As sutis ironias do show de Gilberto Gil no Lollapalooza
Um dos maiores artistas brasileiros mostrou todo seu repertório, que passeia por reggae, soul, disco, rock e samba
No fim da tarde deste domingo, 24, Gilberto Gil presenteou o público do Lollapalooza 2024 com um show enérgico, cheio de hits que marcaram sua carreira, fazendo todo mundo cantar no Autódromo de Interlagos e abstrair a lama, deixada pelas chuvas dos últimos dias.
Aos 81 anos, o cantor e multiartista que tem circulado o Brasil e o mundo com a turnê Aquele Abraço Tour, começou sua apresentação com nada mais nada menos que Punk da Periferia. Ironia? Talvez. Ele fez questão de apontar para o chão, quando cantava sobre a cidade que é mais como um esgoto, engrossando a voz. Qualquer semelhança pode até ser mera coincidência.
Passeando por seus maiores sucessos, Gil apresentou músicas como Realce, Vamos Fugir, Andar Com Fé, Palco, A Novidade, Aquele Abraço, Tempo Rei e Nossa Gente. Reggae, soul, disco, rock e samba: teve tudo isso num espetáculo múltiplo, recheado pela riquíssima, expressiva e ousada sonoridade presente na jornada deste que é um dos nossos maiores artistas vivos.
E assim como havia sido com Rael, este foi outro show em que Bob Marley foi lembrado. Desta vez, com No Woman No Cry e a reafirmação da importância do amor para todo o ciclo da vida.
O clima do show foi de celebração, apesar do tempo nublado. Além de balançar milhares de pessoas, de todas as idades, contou com a presença de diversos artistas, entre eles a filha do cantor, Preta Gil, na platéia.
Fato curioso: enquanto Gil cantava “não chore mais”, as câmeras focaram no rosto da filha que, ao aparecer no telão, fez o público vibrar, como que compadecido por seus últimos enfrentamentos. Nesse momento, Preta dizia algo como “eu já não choro mais mesmo!”, mostrando que estava bem enquanto admirava seu pai no palco.
Verdadeira aula sobre arte, amor e vida é uma definição entre tantas possíveis para o espetáculo realizado por Gilberto e sua banda no Lolla. Uma celebração à música e às culturas negras que resistem e brilham por todo o país.