Nos últimos anos, além dos festivais e das festas Babel e Mareh, que rolam em locações diferentes em São Paulo, o label Mareh Music passou a investir em lançamentos de EPs e discos em 10 polegadas dedicados a edits de tropical disco.
Em maio de 2016, nasceu mais um filhote do label Mareh, o Festival Marisco, criado em parceria com o selo holandês Rush Hour com o intuito de valorizar grandes nomes nacionais e colocá-los lado a lado com um dream team de DJs de disco music. Na primeira edição, gigantes nacionais como Marcos Valle e Azymuth se revezaram no palco com Joakim, Daniel Wang, Soichi Terada, Antal, Tim Sweeney, Eric Duncan, Ray Mang, Eyal Baroz, Selvagem, Carrot Green, Paulão e Seu Osvaldo.
Marcos Valle no Marisco 2016
Este ano, o Marisco rola nos dias 13 e 14 de maio com nomes como Eumir Deodato Quartet, Banda Black Rio e os DJs Nuts e Felipe Venancio, representando os monstros sagrados brasileiros, ao lado de gringos como o quinteto inglês Crazy P, a banda dinamarquesa Laid Back e o DJ americano Chez Damier. O festival traz como novidade o CineMarisco + talks, com exibição de filmes de música seguidos de um painel de debates com jornalistas (como esta que vos escreve).
Arquitetando tudo isso (e esse é o verbo correto, literalmente) está o paulistano Guga Roselli, engenheiro apaixonado por arquitetura e música. Da próxima vez que estiver dançando um som brasileiro numa pista de dança maneiríssima, lembre-se que tem um dedo do Guga na valorização do velho e bom som dançante produzido no Brasil, país que, segundo ele, tem de tudo pra ser a maior potência mundial de noite e entretenimento. Lógico que a coluna #MillerMusic não poderia deixar de bater um papo com Guga. Vamos a ele, mas antes dá o play neste set gravado para a rádio Valença, de Los Angeles, pelo Lowest B, projeto formado por Guga Roselli e o produtor Antek.
Music Non Stop – Como você resolveu começar a tocar como DJ?
Guga Roselli – Sempre amei música, por isso sempre colecionei discos, sempre coloquei para tocar e escutar. Faltava fazer isso para uma plateia, então comecei a produzir festas. Acabou que a produção me atropelou e nunca dava tempo de tocar, mas há uns sete anos comecei a criar oportunidades e não parei mais!
Music Non Stop – Como nasceu a vontade de criar a Mareh?
Guga Roselli – Depois que comecei a produzir festas, os eventos começaram a evoluir muito, até que quando atingiram a maturidade profissional todos ainda diziam: “vou na festa do guga”. Eu nunca gostei disso, sempre achei meio amador, aí resolvi fazer um branding à altura da experiência que os eventos proporcionavam. Desse estudo nasceu o selo!
Music Non Stop – Você é arquiteto, isso deve ajudar, acredito, na hora de fazer as festas, já que vocês sempre usam locações diferentes, não?
Guga Roselli – Na verdade sou engenheiro metido a arquiteto rs. E esse sempre foi meu ganha-pão! As festas aconteciam em paralelo, até que, com o crescimento do selo, comecei a ter oportunidade de criar cenários! Nesse estágio, a engenharia me ajudou muito, mas muito mesmo, desde como ocupar os espaços, passando pelos cálculos todos que um evento demanda, até o projeto de estruturas de cobertura, palco etc.
Music Non Stop – Os gringos (especialmente DJs) andam encantados com o Brasil. Por que você acha que isso tem acontecido com uma intensidade maior nos últimos tempos?
Daniel Wang falando portunhol em entrevista ao MNS no Marisco 2016
Guga Roselli – Acho que isso tem a ver com as pessoas, no caso os brasileiros. Somos um povo acolhedor e festeiros por natureza, isso potencializa e muito a vibração das pistas de dança! Quando eles chegam aqui e veem essas pistas de dança cheias de amor ficam deslumbrados.
