Bares projetados para audiófilos, com sistema de som impecável e privilegiando o “ouvir” no lugar do “socializar”, são abertos nas maiores capitais do mundo. Separamos 10 exemplos para você curtir um Hi-Fi no som e no copo.
Já foi a um listening bar? Caixas de som e aparelhos hi-fi. Ambientes acusticamente desenhados para que as ondas sonoras circulem sem interferências através da sala. Sofás e poltronas aconchegantes espalhados pelo bar e uma regra: ouvir mais e conversar menos.
Os bares para audiófilos, fãs que exigem nada menos do que o melhor na reprodução dos seus amados discos – em sistemas que chamam “state of the art” – ainda são raros no mundo todo. Mas existem e fazem a alegria de quem gosta do som limpinho e fiel saindo das caixas de som.
A onda começou no Japão, maior consumidor de produtos de música per capita do mundo. Japoneses são aficionados por Hi-Fi. Inicialmente chamados de Jazz Cafes ou Record Bars, com o tempo foram ficando mais conhecidos pela graça comum de “listening bars”. Bares para ouvir, em vez de socializar.
Geralmente, o ambiente de audição do audiófilo é a sua casa. O pessoal investe fortunas em cabos folheados a ouro, caixas de som balanceadas super sensíveis a todas as frequências, toca-discos e agulhas de primeira linha e um ambiente confortável onde até a iluminação é levada em conta.
Pensando na solidão que este hobby tem demandado, empresários de várias cidades do mundo tem investido em “listening bars”, um projeto que obviamente não recria a pureza das salas de audição particulares, mas que se preocupa em entregar ao cliente a melhor qualidade de som possível em um ambiente coletivo.
Bons drinks, boa música, companhia e, principalmente, boa qualidade na transmissão das ondas sonoras. Geralmente os projetos meio que imitam uma grande sala de casa, com iluminação quente, grandes estantes cheias de discos e sofás confortáveis. A conversação alcoólica, ruidosa e ricocheteante, também é desaconcelhada nos bares. O ideal é falar baixinho e deixar o som como protagonista.
Conheça dez bares para audiófilos abertos no mundo inteiro atualmente. Prepare os cotonetes, procure a capital mais próxima de sua futura viagem e vá à música de seu artista predileto do jeitinho que ele gostaria que você a ouvisse: como ele a aprovou no estúdio de mixagem.
Bar Martha (Tóquio)
Uma vez que a onda do listening bar começou no Japão, nada melhor do que indicarmos o mais bacana de Tóquio. Se liga no tamanho da coleção de discos da casa. Fundado por Wataru Fukuyama no bairro de Ebisu, o bar segue as rígidas regras de comportamento esperadas de um verdadeiro audiófilo. “Eu nunca abri um bar pensando na vontade do cliente. As pessoas dizem que o cliente sempre está sempre com a razão, mas não aqui”, contou Fukuyama em uma entrevista para o jornal The Guardian.
Spiritland (Londres)
O Spiritland abriu em Kings Cross em 2016, com curadoraria musical de ninguém menos do que Josh Wilson, DJ da BBC4. O bar tem sistemas de som da cultuada marca Living Voice e recebe DJs de quinta a sábado. O bar é frequentado por produtores musicais a organizadores de grandes festivais, tem capacidade para 180 pessoas e, segundo os proprietários, um sistema que emite frequências de som praticamente imunes a distorções.
Potato Head (Hong Kong)
A aconchegante “Music Room” do Potato Head fica no porão do bar principal, aberto por uma rede hoteleira familiar da Indonésia. Ambiente aconchegante com poltronas e dedicada à audição de discos (repare nas caixonas de som na parede), a sala foi projetada pelo badalado arquiteto japonês Sou Fujimoto.
Dante’s Hi-Fi (Miami)
Sven Vogtland, dono do Dante’s Hi-Fi, conta que a ideia para abrir um listening bar lhe veio à mente quando foi para Tóquio com seus amigos da banda Khruangbin. A turma foi dar uns rolês pela cidade e conheceram alguns dos famosos bares para ouvintes de música da capital japonesa. De volta a Miami, criou o Dante’s, com sua imensa estante com discos por todos os cantos. A curadoria de som fica a cargo do DJ, escritor e pesquisador Rich Medina.
Tokio Music Bar (Cidade do México)
Com um belo par de toca-discos Garrard 301 (um dos cultuados pelos audiófilos) e mais um amplificador McIntosh MC452 (80 mil dinheiros) no set, o Tokio é um restaurante japonês inspirado no Ginza Music Bar, da capital japonesa. O espaço dedicado à audição, no fundo da foto, é composto por sofás confortáveis à frente da estante de discos e equipamento de som.
Public Records (Nova Iorque)
Pubs são uma abreviação para “public rooms”, salas de estar coletivas (com bar, claro) que ficavam originalmente no térreo de prédios de apartamentos pequenos ingleses. Como não dava para esticar as pernas no apertado espaço dos apês, uma sala dividida entre os moradores se fazia necessária. No mesmo conceito (lembra que falamos da solidão dos audiófilos em suas casas), a Public Records não economizou em três ambientes destinados aos fãs do Hi-Fi. Em ambientes distintos, a casa contratou ninguém menos do que a Arup, empresa que faz o projeto acústico de casas de ópera do mundo todo, para desenhar as paredes das salas. A Public ainda conta com um café vegano e uma loja de discos.
Romano (Tel Aviv)
Localizada no segundo andar do histórico restaurante Romano, em Tel Aviv, a sala de música e bar tem design orientado ao conforto, amplificadores valvulados e monitores vintage para os apreciadores. O sistema foi desenhado por Eldad Bermanhuge. O Romano recebe DJs com frequência para mandar no som da sala, que se divertem com o clássico mixer da Bozak.
Goldline (Los Angeles)
O Goldline foi aberto pelo DJ Peanut Butter Wolf. O que impressiona no bar é a sua gigantesca coleção de discos, que pode ser usada pelos seletores convidados, que fazem alguns sets para deleite dos audiófilos de Los Angeles. O bar abriu em 2018.
The Little Jerry (Toronto)
The Little Jerry – foto: divulgação
Pequenino e aconchegante, com espumas acústicas nas paredes e poucas mesas, o The Little Jerry foi inspirado no seriado Seinfield e faz a alegria dos audiófilos de Toronto, animados pelo som de DJs que frequentemente se apresentam na casa.
Rhinoçéros (Berlin)
O Rhinóceros, de Berlim, tem um conceito ideal para agradar o audiófilo. A casa tem apenas um toca-disco, dois monitores (as caixas de som) e somente discos de Jazz. As audições, portanto, são de disco inteiro: lado A, depois vira, lado B. Para apreciar a obra do começo ao fim. Os DJs, os proprietários Benedict e Martha, tomam conta da seleção apenas escolhem qual obra será ouvida para o público sedento.