Robert Downey Jr Foto: Reprodução/Getty Images

Premiado no Critics Choice Awards, Robert Downey Jr. fez público gargalhar com suas críticas negativas

Jota Wagner
Por Jota Wagner

A Critics Choice Association já desceu o pau no ator em diversas resenhas — e ele não se esqueceu disso

Na última edição do Critics Choice Awards, realizada no domingo (14), Robert Downey Jr. levou o prêmio de Melhor Ator Coadjuvante, pelo filme Oppenheimer. Sob aplausos, subiu ao palco para receber o troféu, pela interpretação que fez ao lado de Cillian Murphy, dirigido por Christopher Nolan.

O ator, no entanto, fugiu do óbvio em seu discurso de agradecimento, dando um tapa com luva de pelica nos profissionais que agora o premiaram.

“Eu adoro os críticos” disse, em tom altamente sarcástico. A abertura do discurso arrancou gargalhadas da plateia, em grande parte formada por seus colegas de profissão. Mas Downey não por aí. Tirou do bolso do paletó um papelzinho, e tratou de matar, rapidamente, a curiosidade de todos.

“Anotei aqui algumas críticas que recebi de vocês”, disse, preparando o público para o que estava por vir. A partir daí, não houve quem contivesse o riso.

“Lento e preguiçoso”, leu, em uma das primeiras críticas que recebeu, dos mesmos que ali lhe premiavam. “Pee Wee Herman saindo de um coma” foi a próxima espetada que recebera na carreira. “Uma intricada perda de tempo”, em mais uma.

A partir deste ponto, Downey estava divertindo tanto seus pares — lembrando que a categoria em que venceu foi uma das primeiras da noite — que não havia espaço nem mesmo para constrangimento.

A cartada final veio com uma crítica que atravessou todas as barreiras do bom senso. Sua atuação foi classificada como “divertida como um peido em um quarto trancado”.

A coleção de críticas negativas a Downey Jr. vem acompanhada de indicações a Óscar e outros prêmios. Normal, dada sua extensa filmografia e o trânsito entre filmes mais elaborados, como quando interpretou Charles Chaplin (1992), às comédias e blockbusters inspirados nos quadrinhos, casos de Trovão Tropical e Homem de Ferro.

Adicione a isso uma vida pessoal regada a prisões por uso de drogas e temos um prato cheio, tanto para deleite dos críticos, quanto para oscilações na qualidade das atuações.

Oppenheimer é um dos grandes candidatos a uma boa quantidade de indicações ao Óscar, includindo Robert, novamente, como ator coadjuvante.

Se a estatueta vier, o discurso de agradecimento deverá acontecer mais alinhado com o padrão da cerimônia, uma vez que o artista já destilou seu sarcasmo aos críticos no CCA.

Jota Wagner

Jota Wagner escreve, discoteca e faz festas no Brasil e Europa desde o começo da década de 90. Atualmente é repórter especial de cultura no Music Non Stop e produtor cultural na Agência 55. Contribuiu, usando os ouvidos, os pés ou as mãos, com a aurora da música eletrônica brasileira.