Floating Points Foto: Dan Medhurst/Divulgação

Review: Floating Points entrega novo orgasmo analógico

Jota Wagner
Por Jota Wagner

Single duplo Del Oro saiu no último dia 04

Sam Shepherd, produtor e DJ inglês que muita gente conhece como Floating Points, está de volta com novo single duplo, Del Oro, lançado no último dia 04 pela Ninja Tune. Na dobradinha, o artista proporciona mais uma vez o orgasmo analógico que faz parte de sua música.

Shepherd mantém em seu estúdio em Manchester, sua cidade natal, uma parafernália de sintetizadores antigos. Muitos deles, leva para os palcos, em apresentações no formato de live P.A. Os estudos de cada item da coleção de mastodontes que o produtor coleciona trazem à sua música ricas texturas, seja quando se aventura pela música ambiente, seja quando solta suas pedradas apontadas para a pista de dança, caso do mais recente lançamento.

Del Oro, o lado A, pode ser descrito com um adjetivo que não pode ser traduzido com exatidção em português, mas que é bastante compreensível, pela própria sonoridade da palavra: bumping. Os graves da batida são obscenos, e o trabalho de camadas de synths cai como uma luva na locomotiva rítmica do Floating Points.

Birth4000, o lado B do single, é monstruosamente forte. Um Frankenstein musical formado com pedaços de Giorgio Moroder e Anthony Rother, repleto de sintetizadores rasgados sobre uma batida reta, simples, para não tirar a atenção da batalha de sons e estímulos sonoros causados pelos tecladinhos safados do rapaz. A faixa não é inédita, mas uma reedição de um single lançado em 2023.

O último álbum do Floating Points, Promises, saiu em 2021, terceiro de sua carreira. Um projetão, ao lado do saxofonista Pharoah Sanders e a Orquestra Sinfônica de Londres. O cuidado com que Sam se debruça nas produções explica o ritmo vagaroso de lançamentos, considerando o universo da música eletrônica. Por enquanto, nos resta apreciar, single a single, os presentes que o artista vai nos entregando.

Jota Wagner

Jota Wagner escreve, discoteca e faz festas no Brasil e Europa desde o começo da década de 90. Atualmente é repórter especial de cultura no Music Non Stop e produtor cultural na Agência 55. Contribuiu, usando os ouvidos, os pés ou as mãos, com a aurora da música eletrônica brasileira.

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