Rock and Roll Hall of Fame Museu do Rock and Roll Hall of Fame em Cleveland, Ohio, EUA. Foto: Reprodução

Afinal, o Rock and Roll Hall of Fame é sobre rock?

Jota Wagner
Por Jota Wagner

Confira 11 artistas nomeados para a instituição que não são do rock, mas são totalmente “rock’n’roll”

O que define o rock and roll? Um gênero musical filho do blues, marcado pela formação clássica guitarra, baixo e bateria que se desdobrou, ao longo dos anos, em uma miríade de subgêneros que se abraçaram com mais um monte de outras vertentes da música, como soul, reggae e música eletrônica? Ou uma atitude revolucionária, de contestação aos costumes conservadores do “sonho americano” de crescer, casar, hipotecar uma casa e ter filhos?

A resposta é difícil. Até hoje falamos em “atitude rock’n’roll”. Neste caso, estamos atribuindo ao termo uma forma de pensar, de agir… de viver. Recentemente, em meio à inescapável polêmica sobre “Rock in Rio não é rock”, a empresária e filha do dono do festival Roberta Medina defendeu tal tese, explicando que o festival “nunca foi rock” no sentido do gênero musical. Seu nome vem do comportamento. O mesmo pensa a produção do Rock and Roll Hall of Fame, uma galeria de celebridades da música que, ao contrário do que podem supor os puristas, nunca ligou muito para a exclusividade da vertente musical na escolha de quem seriam os artistas eternizados.

No último dia 19 de outubro, rolou mais uma edição do evento que, segundo os próprios organizadores, “honra um diverso grupo de artistas lendários que atravessam múltiplas gerações e gêneros musicais”. E a performance que encanta a todos e vira notícia nos dias seguintes comprova isso. A cantora Cher, do alto de seus quase 60 anos de carreira, convidou Dua Lipa para um dos shows no palco da cerimônia. Uma artista que, pelo seu posicionamento político e ativismo em causas sociais, é muito mais rock’n’roll do que um tanto de garotos de cabelo moicano por ai.

Cher não dispensa uma oportunidade de expor as agruras do mundo, principalmente quando sabe que está diante de uma audiência gigantesca. E não foi diferente. Aproveitou o palanque para dar uma bela espetada na desigualdade entre homens e mulheres na galeria. “Foi mais fácil passar por dois divórcios do que entrar aqui”, brincou ela, que também contou sobre como o maior hit de sua carreira, Believe, enfrentou uma gigantesca resistência da gravadora para ser lançado.

Celebrando Cher e a diversidade de vertentes musicais no Rock and Roll Hall of Fame, segue uma lista de membros da galeria que são super rock’n’roll, embora não façam música dentro do estilo!

Kraftwerk

Os únicos representantes da música eletrônica até hoje

Run D.M.C.

Hip-hop chegando com os dois pés na porta na cerimônia

Donna Summer

A rainha da disco music na galeria de honra

Beastie Boys

“Eles nos ensinaram como é fazer um bom show” — Chuck D

ABBA

Reis suecos da música

Bob Marley

O cara que mudou o mundo através do reggae

DJ Kool Herc

O DJ dos DJs na galeria da fama

James Brown

O maior rockstar da história do funk

Miles Davis

Godfather do jazz, mais rock’n’roll do que todos os outros

Nina Simone

“Tudo o que ela cantou, cantou do seu jeito” — Mary J Blige

The Staple Singers

A voz do soul, atitude e luta

Jota Wagner

Jota Wagner escreve, discoteca e faz festas no Brasil e Europa desde o começo da década de 90. Atualmente é repórter especial de cultura no Music Non Stop e produtor cultural na Agência 55. Contribuiu, usando os ouvidos, os pés ou as mãos, com a aurora da música eletrônica brasileira.