Kiss eterno: com show virtual, grupo não quer largar o osso nem depois de morto
Banda, que esticou sua turnê de despedida por quatro anos, avisa que não vai deixar os fãs em paz
“O dinheiro é o sangue e o combustível que nos move” — disse Gene Simons, baixista e um dos fundadores do Kiss, sem nenhum pudor em assumir que a banda faz o que for preciso pelo vil metal. A declaração não traz nenhuma surpresa. O grupo é uma máquina de fazer dinheiro e seus integrantes não têm nenhum problema com isso.
Foram eles os inventores da taxa pelo “Meet and Greet”, há 20 anos. Encontrar artistas depois do show para uma foto juntos era normal até o Kiss botar pedágio na parada. A banda de hard rock americana também é lider em licenciamento de produtos, de camisinhas a caixões.
“Acompanhamos nossos fãs da concepção até a morte”, disse Simons, diversas vezes.
A gama de produtos é gigantesca: carrinhos, chaveiros, mochilas escolares, action figures… Se a Biscoitos Globo chegar junto, certamente veremos na praia de Copacabana os Kisscoitos, nas versões salgada e doce.
Depois de esticar por quatro anos sua turnê mundial de despedida, o grupo confirmou o adeus oficialmente no concerto do Madison Square Garden, em Nova Iorque, no último dia 02.
Só que não
Ao final da última música, Rock and Roll All Nite, fogos e fumaça tomaram o palco, e os integrantes desapareceram rumo ao camarim. Quando a fumaça se dissipou, o grupo apresentou, no telão, o projeto Kiss Online. Um show com avatares no lugar de humanos, a exemplo da apresentação holográfica do ABBA (que, inclusive, é da mesma agência).
Sem deixar dúvidas para interpretações, o grupo confirmou que vai estar nos palcos “para sempre”, para alegria das operadoras de cartão de crédito.
“Nós viveremos eternamente”, disse Paul Stanley no vídeo de apresentação do Kiss Online, que já tem website disponível.
No novo espetáculo, os integrantes entram para o time d0s super-heróis. Eric Singer, o baterista, flutua. Gene Simmons deixa de cuspir groselha para vivar um lança chamas “humano”, com asas de dragão. Tudo para fazer, segundo o próprio Simmons, “o melhor show que já existiu”.
Nos últimos meses, vimos música dos Beatles, anúncio de que os Rolling Stones podem virar uma banda virtual e, agora, o Kiss anunciando seu projeto de eternização.
Com a chegada da inteligência artificial, certamente o exemplo será seguido por milhares de outros artistas consagrados, mantendo-se no mercado e disputando espaço com quem está chegando agora. Os fãs, pelo menos, ainda morrem, e por isso, haverá demanda para as novidades.
Uma coisa, no entanto, é certa. Os grandes milionários da música pop não estão afim de largar o osso. Nem depois de mortos.