cheio de R&B, funk e disco com elegância ímpar. A DJ se apresentou em São Paulo no festival Dekmantel em 2018. Seu set gravado no mesmo festival um ano antes é considerado um dos melhores da história da série de DJ sets em vídeo Boiler Room.
Jasia Reichardt
A crítica de arte, escritora, curadora e diretora de galerias britânica Jasia Reichardt teve papel definitivo na popularização da música eletrônica no Reino Unido. Seu mergulho na emergente “arte digital” em 1968 resultou na curadoria da exposição Cybernetic Serendipity, no Institudo de Artes Contemporâneas de Londres. A exposição de grande sucesso viajou pelos Estados Unidos na sequência. Nascida na Polônia e de família Judia (o que resultou no confinamento de sua família no tenebroso Gueto de Varsóvia), Jasia perdeu seus pais, foi escondida por famílias e conventos utilizando diversos nomes falsos até que conseguiu se reunir com parentes em Londres, em 1946. Em 1950 já era editora assistente da revistas Art News and Review. A partir de então se envolveu com a curadoria em museus e institutos, chegando a comandar mais mostras de arte digital e música eletrônica no Museu Metropolitano de Tokio.
Jane Fitz
Jane Fitz é mais uma das DJs pioneiras da cena eletrônica britânica, com quase 30 anos de carreira e importantes turnês internacionais. A artista é especialista em long sets, onde toca de tudo, de house a trance passando pelo que lhe der na telha. Apesar de circular em festivais e clubes seminais, como Tresor, Panorama e Concrete, Jane diz que seu foco ainda é “tocar discos em lugares obscuros”.
Honey Dijon
“Vim de uma amável família afro-americana, bem classe média e muito musical, do sul de Chicago”, conta Honey Redmond, conhecida no mundo das discotecagens como Honey Dijon ou Miss Honey Dijon. Conheceu e foi apadrinhada por mestres como Mark Farina, Derrick Carter e Greenskeepers. Mudou-se para Nova Iorque apresentada a Danny Tenaglia e a partir de então era figura assídua nos line ups das festas mais descoladas da cidade. Mulher trans, Honey tem presença ativa nos movimentos de luta pelos direitos LGBTQIA+
Grace Jones
Considerada até hoje um dos maiores ícones fashion, musica e amiga de Andy Warhol, a jamaicana Grace Jones não parou de emplacar hits da disco music desde que assinou com a gravadora Island Records em 1977. Já em seus primeiros lançamentos apresentava ao mundo uma evolução mais experimental e eletrônica da disco music, fundando assim as bases do que viria ser a house music. Sua associação à cena new wave inglesa, modificando sua música e visual para algo ainda mais avant garde alçou Grace ao hall das mais importantes mulheres da música e bastiã da música eletrônica.
Ellen Allien
Stadkind, álbum icônico de 2001 de Ellen Allien, é uma homenagem a Berlim. Especificamente à reunificação da cidade, tema que é a grande inpoiração de sua música, segundo a artista. Ellen é a criadora do cultura selo BPitch Control e uma das grandes presenças internacionais do techno, classificado como erudito, experimental, ainda que orientado para as pistas de dança. É dona de uma extensa discografia que inclui 11 álbuns, dezenas de singles, remixes e cds mixados. Durante a quarentena, transmitiu da sacada de seu apartamento uma série de lives que deram o que falar, chamadas Balcony Sessions .
Ekanta Jake
foto: reprodução YoutubeEkanta Jake é a criadora do festival Universo Paralelo, um dos mais importantes eventos mundiais de música eletrônica que acontece há 20 anos durante a virada do ano no nordeste brasileiro. É uma das pioneiras do cenário psytrance brazuca e referência para um time de DJs mulheres que se dedicaram ao estilo que tem forte presença entre os jovens daqui. Além disso, a artista é matriarca de uma família de DJs. Seu marido e filhos discotecam, sendo um deles ninguém menos do que Alok, grande nome nacional do EDM.