Profissões Marianne Faithfull e Mick Jagger. Foto: Reprodução

De coveiro a empacotador: 10 astros da música que tiveram empregos “comuns” antes da fama

Jota Wagner
Por Jota Wagner

Antes de excursionar pelo mundo fazendo shows em megafestivais, os grandes artistas também tiveram de bater cartão

Poucos são os grandes artistas que já nasceram com o violão nas mãos. Geralmente, este privilégio é exclusivo aos que vieram ao mundo no berço de ouro artístico, filhos de pais já famosos. Muitas vezes, o sonho de detonar nos palcos mundo afora precisa ser financiando por um emprego de carteira assinada ou um pequeno negócio próprio. Em outros casos, a descoberta do talento chega até mesmo depois que o futuro rockstar já tem uma carreira em outro tipo de emprego.

Para abrilhantar o feriado do Dia do Trabalho, comemorado mundialmente todo dia 1º de maio, conheça as profissões que seu artista predileto teve antes de “largar tudo” para viver de sua música.

Joe Strummer – Coveiro

Joe Strummer como coveiro. Foto: Reprodução/X

Embora fosse um emprego mais adequado ao fundador de uma banda de death metal, quem dava duro no cemitério com uma pá na mão e uma ideia na cabeça era Joe Strummer, fundador de uma das maiores bandas punk de todos os tempos, o The Clash. Antes de encantar o mundo com uma incendiária mistura de rock e reggae, além de emplacar hits como London Calling, Should I Stay Or Should I Go e I Fought The Law, o guitarrista e vocalista ajudava dar aos ingleses seu descanso final no cemitério de St Woolos, onde trabalhou entre 1973 e 1976, quando fundou o grupo.

Kurt Cobain – Zelador de escola

Kurt Cobain como zelador. Foto: Reprodução

O jovem Kurt Cobain passou por maus bocados financeiros antes do Nirvana dar certo. Renegado pela família, chegou a passar várias noites no hospital onde nasceu, na cidade de Aberdeen, fingindo estar acompanhando alguém doente. Para descolar uma grana, arrumou um emprego de zelador na mesma escola onde havia estudado. Cobain dava expediente limpando corredores e banheiros com um esfregão e, segundo o documentário Montage of Heck, que conta a história da vida do astro, ser reconhecido por colegas de escola naquela posição foi bem traumatizante. No videoclipe de Smells Like Teen Spirit, o maior hit da banda, Kurt aparece com um esfregão na mão, limpando um colégio.

Mick Jagger – Porteiro de hospital psiquiátrico

Mick Jagger com Marianne Faithfull. Foto: Reprodução

Ver Mick Jagger, vocalista dos Rolling Stones, rebolar freneticamente enquanto canta em arenas gigantes e programas de TV sempre foi uma loucura. O que pouca gente sabe é que na adolescência e antes da fama, Jagger trabalhou como porteiro no hospital psiquiátrico Bexley, uma instituição que acabaria marcando sua vida. Foi lá que o futuro rockstar perdeu a virginidade, em uma dispensa, com uma enfermeira. Anos mais tarde, um de seus grandes amores, Marianne Faithfull, também se internou no hospital, durante um rehab. Equanto isso, seu colega de banda, Keith Richards, catava bolas em um campo de golfe.

Ozzy Osbourne – Matador

Ozzy Osbourne antes da fama. Foto: Reprodução

Ozzy Osbourne, vocalista do Black Sabbath, sempre foi conhecido como o dono de uma cabeça com parafusos faltantes. Teve um monte de empregos temporários em Birmingham, onde cresceu. Definitivamente, o mais improvável de todos foi em um abatedouro da cidade, aos 16 anos. Em sua biografia, I Am Ozzy, conta que começou “na empresa” limpando os restos da sala onde os bovinos eram abatidos e, graças a seus bons serviços, foi promovido a matador. Propício para um cara que mais tarde seria conhecido como Príncipe das Trevas.

