Taylor Swift The Eras Tour Foto: Reprodução

Lei Taylor Swift: Brasil entra na guerra internacional contra os “cambistas 3.0”

Jota Wagner
Por Jota Wagner

Lei aprovada na Câmara dos Deputados quer colocar cambistas na cadeia

Após os notórios episódios de cambismo com a passagem de Taylor Swift pelo Brasil em 2022, o deputado federal Pedro Aihara (do Patriota, de Minas Gerais) protocolou em junho de 2023 um projeto de lei que visa punir com cadeia os praticantes do cambismo. O timing fez com que o PL fosse apelidado de Lei Taylor Swift, e ela foi finalmente aprovada em votação na Câmara dos Deputados nesta quarta-feira (24).

O objetivo é assegurar que o cidadão que queira ir a um espetáculo cultural ou esportivo tenha sua preferência por ordem de chegada respeitada, e pague pelo valor anunciado. Para isso, o texto prevê penas de um a três anos de detenção e multas que podem chegar a até cem vezes o valor do ingresso comercializado.

Depois de aprovada na Câmara, a lei precisa passar pelo Senado Federal, e então vai para sansão do presidente, para que seja publicada no Diário Oficial e passe a valer no prazo máximo de 45 dias.

Cambismo 3.0

Em 2022, os administradores da Ticketmaster, site de vendas da Eras Tour, de Taylor Swift, entraram em pânico. Logo no primeiro dia de abertura das vendas, compradores robô reservaram nada menos do que dois milhões de ingressos, numa batelada só, usando contas falsas. No mesmo dia, ingressos que custavam menos de mil dólares estavam sendo oferecidos em fóruns na internet por R$ 28 mil.

Foi um verdadeiro caos. A empresa tirou o site do ar e revisou todas as reservas para mapear o caminho dos chamados “cambistas 3.0”, especializados em atuar no mundo das vendas online. Artista, gravadora e até o senado americano entraram no rolo.

Apesar de as empresas já estarem tentando combater este tipo de prática desde 2018, o caso de Taylor Swift expôs o tamanho do poder das quadrilhas de cambistas online. O ataque se mostrou muito mais poderoso do que se previa. A estratégia dos criminosos era a de comprar, através de robôs, o maior número de ingressos possível, e então sobrecarregar as plataformas com milhões de reservas para incentivar os fãs a tentarem a compra na mão dos cambistas.

A estratégia também foi indicada fora dos Estados Unidos. Os maiores mercados do mundo declararam guerra contra os bandidos que tentavam faturar em cima da paixão das pessoas pela música. O golpe, que até pouco tempo atrás nem era considerado crime, esgotou a paciência até de quem não é do show business.

Enquanto o senado dos Estados Unidos ainda discute os detalhes da sua Fans First Act, um grupo mais 250 artistas, incluindo Lorde, Billie Eilish e Green Day publicaram um abaixo-assinado pedindo uma solução definitiva para a bagunça.

Jota Wagner

Jota Wagner escreve, discoteca e faz festas no Brasil e Europa desde o começo da década de 90. Atualmente é repórter especial de cultura no Music Non Stop e produtor cultural na Agência 55. Contribuiu, usando os ouvidos, os pés ou as mãos, com a aurora da música eletrônica brasileira.