Galeria Metrópole

Festival recupera a importância da Galeria Metrópole no centro de São Paulo

Jota Wagner
Por Jota Wagner

Espaço foi o epicentro da cena artística paulistana na década de 1960

Uma galeria espetacular, com pátios, área verde, anexada à praça José Gaspar, em um dos pontos que, um dia, esteve entre os mais nobres de São Paulo, na Av. Rio Branco. No final da década de 60, a Galeria Metrópole sediou em uma de suas lojas a Ponto de Encontro, mistura de galeria de arte, casa de chá e loja de discos. Lá, trabalhou Antonio Peticov, articulador cultural e guru psicodélico de toda uma geração de artistas que moravam na cidade.

Nos rolês do Ponto de Encontro, se cruzavam Gil, Caetano, Tom Zé, a galera dos Mutantes, dos beatniks, e vários outros artistas, não somente do mundo da música. Grudada à galeria, o Paribar reunia intelectuais, que discutiam o futuro do país, assolado pela ditadura militar.

A Galeria Metrópole foi perdendo sua importância onda após onda, retirando os fazedores de cultura de seus charmosos corredores. Se esvaziou, dando lugar a salas de escritórios de corretoras, compradores de ouro e demais esquisitisses comuns a outras galerias da capital, cujos aluguéis foram ficando inviáveis para bares e lojas de discos, mas baratos para advogados dinossauros e outros comércios caretas.

A pergunta que passa pela cabeça de qualquer pessoa minimamente interessada em cultura, arquitetura e boemia, ao cruzar a Metrópole, é: como pode um lugar como este ser tão mal aproveitado?

Graças a uma turma atenta e apaixonada pela beleza da cidade, a Metrópole está renascendo. Depois de 25 anos parado, o Cine Metrópole voltou a funcionar. Lojas bacanas voltaram a ocupar seus corredores e, para coroar o momento, um festival toma conta do local nesta semana, entre os dias 25 (aniversário de São Paulo) e 27 de janeiro.

O Festival Metrópole, idealizado por Ju Amora, leva feiras de design e artesanato, música e gastronomia, durante três dias de celebração.

Confira a programação completa do Festival Metrópole:

25/01 – Cerimônia de abertura e ação especial da DW, semana de design de São Paulo

Onde: Cine Metrópole, 1º andar, às 11h

25/01 – Fair & Sale

A galeria recebe pela primeira vez a feira Fair & Sale, que trará 25 expositores da economia criativa para homenagear o aniversário da cidade. A feira também criará espaços de convivência pela galeria com a temática “Praia de Paulista”, que vai contar com móveis assinados pelos designers residentes da Galeria Metrópole.

Onde: 1º e 2º andares | das 10h às 18h.

25 a 27/01 – Feira Subterrânea

Feira Subterrânea, primeira feira de livros de 2024 organizada pelos residentes da Descabeça Livros e Editora sobinfluencia. Além disso, o evento também conta com a presença das editoras Tamarindo, Lovely House, Hedra e N-1, Desapê, Tapera Taperá, IP, Editora 34, Perspectiva, Boitempo, Veneta, Expressão Popular, Autonomia Literária, Usina, Terra Livre, Ubu, Fósforo, Incompleta, Kinoruss, Sundermann, Kitempo, Lavra Palavra, entre outras.

Onde: Térreo | das 10h às 18h

25/01 – Música e Shows

Cine Metrópole | Térreo

Programação musical com curadoria do Festival Brasa Quentíssima.

Músicas autorais com:

15h – Luiz Masi. (Folk)

15h30 – Otavio Cintra (MPB)

17h – Tim Melô, com tributo ao Tim Maia

18h – Naissius (Rock)

Serviço

Festival Metrópole

Data: De 25/01 a 27/01 (quinta a sábado)
Local:
Galeria Metrópole (Avenida São Luís, 187 – República)
Entrada: Gratuita

Jota Wagner

Jota Wagner escreve, discoteca e faz festas no Brasil e Europa desde o começo da década de 90. Atualmente é repórter especial de cultura no Music Non Stop e produtor cultural na Agência 55. Contribuiu, usando os ouvidos, os pés ou as mãos, com a aurora da música eletrônica brasileira.