Marcelona é um fundamentos clubber! Entrevistamos a belíssima hostess e dividimos esse conhecimento com você

Claudia Assef
Por Claudia Assef

Ela fez parte de uma banda (a punk-clubber Disk-Putas) nos anos 90, teve coluna em sites e revistas descoladas, tem um guarda-roupa escândalo, é dona de uma coleção divida de bonecas Barbie, fez performances inesquecíveis como a famosa Sei Belíssima e esteve envolvida em todos os principais fervos da noite de São Paulo desde meados dos anos 80. Marcelo Ferrari, aka Marcelona para quem é da noite e da moda, é um fundamento clubber equivalente ao Book 1 de um curso de inglês. Não dá pra ir adiante no conhecimento de noite sem saber sobre as “coisas de Marcelle”, aproveitando pra fazer um trocadalho com o nome de seu eterno blog.

MARCELONA RECEBE AS EUROPÉIAS @ CLUBE GLÓRIA

Marcelona é a cara da noite de São Paulo. Belíssima, fashionista, engraçada, viajada, européia (piada interna entre as montadas), conhecedora de música, antipaticona quando necessário, mãezona canceriana pros amigos e, à certa altura da noite, dona de um dialeto indecifrável, que normalmente inclui palavras em italiano, pajubá e termina com “caralho”.

Faz tempo que Marcelo Marcelle Marcelona está na mira da coluna #MillerMusic e finalmente chegou a vez de você se deleitar com suas histórias. Dá o play na faixa Tree Frog, a música do sapo muito antes de o Crazy Frog existir, e parte pra deliciosa entrevista com the one and only Marcelona.

HOPE – TREE FROG

Pois então, vamos lá, mores! Tô pronta! Pode mandar a primeira pergunta, mona.

Music Non Stop – Quando você começou a sair à noite? Conta o começo da sua vida clubber como foi.

Marcelona – Com uns 13, 14 anos ia nas matinês, existiam várias discotequinhas na época! De mais babado, ia no Banana Power, ali na avenida São Gabriel, Aquarius, na rua Rui Barbosa, no Papagaio’s do Calcenter – falsifiquei toscamente a carteirinha da escola pra tentar entrar no começo… Foi lá que vi e ouvi a superDJ Sonia Abreu arrasando na cabine suspensa do lugar! Tinha também o “mingau” do clube Paulistano e o do Palmeiras, que eu fui umas duas vezes!

Senta, mores, vou contar meus 30 anos de história na noite enquanto tomo meu Segafredo italianíssimo

Music Non Stop – Qual foi o primeiro disco que você comprou? E o último?

Marcelona – Não foi disco, foi fita cassete! Tinha todas as coletâneas da K-Tel e as trilhas gringas de novela… Bom, isso em 1912, né? O último não tenho idéia…

Music Non Stop – Você tem uma coleção de bonecas barbie raras. Como e quando começou a colecionar?

Marcelona – Isso foi um trauma de criança, pois eu frequentava um clube da colônia britânica e tinha muita gente de fora! Ficava louco com as Barbies das meninas americanas rs! Aí, já adulto, ganhei uma ou outra das amigas que tinham brincado, e comecei a arrasar na internet. Elas são muito chiques, da década de 1960 (aceito doações dos fundos dos baús e sótãos)!

“Nossa mamãe não é linda?”. Algumas das muitas filhas de Marcelle

Music Non Stop – Quando você se montou pela primeira vez, onde você foi, como as pessoas reagiram?

Marcelona – Montar, montar mesmo, de por salto e saia pra sair inteira de mulher pra ir na boite foi na Val Shows, onde tinham as travestis que eu adorava, no Centro de São Paulo! Mas já fazia produções exotiquinhas antes disso…

Segura esta close: a hostess Katia Miranda e Marcelona só nas grifes

Music Non Stop – Você já fez porta em muitos lugares clássicos da noite. Pra quem quiser começar a trabalhar como hostess, é bom saber que…

Marcelona – … é um trabalho, antes de qualquer coisa, e você está lá para fazer a casa ganhar dinheiro, ajudando da melhor maneira possível a entrada dos clientes! Hoje em dia a função meio que ficou limitada a checar nomes de listas quilométricas e não dá nem tempo de olhar pra cara das pessoas. Outros tempos, né? Os promoters têm que mostrar serviço então enchem as listas para as casas encherem, mas eu penso que quantidade nao é qualidade. Não adianta encher de gente que não paga pra entrar e não consome.

