Bruno Mars Imagem: Reprodução/YouTube

Marketeiro? O segredo de Bruno Mars para se tornar o maior artista de sua geração

Jota Wagner
Por Jota Wagner

Músico havaiano volta ao Brasil para shows no Rio, em São Paulo e Brasília

Peter Gene Hernandez, que o mundo conhece como Bruno Mars e os brasileiros como o simpático Bruninho, coleciona números e feitos impressionantes. O garoto nasceu em cresceu em Honolulu, no Havaí, e se mudou para Los Angeles depois de conseguir um contrato com a icônica gravadora de soul Motown. Um contrato curto, de “teste”. Mas ainda assim, com o respeitado selo de música negra do mundo.

Foi o músico mais jovem a estrelar o intervalo do Super Bowl, a maior audiência da televisão estadunidense, com 28 anos. Hoje, uma década depois, é o mais bem sucedido artista da história em vendas.

Qual seu segredo? Aparentemente, apenas ser o maluco mais boa praça da quebrada. E, claro, fazer com que todos saibam disso através das redes sociais. Bruno Mars começou a subir no palco em shows da banda de seus pais aos quatro anos de idade. Desde então, nunca mais deixou de se apresentar e, pasme, segue estudando teoria musical e instrumentos até hoje.

Habitante do país que se autointitula “a polícia do mundo”, conhecido por um certo desprezo pela geografia internacional, Mars jogou contra a má fama (muitas vezes injusta) dos americanos e adotou, em sua carreira, um comportamento de profundo respeito por seus fãs e, principalmente, pela cultura dos países que visita.

Bruno volta ao Brasil em outubro, para shows em Brasília, São Paulo e Rio de Janeiro. Os ingressos se esgotaram em 45 minutos e os fãs daqui pedem desesperadamente por datas extras. O artista está colhendo o que plantou. O vídeo que fez em agradecimento aos brasileiros por sua última passagem pelo país, chamado de Come to Brazil (Bruninho Theme Song), teve mais de 50 milhões de visualizações e gerou, em sua imagem, uma unanimidade: o moleque é gente boa demais.

A peça audiovisual é um extrato de como o artista e sua equipe lidam com os fãs de nacionalidades diferentes. Vemos um rapaz com camisa da seleção e bermuda caminhando pelas ruas de São Paulo e Rio de Janeiro, sozinho com um pau de selfie, brincando com quem cruza pela rua e dançando (coisa que faz muito bem). Viralizou. Conquistou os brasileiros e o resultado retornou rápido, com ingressos esgotados. Mas a “estratégia de comunicação” não parou por ai. Cantou em português e usou termos como “oi sumida” e “gatinha” nos shows.

Para desespero de fãs mais ciumentos, no entanto, Mars não é monogâmico quando o assunto é conquistar países. O artista repete a fórmula por onde passa. No (também divertisíssimo) vídeo de agradecimento por sua passagem pelo Japão, Bruno corre pelas ruas de Tóquio imitando Naruto, usa chapéu do Pokémon, vira litros de saquê, come lámen e se diverte em uma casa de videogames.

 

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Em sua passagem pelas Filipinas, filmou-se ensaiando com a banda músicas, mudando a letra para o idioma local. O mesmo aconteceu na Coreia do Sul, Bangcoc, México… Uma máquina de encantar fãs.

Os vídeos que divulga por aí não são somente de ações orquestradas, como os exemplos acima. Em uma espécie de coletiva de imprensa para crianças em que participou nos Estados Unidos, um garoto o confundiu com Justin Bieber. De cara fechada, Mars arrancou gargalhadas da plateia: “quem te mandou aqui, e para quem você trabalha?”.

Então, pediu ao pianista que o acompanhava para tocar um pedaço de uma música de Bieber e cantou junto. Provando que tem uma equipe com propósitos alinhados, o outro músico da banda no palco se levantou e começou a dançar, imitando os dançarinos do rival.

@memesbrunomarss E a criança que confundiu o Bruno Mars com o Justin Bieber? Kkkkkkkkkk 📷 vídeo de 2011 do canal 961NOWsa #brunomars #justinbieber #brunomarschallenge #brunomarsfans #brunomarssongs #brunomars24kmagic #brunomarsedits #brunomarslive #explore #brunomarsbrasil #brunomarsjapan #brunomarsargentina #brunomarsphilippines ♬ som original – memesbrunomars

A naturalidade e o jogo de cintura, além do ótimo uso de seus tentáculos virtuais, viraram um caso de sucesso, dixavado em dezenas de matérias sobre comunicação, marketing e administração de empresa em veículos especializados ao redor do mundo. Especialistas analisam sua estratégia e recomendam, na forma de lições, para empresários e influenciadores que querem fazer suas marcas crescerem no ambiente virtual.

Obviamente, é mais difícil para um frasco de detergente ou uma rede de postos de gasolina conseguir um engajamento comparável a um artista que, ainda garoto e fã de Elvis Presley, aprendeu que shows existem para impactar. Mas as lições estão ali. E seu segredo, revelado: ser um cara genuinamente boa onda.

Jota Wagner

Jota Wagner escreve, discoteca e faz festas no Brasil e Europa desde o começo da década de 90. Atualmente é repórter especial de cultura no Music Non Stop e produtor cultural na Agência 55. Contribuiu, usando os ouvidos, os pés ou as mãos, com a aurora da música eletrônica brasileira.

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