C6 Fest Kamasi Washington, Terrace Martin e Robert Glaspin representam o Dinner Party no Brasil. Foto: Divulgação

C6 Fest 2024: 10 artistas de jazz que vão fazer você perder o medo do estilo

Adriana Arakake
Por Adriana Arakake

Desvendamos o absurdo line-up jazzístico do festival, que rola em maio, em São Paulo

Um dos estilos musicais mais ricos e influentes, o jazz surgiu ao final do século XIX nos EUA a partir da expressão emocional do blues, dos ritmos sincopados do ragtime, da polirritmia e improvisação da música africana, da complexidade harmônica da música clássica européia e das escalas exóticas da música caribenha, entre outros elementos.

Nos anos 1950 e 1960, com o aumento de clubes sofisticados que só podiam ser frequentados por brancos devido à segregação racial, suas verdadeiras raízes na comunidade afro-americana foram maquiadas, mas há muitos anos esse movimento tem mudado seu percurso. Em muitas cidades ao redor do mundo, há uma cena jazz vibrante e diversificada, onde artistas de todas as origens étnicas experimentam e inovam no gênero.

Muitos músicos de jazz contemporâneos têm explorado novas fronteiras musicais, incorporando elementos de hip-hop, eletrônica, soul ou outras sonoridades da música africana em suas composições.

Um dos festivais brasileiros mais importantes a desmistificar o gênero no país foi o Free Jazz, que aconteceu de 1985 a 2001 e trouxe alguns dos nomes mais renomados, como Herbie Hancock e Ornette Coleman. Pra satisfação de quem ama a vertente, curadores do evento criaram o C6 Fest, que, pelo segundo ano, apresentará uma nova geração que está moldando ativamente o futuro do gênero — além da lenda viva Charles Lloyd.

C6 Fest 2024

Datas: 17, 18 e 19 de maio
Locais: Auditório do Parque Ibirapuera e Arena Heineken & Tenda Metlife (Av. Pedro Álvares Cabral, 0 – Ibirapuera, São Paulo/SP)
Ingressos: Via INTI
Jazz
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10 atrações de jazz imperdíveis do C6 Fest 2024

Dinner Party (Terrace Martin, Robert Glasper & Kamasi Washington) (19/05)

Formado por quatro dos mais talentosos músicos da atualidade (Terrace Martin, Robert Glasper, Kamasi Washington e 9th Wonder), o Dinner Party traz uma mistura supercativante de elementos tradicionais e modernos, influenciados por uma variedade de estilos musicais, incluindo jazz, hip-hop, R&B e música eletrônica. Os arranjos são ricos e complexos, com improvisações brilhantes e camadas de textura sonora que criam uma atmosfera superenvolvente.

Jakob Bro (17/05)

Guitarrista e compositor dinamarquês conhecido por suas composições introspectivas e pela exploração de sonoridades únicas, Jakob Bro desenvolveu uma voz única, caracterizada por uma delicada expressão musical. Cada nota é cuidadosamente escolhida, e cada pausa é carregada de significado. Bro é um mestre da improvisação, capaz de criar momentos de beleza e intensidade espontânea em suas performances ao vivo.

Daniel Santiago & Pedro Martins (17/05)

Conhecidos por sua versatilidade e capacidade de explorar uma variedade de estilos, os brasilienses Daniel Santiago e Pedro Martins têm contribuído significativamente para a cena musical brasileira, ganhando reconhecimento internacional por seu talento e inovação.

Guitarrista, compositor e arranjador, Santiago criou um som ao mesmo tempo acessível e sofisticado, com uma fusão de influências brasileiras, jazzísticas e contemporâneas. Além disso, já colaborou com uma variedade de artistas, como Eric Clapton, Hamilton de Holanda e Milton Nascimento.

Guitarrista, cantor e multi-instrumentista, Martins ganhou reconhecimento internacional por sua técnica impressionante e sua criatividade como compositor. Já se apresentou em diversos palcos ao redor do mundo e lançou recentemente o aclamado disco Rádio Mistério, com participações de Eric Clapton e Thundercat, entre outros.

Chief Adjuah (Christian Scott aTunde Adjuah) (19/05)

Trompetista e compositor americano, Chief Adjuah é conhecido por uma abordagem inovadora que ele descreve como stretch music. Suas composições são fusões de jazz, hip-hop, música eletrônica, música africana e influências da cultura indígena de New Orleans, sua cidade natal.

Adjuah criou um som caracterizado por ritmos complexos, harmonias ricas e mensagens sociais e políticas poderosas, em que aborda questões como justiça social, direitos humanos e identidade cultural, explorando sua ancestralidade como um homem negro de descendência indígena nos Estados Unidos.

Jihye Lee Orchestra (17/05)

Em um meio tão masculino, ver uma mulher à frente de uma orquestra é sempre muito bom, e Jihye Lee não deixa por menos. A cantora e compositora sul-coreana é reconhecida por sua habilidade em criar músicas ricas, demonstrando sua habilidade técnica e crativa e incorporando elementos de jazz contemporâneo, música clássica e música tradicional coreana.

Lee lançou seu álbum de estreia, April, em 2017, e recebeu elogios da crítica por sua originalidade, sofisticação e pelas performances impressionantes de sua banda.