Este rostinho maravilhoso não é autolimpante, né? Marcelona se cuida.

Music Non Stop – Quem são seus DJs preferidos?

Marcelona – Poxa vida são tantos…acho que que qualquer um que não toque divas pop e essas coisinhas, kkkkkkk!!! Brincadeira, mas gosto de muitos, temos o Magal, o Corelli, o Vermelho

Marcelona com Corelli (esq) e Felipe Venancio: toda quarta o trio arrasa na festa Toilette, no Jerome Club

Music Non Stop – Qual foi o seu clube preferido e por quê?

Marcelona – O Rose Bom Bom, só tinha gente bacana, música incrível…muitas lembranças maravilhosas (caiu uma lágrima aqui, kkkk)! Lá era o lugar! Sempre tocou coisas que não tocavam em outros lugares, todas as bandas em turnê nacional passavam por lá. As modelos, os ricos e famosos frequentavam, quando isso era bacana e não jeca como hoje. No último período, eu fazia os flyers, então não saia nunca de lá. Na época, eu fazia os flyers usando past up [um processo parecido com colagem] e depois eles eram impressos em gráfica off set.

  
Music Non Stop – Você é frequenta o mundo da moda, tem muitos looks absurdos. Qual é a conexão entre moda e noite pra você?

Marcelona –  Cresci nos anos 1970, na explosão da era disco, e tinha aquela fantasia das pessoas irem maravilhosas para os clubes, era um evento! No próprio Rose tinham pessoas absurdas, na Nation, depois, montagens extravagantes… tinha as revistas importadas onde podíamos ver as fotos e looks das festas! Com a internet ficou fácil saber de tudo o que acontece e comprar qualquer coisa pra usar, mas, mesmo assim, no geral rola uma caretice que, olha… Mas temos muita gente incrível e linda circulando por ai!

A DJ Leiloca Pantoja e Marcelona: montadas e perigosas

Music Non Stop –  Você está toda quarta na Toilette, no Jerome, a noite virou uma febre. O que você acha que fez esta noite pegar?

Marcelona – O clube, os DJs residentes, drinks bons em copo de vidro e eu convidando, é claaaaaaaaaro!!!!! Gargalhadas…

Music Non Stop –  Lembro (de flashes) da sua sala vip na Level. Cite alguns clássicos da sua carreira de que você tem saudade.

Marcelona – Porta e sala VIP do Lov.e, a sala da própria Level, o aniversário da Sérgio Kalil (rip), onde eu dei uma voltinha linda e loira em cima de um cavalo cenográfico gigante movido por boys enormes, as performances no Pix…

Marcelona tem saudades das festas de Sergio Kalil, e das salas VIPs dos clubes Lov.e e Level

Music Non Stop – Tem vontade de voltar a ter uma coluna?

Marcelona – As vezes tenho, mas aí só de pensar em prazo e que vou ter que estar inspirado pra escrever algo bacana já me brocha. Fora que minhas coisinhas são tão particulares que acho que só meia dúzia de pessoas iria entender, ou achar graça etc.

Marcelona trabalhou com Erika Palomino no site da jornalista e na revista da SPFW

Music Non Stop – Agora que tanta gente fazendo performance… você não vai fazer mais?

Marcelona – Não, né, preguiça…deixa elas arrasarem!

Music Non Stop – Precisa ser nervosa/brava pra ser uma boa hostess?

Marcelona no Gloria, circa 2007, com Allison Ghotz vestido de TV

Marcelona – Muito pelo contrário, muita calma! Mas a gente tá falando de um ser que recebe as pessoas, sabe quem é quem e agiliza o funcionamento das coisas ou é só pra checar o nome de centenas de pessoas que confirmaram presença em evento de Facebook?

Music Non Stop – Três músicas que não podem faltar no seu after….

MarcelonaFrom Here to Eternity, do Giorgio Moroder, Hope, Tree Frog e Silent Mornig do Noel. Eclética, né, more?

Giorgio Moroder – From Here To Eternity

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Claudia Assef

https://www.musicnonstop.com.br

Autora do único livro escrito no Brasil sobre a história do DJ e da cena eletrônica nacional, a jornalista e DJ Claudia Assef tomou contato com a música de pista ainda criança, por influência dos pais, um casal festeiro que não perdia noitadas nas discotecas que fervilhavam na São Paulo dos anos 70.

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