Paul McCartney e seu baixo Hoffer Paul com seu baixo Hofner 501. Foto: Reprodução/The Lost Bass Project

Jornalistas ingleses fazem campanha para solucionar “o grande mistério do rock’n’roll”

Jota Wagner
Por Jota Wagner

Três fãs dos Beatles estão obstinados a encontrar o baixo roubado de Paul McCartney

Passear pelos textos do website The Lost Bass Project é um mergulho em um mistério que envolve o roubo de um dos mais desejados itens da história da música. Desejado, inclusive, pela vítima, Sir Paul McCartney.

O instrumento “predileto” de Paul, um contrabaixo Hofner 501, de 1961, foi roubado em 1972, e desde então é assunto em fóruns de beatlemaníacos e alvo de diversas teses sobre seu paradeiro.

Obstinados pela solução deste mistério, dois jornalistas investigativos ingleses, Scott e Naomi Jones, se uniram a Nick Wass, executivo de longa data da fabricante Hofner e, segundo o site, o maior conhecedor do instrumento perdido no mundo.

Por que é tão valioso?

Durante a temporada que os Beatles passaram em Hamburgo, na Alemanha, em 1961, Paul juntou dinheiro para comprar um contrabaixo novo. Apesar de sonhar com outros modelos, mais caros, o músico iniciante tinha o equivalente a 30 libras na carteira. O Hofner 501 era o único possível. Além disso, o fabricante possibilitava uma encomenda rápida do modelo para canhotos, caso de Paul.

Baixo perdido de Paul McCartney

Baixo Hofter 501 roubado. Foto: Reprodução/The Lost Bass Project

Paul McCartney usou seu amado instrumento até gastar. Gravou os primeiros discos dos Beatles, viajou pela Europa e, quando o pobre contrabaixo deu seus primeiros sinais de cansaço, foi mandado para o spa dos instrumentos, para uma merecida recauchutada. O músico encomendou um outro Hofner, igualzinho, em 1963, mas manteve o original como backup, usando-o em shows e gravações até 1968.

Quando os Beatles estavam gravando o especial de TV Get Back, que acabou sendo cancelado graças às diferenças entre os integrantes e se transformou em um documentário de seis horas dirigido por Peter Jackson e lançado em 2022, as gravações precisaram mudar de estúdio, no meio do projeto. Saíram do Twickenham Film Studios e foram para o porão do quartel-general da gravadora Apple — prédio que ficou famoso depois que a banda fez, no telhado, seu último show.

No tal porão, os quatro fabulosos e seus amigos ficavam “24 horas por dia, 7 dias por semana”, como contou Ian Horne, engenheiro de som da Apple na época, ao The Lost Bass — projeto do qual tomou conhecimento recentemente, pelos jornais.

Era ali que os instrumentos da banda ficavam armazenados, e até o aparecimento da testemunha ocular da história — o próprio Horne —, entrar em contato com Scott e Naomi, acreditava-se que alguém, presente na festa, havia subtraído o contrabaixo de Paul.

Ian, então, contou que tirou os equipamentos do meio da algazarra e os guardou na carroceria da van da gravadora. O cadeado que a trancava foi rompido, e foram levados outros dois instrumentos além do querido baixo de McCartney.

Caso para Sherlock Holmes

O mistério segue sem solução até hoje. A última grande pista, referente ao artefato, veio dos Estados Unidos.

Em 2015, Paul McCartney viu que um instrumento do mesmo ano e modelo entrara em um leilão em Los Angeles. Na mesma hora, enviou seu assistente, Nick Wass, para os EUA, para fazer o reconhecimento do corpo. Quando Wass chegou à empresa de leilões, ele havia sido retirado de oferta e recolhido novamente pelo vendedor, anônimo.

No mesmo ano, um canadense começou a aparecer em fóruns de internet afirmado estar com o baixo. Assinava apenas com o codinome “The Keeper“, e jamais foi encontrado.

O site do projeto The Lost Bass convida os interessados a entrar para a sua comunidade de detetives, e o objetivo é devolvê-lo a Paul.

E aí? Tem alguma pista?

Jota Wagner

Jota Wagner escreve, discoteca e faz festas no Brasil e Europa desde o começo da década de 90. Atualmente é repórter especial de cultura no Music Non Stop e produtor cultural na Agência 55. Contribuiu, usando os ouvidos, os pés ou as mãos, com a aurora da música eletrônica brasileira.