Liniker é a 1ª mulher trans imortalizada na Academia Brasileira de Cultura; entenda como funciona a instituição!
Instituição formada em 2021 tem 56 cadeiras destinadas a figuras notáveis da cultura brasileira
Na última terça-feira (14), uma cerimônia realizada na Cesgranrio, em Rio Comprido (RJ), sede da Academia Brasileira de Cultura, empossou 13 novos integrantes dentre as 56 cadeiras existentes. Dentre esses nomes, estava ela: Liniker, primeira mulher trans a ocupar uma cadeira da instituição.
Há anos encabeçando grandes festivais brasileiros de música, a artista veste um manto de conquistas que abriga e carrega toda a comunidade transexual, que tem lutado fortemente contra a opressão social e a estigmatização. Eis a importância do reconhecimento a seu papel na cultura brasileira.
Em nota, a artista afirmou que “aqui, vemos a história sendo escrita junto a um mar de novas possibilidades que se abrem para tantas pessoas no Brasil. Nós estamos aqui e nós existimos”.
Além dela, a cerimônia também empossou Alcione, Antenor Neto, Conceição Evaristo, Daniela Mercury, Glória Pires, José Luiz Ribeiro, Juma Xipaia, Luana Xavier, Margareth Menezes, Sonia Guajajara, Vanessa Giácomo e Viviane Mosé.
Criada em 2021, a instituição se une a duas irmãs mais antigas, a Academia Brasileira de Belas Artes, fundada em 1950, e a Academia Brasileira de Letras, criada por Machado de Assis em 1897. Alguns membros da ABC, inclusive, são também ocupantes em cadeiras das outras academias.
Como funciona?
A Academia Brasileira de Cultura tem 56 cadeiras, ocupadas de forma vitalícia. Quando um ocupante falece, vira um imortal, cedendo lugar a outro integrante, que se inscreve pessoalmente e tem sua admissão votada por outros membros.
O formato gerou uma seleção inicial capaz de fazer Machado de Assis se revirar no túmulo. A ponto de ter, como um membro da academia, o apresentador João Kleber, apresentador do Teste de Fidelidade, um dos programas de entretenimento mais baixos já produzidos pela televisão brasileira.
Outras figuras carimbadas do meio televisivo, especialmente cariocas (sede da ABC), figuram entre os notáveis, como Walcyr Carrasco, Eriberto Leão, Wolf Maia e Lilia Cabral.
Além da dramaturgia televisiva, integrantes das áreas de teatro, dança (de Ana Botafogo a Carlinhos de Jesus), produção cultural e da música (popular e clássica) ocupam suas cadeiras.
O sambista Zeca Pagodinho também é um dos membros, o que garante a diversão nos encontros dos notáveis.
Surrealidades à parte, uma cerimônia que inclui ao grupo representatividade trans, preta e indígena mostra que, ao menos, a ABC não tem nada de careta.
Liniker ocupará a cadeira que foi da rainha Elza Soares.
Leia a nota completa da cantora, celebrando sua posse:
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