Uma lição sobre humildade com Pharrell Williams e o Daft Punk
Novo capítulo da série Memory Tapes, do Daft Punk, com os colaboradores do álbum Random Access Memories, tem o artista americano como protagonista
É bastante comum que um grande patamar de sucesso suba à cabeça de uma pessoa. Pharrell Williams, entretanto, mostrou um grande grau de humildade no novo vídeo da série Memory Tapes, do Daft Punk, que traz cenas de bastidores da criação do álbum, gravadas nos Henson Studios (Los Angeles) e Gang Studios (Paris), e entrevistas com os ilustres artistas colaboradores.
Neste sexto capítulo, a voz por trás de Get Lucky e Lose Yourself to Dance falou dos bastidores da produção, revelou como conheceu “os robôs” — e o quanto aprendeu com eles —, disse que achava estar apenas compondo uma música para outro artista e trouxe uma verdadeira reflexão sobre ego e quem somos no universo, ao final das contas.
No vídeo de oito minutos, ainda é possível ver cenas inéditas de quando Williams se emocionou ao ouvir Get Lucky, no seu aniversário (com direito a traje de gala e tudo), um ano depois das gravações.
Confira o vídeo abaixo, em inglês, e na sequência, uma tradução ao português dos melhores momentos, feita pelo Music Non Stop.
“Quando coisas monumentais acontecem, às vezes me passa despercebido, porque estou tão envolvido e tão presente no momento — e você poderia achar que isso lhe daria todos os detalhes do mundo, mas faz exatamente o oposto para mim. Eu me perco no momento.”
“Nós [The Neptunes, duo de música eletrônica de Pharrell e Chad Hugo] conhecemos o [DJ e produtor francês] Busy P, ele que nos apresentou [ao Daft Punk] e ofereceu a oportunidade de remixarmos Harder, Better, Faster, Stronger. A música deles sempre teve um tipo de brilho diferente, mas eu apenas me lembro de fazer esse remix e de me sentir grato pela oportunidade.”
“Trabalhar com eles é muito mágico, porque eu sinto que nós vemos a música da mesma maneira: um presente que é nos dado para conectar com as pessoas, e libertá-las. Quando você conhece alguém que realmente entende isso, então vocês se conectam e essa vira uma missão em comum.”
“As pessoas falam em encontro de mentes, mas nesse caso, foi como um encontro de espíritos. Nós éramos diferentes, mas eu sempre os vi como espíritos animais, que eram robôs. Sabe, quando eu os chamo de robôs… Não é em referência ao que eles vestem ou como se apresentam, mas ao que eles realmente são. Eles realmente são robôs.”
“Pra mim, sempre foi, tipo, eu vou lá [gravar no estúdio] e assim que eu curto o resultado, eu paro. […] Eu nunca fui atrás de aperfeiçoar [o que eu fazia]. […] [Com o Daft Punk foi:] ‘Ok, legal, grave de novo. E de novo. E de novo. E de novo’. Nós gravamos várias e várias vezes. […] Foi isso que aprendi trabalhando com os robôs. Agora eu entendo o valor disso, de apenas deixar o tempo agir. [A música] pode ser perfeita. Essa é a diferença entre um ser humano e um robô.”
“Quando terminamos, eu não sabia quem ia cantar [na música oficial]. Saí do estúdio achando: ‘ok, mal posso esperar pra ver quem vai cantar e como vai ficar’. Fiquei tipo um ano sem ouvir [o que fizemos], então eu nem me lembrava mais do som. […] Então, quando eu escutei, eu fiquei tipo: ‘puta que pariu, isso é muito bom!’.”
“Como humanos, todos nós somos egocêntricos até certo ponto. Muitos sentimos que o nosso sucesso veio do nosso planejamento e da nossa execução, e não percebemos que há tantos outros fatores. Foram os robôs, não fui eu. Eles tocaram a faixa e me pediram para escrever algo sobre ela. Tive a sorte de fazer parte dessa jornada. Isso me deixou mais humilde. Devemos nos lembrar de que somos parte do universo. Nós não o governamos. Este é o filme de Deus. A única coisa que você pode fazer é cumprir o seu papel, estar onde deveria estar na hora certa, para não desperdiçar a sua vida.”
Nos últimos segundos do vídeo, a entrevistadora pede que o músico se apresente.
“Meu nome é Pharrell Williams… e eu sou um cara de sorte.”
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