1º dia do Lollapalooza 2024 foi marcado por chuva, frio e fãs fiéis em todos os palcos
Shows de Arcade Fire, Blink-182, The Offspring e Jungle foram alguns dos destaques
Com a colaboração de Flávio Lerner e Vitória Zane
A sexta-feira no Lollapalooza Brasil foi marcada por grandes shows e muita chuva. Desde a abertura dos portões, a garoa não deu trégua e acabou gerando muitos pontos de lama pelos gramados do Autódromo de Interlagos.
Depois de uma semana com calor acima da média, a temperatura caiu bem em São Paulo, e conforme a noite chegava, o frio se tornava mais intenso. Mas nada disso impediu que o povo curtisse o evento, pois quase todo show estava arrebatado de grandes fãs dos respectivos artistas.
O primeiro grande aglomeramento rolou durante o show de Luísa Sonza, no palco Samsung Galaxy. A cantora passou por seus dois álbuns, Doce 22 e Escândalo Íntimo, misturou pop com funk e entregou uma performance marcada por fortes coreografias. De zero a cem em segundos, Luísa se mostrou versátil em diversas facetas, como em Penhasco e Anaconda.
Dedicado aos DJs e lives eletrônicos, o Perry’s by Johnnie Walker teve ótimas apresentações, começando com a francesa Kittin, que trouxe seu electro repaginado agora para um techno mais pesado. Quando cantou Frank Sinatra, seu hit icônico, a plateia cantou junto.
Mais tarde, no mesmo palco, o americano Diplo assumiu uma pista já deixada quente pelo australiano Dom Dolla. O DJ mostrou todo o seu amor pelo Brasil tocando muitos hits do seu catálogo e, claro, adicionando funk no set, que teve MC Lan como convidado especial.
Marcelo D2 propôs um som cheio de misturas no Palco Alternativo. Misturando o rap com o samba e valorizando a música negra, ele entregou irreverência, com direito a Maneiras, de Zeca Pagodinho.
No Samsung Galaxy, o Jungle fez uma das performances mais esperadas e celebradas da tarde. Com seu soul eletrônico, o duo/banda mandou um show que mais parecia um DJ set em um warmup elegante, que foi sutilmente escalonando em nível de calor e energia. A vibe chuvosa e fria não combinava em nada com o som do projeto britânico, quente e ensolarado — o que não impediu a galera de mexer os quadris em um belo espetáculo.
De volta ao Palco Alternativo, o BaianaSystem mostrou sua fusão de hip-hop, rock e música eletrônica, muito marcada pela guitarra baiana, instrumento imortalizado por Armandinho. O som do grupo traduz a cena cosmopolita de Salvador, certamente a cidade de onde saem atualmente as grandes novidades musicais do Brasil. Debaixo de chuva, a banda trouxe uma verdadeira bênção a quem não arredou pé.
Do outro lado do Autódromo, o Offspring fez um show tecnicamente perfeito, regado a hits. O grupo explorou com maestria o setlist, lotando o palco Budweiser em plena chuva. Foi hit atrás de hit e deu tempo até de tocar Blitzkrieg Bop, dos Ramones. Mas o que vai ficar na memória é o coro da galera cantando Pretty Fly (For a White Guy).
Enquanto isso, The Blaze trazia seu french touch repaginado ao rolê. Filhote de Daft Punk e Cassius, a dupla francesa fez uma apresentação chique, criando atmosfera houseira imersiva com seus vídeos caprichados rolando no telão.
Um dos grandes shows da noite foi protagonizado pela banda canadense Arcade Fire. Sob acusação de ter cometido crimes sexuais contra quatro pessoas, o vocalista Win Butler sabia que teria que entregar mais do que um show de alto nível; teria que entregar carisma. E assim foi.
Em um dos shows com a maior sintonia entre público e artista do primeiro dia deste Lollapalooza 2024, o grupo canadense mostrou que continua em ótima forma e por que é uma das maiores bandas deste século — leia o review completo aqui!
Em seguida, a apresentação mais aguardada da noite: o Blink-182 fez, enfim, sua primeira apresentação no Brasil. O setlist não fugiu muito do que haviam apresentado nas demais edições do Lolla pelo continente, mas o nosso país foi agraciado com Always, hit que não tocam com frequência. Leia o review completo aqui!
As ativações de marcas, mais uma vez, acabaram se tornando quase parte do line-up. Várias, como a da Coca-Cola e a do McDonald’s, tinham filas enormes durante todo o dia. Fosse para pegar brindes ou apenas para tirar uma foto bonita para o Instagram, as pessoas gastaram tempo com elas, o que deve ter deixado patrocinadores felizes. A experiência do público, porém, foi prejudicada por algumas delas, que deixaram vazar som alto para os palcos.
Se os shows foram grandiosos, nos gramados se repetiu a grande reclamação do público quando a água persiste em Interlagos: poças, buracos e chão deslizante geraram tombos e muita lama. Pois é, a chuva parece que veio que pra ficar.