Song Camp, idealizada pela União Brasileira de Compositores (UBC), juntou dez artistas em uma imersão criativa
Na véspera do Dia Internacional da Mulher, o primeiro capítulo da minissérie Song Camp – Por elas que fazem a música acaba de estrear no canal do YouTube da União Brasileira de Compositores (UBC). Capitaneado por Fernanda Takai, o projeto reuniu dez novas artistas brasileiras em um ambiente de formação e criação musical. O resultado você assiste gratuitamente, em quatro capítulos lançados semanalmente.
A ideia não é apenas dar a dez artistas a chances de criarem, gravarem e apresentarem sua música, mas também amplificar a mensagem através da série, e mostrar para um montão de garotas que elas também podem (e devem) fazer.
No Spotify, a presença feminina na música cresceu globalmente em 231%, e no Brasil, em 252%. Ótima notícia, mas ainda há muito o que fazer em busca da igualdade de gêneros no cenário musical brasileiro, principalmente no mundo dos compositores e seus direitos autorais.
Na entrada de grana, cascalho, bufunfa, a diferença de recebimentos entre homens e mulheres é gigantesca.
Fernanda Takai, vocalista do Pato Fu, com uma sólida carreira solo e diretora vogal da UBC, fala sobre a iniciativa:
“Um projeto como o Song Camp fortalece essa experiência entre mulheres, num ambiente seguro, afetuoso, com excelência técnica, mostrando que as diferenças entre cada uma delas, são seu maior trunfo! Belas canções surgiram, além de uma cumplicidade feminina plural”.
As dez participantes dessa inédita empreitada são Bruna Souza, Coral, Ju Lazuli, King Saints, Larissa Umaytá, Letícia Fialho, Lio Soares, Livia Nery, Luiza Brina e Nath Rodrigues, todas trazendo diversas origens, gêneros e histórias de vida para a mesa de criação. É delas que vai surgir a canção colaborativa Deixa Florescer, composta, produzida e gravada durante o song camp, e que será lançada junto do último episódio da série.
Dentre as diversas associações que reúnem compositores e intérpretes, a UBC é a que mais vem dando atenção ao tema, muito pelo fato de ser presidido por uma mulher. Desde 2015, a diva da black music Paula Lima é a diretora-presidente da união, que antes teve Sandra de Sá na cadeira. Lima e sua turma levantam uma bandeira que tem apoio de toda a sociedade. Nosso mercado musical, no caso das intérpretes, é formado por rainhas. Do rock, do axé, do samba, da música sertaneja e da MPB.
Por que, então, no mundo das compositoras, não é assim?
Em entrevista ao Music Non Stop, a pesquisadora Carô Murgel, responsável por um extenso trabalho de pesquisa e catálogo de compositoras brasileiras, explica que ainda vivemos na esteira do machismo vivido na primeira metade do século XX, era de ouro da venda de discos no mundo. “Mulheres registravam suas composições no nome dos maridos, com pseudônimos masculinos, por causa do preconceito, ou simplesmente não registravam.”
Claro, muitos avanços foram conquistados nas últimas décadas. Há, no entanto, ainda muito a fazer. E projetos como o Song Camp – Por elas que fazem a música, contribuem para a caminhada.
As datas dos episódios são as seguintes:
- 1º episódio: 07/03
- 2º episódio: 14/03
- 3º episódio: 21/03
- 4º episódio e lançamento de “Deixa Florescer”: 28/03