Music Non Stop – Tem que ser louco ou cegamente apaixonado pra lançar vinil no Brasil? Ou está começando a ser algo viável?
Guga Roselli – Na verdade os números de venda de vinil crescem no mundo todo. Ano passado no Reino Unido a receita com venda de vinil foi maior do que a de música digital! Como tudo, as coisas no Brasil demoram um pouco mais, mas acho que a tendência é que isso aconteça por aqui também. Hoje em dia ainda é bem complicado lançar só aqui! Nós já lançamos alguns discos, mas a distribuição é feita 90% internacionalmente!
Music Non Stop – No Marisco você resolveu trazer medalhões brasileiros mais pra perto da realidade da pista de dança. De onde vem esse pensamento/vontade?
Guga Roselli – Quando conto essa história costumo dizer que seria muito pretensioso da minha parte dizer que antecipamos uma tendência, apesar de termos sido os primeiros a fazer esse tipo de mistura em um festival. Depois de nós, alguns festivais europeus de verão fizeram o mesmo. Com a volta da disco e dos grandes seletores de música, muitas raridades apareceram novamente, entre elas artistas brasileiros como Marcos Valle, Azymuth. Eu, como grande fã e sabendo da grande conexão com a música eletrônica atual em geral, resolvi colocar em prática algo em que acredito e que defendo, boa música é boa música, não existem fronteiras entre gêneros, é só uma questão de curadoria.
Music Non Stop – O que falta pra gente ser a maior potência mundial de noite e entretenimento, já que temos tantos outros fatores naturais que já ajudam (praias lindas, cidades interessantes, música ótima, povo festeiro)?
Guga Roselli – Acho que a distância geográfica do Brasil para os grandes pólos culturais da música, Europa e EUA, atrapalha um pouco o intercâmbio dos artista. Essa troca é muito rica e fica prejudicada por conta dos custos de viagem e tal. Além disso, os discos, quando entram no país, são taxados, o que eu acho um absurdo! Música e cultura deveriam ser incentivadas, isso também prejudica bem. Mesmo assim, acho que é questão de tempo a conquista desse posto por nós!
Music Non Stop – Descreva a noite perfeita pra você?
Guga Roselli – Noite perfeita pra mim acho que são as noites de Réveillon da Mareh, pé na areia, público cheio de amigos e pessoas interessantes, música selecionada por DJs que amamos, drinques e brisa à la vontê e ainda dá para dar um tibum no mar depois de ver o sol nascer!
Music Non Stop – Como você concilia suas duas profissões, já que DJing exige um certo avanço nas horas noite adentro e um engenheiro normalmente trampa durante o dia?
Guga Roselli – Eu colocaria minhas duas paixões e não profissões! Música e arquitetura! Hoje concilio bem, pois a parte de engenharia eu faço dentro dos eventos de música! Normalmente toco aos fins de semana, vez ou outra durante a semana, então meu dia a dia é no planejamento desses eventos. A curadoria e a engenharia acabam ficando num universo só!
Music Non Stop – Cite três faixas que nunca saem do seu case e por quê.
Guga Roselli – Adoro os clássicos! Pepe Bradock, Deep Burnt; Frankie Knuckles, Your Love e Metro Area, Miura.
Pepe Bradock – Deep Burnt
Frankie Knuckles – Your Love
Metro Area – Miura
MARISCO FESTIVAL
Sábado, 13 de maio, a partir das 14h
MAIN STAGE
CineMarisco + TALKS
Eumir Deodato Quartet
Laid Back LIVE
Red Greg
DJ Nuts
Felipe Venâncio
MAREH ON STAGE
Tahira
Carrot Green
Rafael Cancian
Domingo, a partir das 14h
MAIN STAGE
CineMarisco + TALKS
Black Rio Band
Crazy P LIVE
Chez Damier
Selvagem
Joutro Mundo
MAREH ON STAGE
Eric Duncan
Roger Weekes
Balako
Saideira LIVE
Preços: R$ 90 (1 dia) e R$ 170 (2 dias)
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