Prestes a voltar ao Brasil, Patti Smith celebra 78 anos de idade
Lenda do punk e da poesia retorna ao Brasil para apresentar o projeto Correspondences, ao lado do Soundwalk Collective
Feliz aniversário, Patti Smith! Parabéns pelos 78 anos na missão de adicionar inteligência à música pop. Desde que apareceu para o mundo em 1975, com o lendário disco Horses, a ex-hippie e inventora do punk apaixonada por livros segue na linha de frente da música e da literatura. A melhor notícia é que já no comecinho de 2025, dias 29 e 30 de janeiro, poderemos vê-la ao vivo em São Paulo.
A diva se apresentará no aconchegante Teatro Cultura Artística ao lado de sua banda Soundwalk Colletive. Sua música mescla a intensa vida que teve, em que chegou a dormir em bancos de praça em Nova Iorque nos anos 70, com a gigantesca presença literária, como autora e consumidora. Smith vai tocar o repertório de seus 14 álbuns de estúdio, com destaque para o mais recente, Peradam, de 2020.
Impactante e revolucionária, a garota que tirou Jesus da reta em seus primeiros shows em casas como Max Kansas City e CBGB (“os pecados são só meus, não seus”, já cantava na intro de Gloria, um de seus grandes sucessos), já esteve no Brasil em 2006 e 2019. Volta ao país para consolidar sua relação com a cidade de São Paulo e, claro, aplacar a saudade dos sortudos que estarão no Cultura Artística para vê-la.
Segundo o comunicado de imprensa divulgado sobre o novo show — chamado Correspondences, projeto desenvolvido há uma década com o Soundwalk Collective —, os artistas percorrem o mundo e atravessam paisagens para explorar caminhos sonoros deixados por poetas, cineastas e revolucionários, buscando despertar memórias sonoras que traduzem a relação com o mundo e o meio ambiente, e o processo criativo do artista. A performance une sons, poesia e projeções.
Patti Smith é a personificação da menina que resolveu “viver da arte” e se tornou uma referência desde o mais ferrado pintor de quadros até o miçangueiro que estende seu tapete na calçada de Caraguatatuba. Em 1969, foi com a irmã para Paris, onde se apresentava em ruas e praças para descolar uns francos e comprar comida. De volta a Nova Iorque, morou na rua, em espeluncas pestilentas ao lado de viciados e marginais, antes de se mudar para o lendário Chelsea Hotel, espécie de hostel cósmico povoado com a nata cultural da cidade.
Em 1883, o hotel foi assumido por Stanley Bard, que aceitava o pagamento dos alugueis em quadros e manuscritos dos artistas. Tudo, claro, virou materia prima para a irretocável poesia de Smith, bem como sua autobiografia Só garotos, vencedora do National Book Award em 2010.