Brandon Flowers – Carregador de malas

Brandon Flowers em 1998. Foto: Reprodução

Em Las Vegas, um dos lugares mais fáceis para se encontrar empregos é na enorme rede hoteleira da cidade. Tanto que boa parte da família de Brandon Flowers, que viria a fundar o The Killers, trabalhava no ramo. Tanto o pai quanto o tio eram carregadores de malas. Quando chegou a hora do filhão ganhar seu próprio dinheiro, a vaga estava garantida. O futuro astro foi carregador no hotel Gold Coast e, entre suas grandes façanhas, gaba-se de ter cuidado da mala da banda de Morrissey e ainda ter fuçado seus bolsos para ver se encontrava com algum CD com gravações inéditas de estúdio.

Josh Homme – Roceiro

Josh Homme nos anos 90. Foto: Reprodução

Dizem que o agro é pop, não é mesmo? Josh Homme já sabia disso antes de fundar o Queens Of The Stone Age. O músico trabalhou duro na fazenda da avó durante toda a sua adolescência e só desceu do trator quando sua banda começou a dar certo, em 1996, com 25 anos. Homme conta que o trabalho no campo o ajudou a construir sua personalidade, e chegou a recomendar que muita gente no mundo da música deveria, uma vez na vida, dar um tempo no showbizz e ir plantar alguma coisa. “Trabalho duro e um pouco de humildade não fazem mal a ninguém. Neste sentido, eu acho que trabalhar no campo faria bem a muita gente no mundo da música.”

Gene Simmons – Redator da Vogue

Gene Simmons nos anos 70. Foto: Reprodução

Esta é para doer no âmago do sistema reprodutivo. Quem diria que o monstruoso baixista do Kiss, a performática banda que revolucionou o conceito de megashow, ganhou suas primeira moedas trabalhando na bíblia da moda, a revista Vogue? Em 1973, o jovem Chaim Witz, que mais tarde se tornaria o morcegão linguarudo (em ambos os sentidos) Gene Simmons, foi assistente de redação. A Vogue já era uma potência naquela época, mas a vida do músico nesse mercado durou pouco, apesar de ele afirmar que era “um excelente redator”.

Chris Cornell – Peixeiro

Chris Cornell no começo dos anos 90. Foto: Reprodução

“Olha o peixe!”, gritava o garoto Chris Cornell, que vendia peixes e frutos do mar em Seatlle antes de cair na estrada com sua música. Sua responsabilidade na peixaria era a de tirar as escamas e tripas da mercadoria, deixando-as lindas e apetitosas para os chefes de cozinha que visitavam o mercado onde trabalhava. Segundo Cornell, a clientela era coisa fina. “Recebíamos os melhores chefs da cidade, porque nossa banca era a melhor. O dono era impecável.”

David Bowie – Entregador de açougue

David Bowie aos 14 anos de idade. Foto: Reprodução/Facebook

Da difícil vida da labuta diária, nem David Bowie escapou. Seu primeiro instrumento, um saxofone, foi comprado com o salário de entregador de carnes. Depois de ouvir Little Richard aos dez anos de idade, este foi o instrumento que o camaleão decidiu aprender primeiro. Bowie já sabia o que queria da vida e perseguiu a carreira artística desde cedo. Até pequenos comerciais de TV chegou a fazer, antes de conseguir sustento com a música.

Calvin Harris – Empacotador de supermercado

Calvin Harris jovem. Foto: Reprodução

Sentado no topo de sua montanha de dinheiro, o escocês Calvin Harris olha para trás e relembra o tempo em que a vida era difícil. Ao sair da casa dos pais e precisando levantar seu aqué, foi trabalhar como empacotador em um supermercado de Glasgow. O trabalho dava-lhe tempo para pensar no futuro e a experiência deve ter lhe ajudado a embalar a pacoteira de libras que ganhou mais tarde com sua música, se tornando um dos DJs mais bem-pagos do planeta!

 

Jota Wagner

Jota Wagner escreve, discoteca e faz festas no Brasil e Europa desde o começo da década de 90. Atualmente é repórter especial de cultura no Music Non Stop e produtor cultural na Agência 55. Contribuiu, usando os ouvidos, os pés ou as mãos, com a aurora da música eletrônica brasileira.

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