Randy Travis Randy Travis. Foto: Reprodução

O futuro chegou: música com voz criada por IA entra em chart da Billboard

Jota Wagner
Por Jota Wagner

Where That Came From, de Randy Travis, alcançou o 45º lugar do ranking de country da revista. E ele não cantou uma só frase!

Pouco a pouco, a chamada Inteligência Artificial vai rompendo barreiras e deixando músicos e produtores musicais arrepiados. Nesta semana, uma música feita com os recursos da nova tecnologia bateu o 45º lugar no chart de música country da Billboard (que ranqueia as canções de maior sucesso comercial do momento). Trata-se da canção Where That Came From, com vocais regenerados do cantor Randy Travis.

Travis fez bastante sucesso no universo country americano a partir dos anos 80, e sofreu um ataque cardíaco em 2013, que comprometeu gravemente sua voz, interrompendo sua carreira artística. A ideia de lançar uma nova música partiu de uma conversa entre sua esposa, Mary, e a presidente da gravadora Warner Nashville, Cris Lacy. Com a anuência do cantor, a turma encomendou uma nova canção para os compositores Scotty Emerick e John Scott Sherrill, e enviaram para um estúdio de Londres dezenas de arquivos com gravações de vozes originais de Randy.

Ainda é cedo para saber se a triste história de Randy Travis contribuiu para o sucesso da música no ranking da Billboard. Mas uma coisa parece certa: o público não se importa muito se os elementos da música são “reais” ou criados por uma máquina. O que interessa, mesmo, é o resultado final.

De qualquer forma, as portas da revista estão definitivamente abertas para a IA. Mas, e o resultado? Como ficou a versão da música de Randy Travis sem Randy Travis? Produtores e músicos experientes podem realmente notar algo plástico ou artificial, conhecendo o trabalho do cantor. Ao grande público, no entanto, a diferença não é perceptível.

Artistas do mundo inteiro têm se movimentado, com moções e protestos, pedindo uma rápida regulamentação para o uso da tecnologia de Inteligência Artificial. A classe teme que pessoas mal intencionadas lancem músicas com elementos recriados sem dar o crédito e pagar os direitos autorais às fontes originais de uma voz, por exemplo. Não é o caso de Randy Travis, que aprovou, ouviu e gostou do resultado final.

Jota Wagner

Jota Wagner escreve, discoteca e faz festas no Brasil e Europa desde o começo da década de 90. Atualmente é repórter especial de cultura no Music Non Stop e produtor cultural na Agência 55. Contribuiu, usando os ouvidos, os pés ou as mãos, com a aurora da música eletrônica brasileira.

× Curta Music Non Stop no Facebook