Streamings de drum’n’bass cresceram em 94% nos últimos 3 anos no Reino Unido
Redes sociais, bikes e uma nova geração de artistas vêm reinventando o famoso gênero acelerado e de batidas quebradas
Após o fim da pandemia, o drum’n’bass voltou com tudo. Segundo relatório do Spotify [via Mixmag], desde 2021, faixas do gênero registraram um aumento de 94% de plays na plataforma, no Reino Unido. Uma grande parte da responsabilidade por esta renovação veio justamente de DJs que têm a galera mais nova em sua base de fãs. Muita gente, inclusive do cenário de EDM, têm incluído faixas do estilo em seus sets.
As bicicletas e o TikTok também ajudaram. Uma espécie de movimento mundial acontece neste momento, criado pelo DJ Dom Whiting, que se filma andando de bicicleta e discotecando drum’n’bass (ao mesmo tempo), enquanto um monte de gente o segue pelas ruas. O som é sempre drum’n’bass, e a ideia vem sendo replicada em cada vez mais cidades (incluindo São Paulo, com o DJ Jubas). Tudo vai para o YouTube e a festa móvel dá uma baita reverberação ao gênero.
Há anos um dos principais divulgadores de novas músicas, artistas e tendências, o TikTok também deu sua ajudinha, como não poderia deixar de ser. É por lá que novos grupos que misturam drum’n’bass e música pop andam viralizando, como Yas, Take Van e oOo. beachin, de piri & tommy, é um belo exemplo de como artistas da Geração Z vêm se apropriando do gênero.
Dentre todas as vertentes da música eletrônica, o d’n’b foi a em que os brasileiros mais reinaram. Uma geração de ouro entrou no século XXI conquistando o mundo através da técnica apurada de DJs como Marky e Andy, e um baita talento de produtores como Xerxes, Patife e Drummagick, para citar somente alguns. Grandes nomes ingleses do “drumba” batiam ponto por aqui, e essa cena tinha um sabor especial. Conversava com a quebrada, grande impulsionadora de suas festas.
Tanto que, foi justamente o preconceito de classe o responsável por dar uma bela alijada no cenário drum’n’bass, principalmente em São Paulo. Na época, clubes da região central de São Paulo torciam o bico para o público que os DJs levavam em suas festas. A velha estrutura de castas venceu, e as festas com as batidas rápidas e quebradas foram sumindo das programações. Um tremendo desperdício de talento.
Hoje, a música da quebrada invadiu de vez as festas e clubes brasileiros (graças a Deus). Quem sabe a nova geração não traz o drum’n’bass a reboque? Movimento que já está acontecendo na Europa, onde a definhação do cenário foi um pouco diferente. Na entrada da década de 2010, a cena sofreu uma invasão de uma nova música, mais lenta e soturna, o dubstep, e muita gente chegou a dar a extrema unção ao gênero, acusando-a de não se renovar. Só esqueceram de avisar a molecada.
Novos produtores encontraram no drum’n’bass elementos para trazer algo diferente para sua música. Afinal, jovens de 16 a 18 anos nunca sequer haviam ouvido suas batidas rápidas e cativantes, com um tempero acelerado e meio surreal, bastante alinhado com este momento mezzo digital, mezzo real em que vivemos hoje em dia. A todos os envolvidos, muito obrigado. Drumba é legal pra caramba!