Pet Shop Boys Foto: Reprodução

Dane-se o novo! 15º álbum do Pet Shop Boys traz mais de sua cafonice gostosa

Jota Wagner
Por Jota Wagner

Divertido e sem grandes pretensões,”Nonetheless” chegou na última sexta-feira, 26

Na última sexta-feira (26), o Pet Shop Boys lançou seu 15º álbum de inéditas. O que ouvimos é o mesmo som de sempre, que os levou a figurarem na edição de 1999 do Guinness World Records como a mais bem sucedida banda da indústria musical britânica até então, com mais de 50 milhões de discos vendidos. Nonetheless, bora de spoiler, é um LP bastante gostoso!

De cabo a rabo, Neil Tennant admite que está cansado nas letras. Chris Lowe faz o mesmo, valendo-se dos mesmo timbres e arranjos que fizeram a cabeça dos fãs da banda em décadas anteriores. Nas dez faixas, o arranjador e tecladista do Pet Shop Boys ignora totalmente as novas tecnologias na produção de batidas e sons. Cristaliza-se no passado, dando a impressão de que ainda usa os mesmos sintetizadores de quando a banda começou, lá em 1981.

Tennant, em completa sinergia com o parceiro, cita o “novo” em várias canções, sempre deixando claro não pertencer à sua história. Eles se colocam como observadores do presente. Outro sentimento também bastante presente é a solidão. Apesar de ser um disco dançante, bom de passinho, são letras tristes, de relacionamentos furados de tal forma que não há a menor possibilidade de retorno.

O Pet Shop Boys sempre se equilibrou em uma linha que separa a diversão e a cafonice. Há uma pobreza em suas melodias que faz com que pareçam estar correndo atrás de um de seus hits do passado. No entanto — e ao mesmo tempo —, tais características fazem com que o duo inspire uma certa afetividade. Um direito de nos desprender do desespero de estar sempre procurando o novo, o surpreendente, o transgressor. Aquela sensação libertária de tomar umas a mais e dançar sem se preocupar com quem está olhando.

Em Bullet for Narcissus, nona faixa de Nonetheless, Tennant e Lowe atingem o pico de criatividade, justamente na música mais clubber. A letra é o melodrama de sempre, desta vez com a dupla reclamando sobre as falsianes que encontramos por aí. Mas há várias outras que poderão, o tempo dirá, estar entre as mais amadas da história da dupla, como a ótima Why am I dancing?. Músicas que merecem, e muito, estar nos shows da dupla. E como os dois já estiveram no Brasil em 2023, talvez demore para que possamos conferir.

Uma pena. Teria sido muito legal se o Pet Shop Boys tivesse esperado um aninho a mais para vir ao Brasil. Nonetheless é um disco divertido de uma banda que sabe o que seus fãs querem. Que se dane o novo!

Jota Wagner

Jota Wagner escreve, discoteca e faz festas no Brasil e Europa desde o começo da década de 90. Atualmente é repórter especial de cultura no Music Non Stop e produtor cultural na Agência 55. Contribuiu, usando os ouvidos, os pés ou as mãos, com a aurora da música eletrônica brasileira.

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