Charles Lloyd Quartet (17/05)

Lloyd merecia um capitulo à parte. O artista personifica a jornada do jazz como forma de expressão pessoal e coletiva. Sua música transcende fronteiras e conecta pessoas de todas as origens, lembrando-nos da poderosa capacidade do jazz de unir e inspirar. O renomado saxofonista é dono de uma longa e influente carreira.

Nascido em Memphis, Tennessee, em 1938, começou a tocar saxofone na adolescência, e rapidamente se destacou como um prodígio musical. Nos anos 1960, se tornou uma figura proeminente na cena, ganhando reconhecimento por suas colaborações com artistas como Chico Hamilton, Cannonball Adderley e Herbie Hancock.

Uma das características de seu estilo é sua capacidade de incorporar uma ampla gama de influências em seu som, incluindo jazz, música clássica, world music e até mesmo elementos do rock — abordagem inovadora que o tornou uma figura influente no desenvolvimento do jazz contemporâneo.

Black Pumas (18/05)

A tão aguardada banda traz a influencia de uma variedade de estilos musicais, incluindo soul, R&B, funk e rock. Eles são conhecidos por sua abordagem vintage, pelo uso de instrumentação analógica, por suas letras cativantes, grooves contagiantes e performances energéticas.

Embora o jazz não seja a influência mais proeminente em sua sonoridade, elementos jazzísticos podem ser encontrados em partes de suas músicas, como em arranjos instrumentais ou improvisações vocais. O soul, um elemento bem presente na sonoridade do Black Pumas, traz em sua formação a expressão emotiva, os arranjos e a sofisticação rítmica trazidos do jazz.

Cimafunk (18/05)

Música afrocubana, muito funk, soul e uma pitada de jazz formam o som do Cimafunk. Com uma abordagem única e o uso de ritmos e das ricas sonoridades tradicionais de seu país de origem, Erik Iglesias Rodrígues, cantor, compositor e produtor cubano, traz letras vibrantes e grooves cativantes para suas apresentações superdinâmicas.

Paris Texas (19/05)

Formado por Louie Pastel e Felix, o Paris Texas mistura hip-hop e rock alternativo, com um tempero indie e punk. A influência do jazz pode não ser tão evidente, mas ainda assim está presente de maneiras mais sutis em elementos como improvisação, experimentação sonora e uma abordagem mais livre e desconstruída da composição musical. O duo é conhecido por sua abordagem experimental, vocais rimados e energia em suas performances.

Young Fathers (19/05)

Formado por Alloysious Massaquoi, Kayus Bankole e Graham “G” Hastings, o trio escocês Young Fathers funde hip-hop, eletrônica, pop, rock e elementos de música africana e gospel, com letras profundas e muitas vezes políticas. O premiado álbum de estreia, Dead, precedeu White Men Are Black Men Too (2015) e Cocoa Sugar (2018).

Suas apresentações incluem videoclipes que complementam e expandem sua narrativa musical. Reconhecidos por seu ativismo político e social, usam sua plataforma para abordar questões como racismo, injustiça social e direitos humanos em suas letras e entrevistas. Eles são vistos como uma voz importante na cena musical contemporânea, desafiando as convenções e sempre explorando novos territórios musicais e temáticos.

O C6 Fest acontece entre os dias 17 e 19 de maio. A presença desses artistas é uma prova de como o jazz ainda hoje é uma forma de expressão tão importante e um desafio a estereótipos e narrativas antiquadas, demonstrando sua relevância como ferramenta de resistência, liberdade e celebração. Imperdível.

C6 Fest

O C6 Fest é “filho” de dois dos mais renomados festivais brasileiros das últimas décadas, o Free Jazz Festival e o Tim Festival. Considerando toda sua história, que remonta aos anos 90, seus curadores já foram responsáveis pela vinda de artistas como KraftwerkBjörk, Massive Attack, Sonic Youth e Arlo Parks, entre outros.

Programada para rolar entre os dias 17 e 19 de maio, a edição 2024 acontecerá novamente no Parque do Ibirapuera, em São Paulo, e tem dois tipos de ingressos: um valendo para as atrações da Arena Heineken & Tenda MetLife e outro para assistir a todas as atrações do Auditório Ibirapuera. É preciso comprar um por cada data pretendida.

Confira a programação completa do C6 Fest 2024

Sexta-feira (17)

Charles Lloyd Quartet
Daniel Santiago e Pedro Martins
Jakob Bro Trio “Uma Elmo”
Jihye Lee Orchestra

Sábado (18)

2manyDJs
Black Pumas
Cimafunk
Fausto Fawcett
Jaloo convida Gaby Amarantos
Pista Quente
Raye
Romy
Soft Cell
Valentina Luz

Domingo (19)

Baile Cassiano
Cat Power Sings Dylan ’66
Chief Adjuah
Daniel Caesar
David Morales Sunday Mass
Dinner Party feat. Robert Glasper, Terrace Martin & Kamasi Washington
DJ Meme
Jair Naves
Noah Cyrus
Paris Texas
Pavement
Squid
Young Fathers

Serviço

C6 Fest 2024

Datas: 17, 18 e 19 de maio
Locais: Auditório do Parque Ibirapuera e Arena Heineken & Tenda Metlife (Av. Pedro Álvares Cabral, 0 – Ibirapuera, São Paulo/SP)
Ingressos: Via INTI

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Adriana Arakake

Adriana Ararake é DJ é especialista em Jazz, Soul e Blues do Music Non Stop.

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