Festival experimental de música CTM agita Berlim. E o Music Non Stop verá de perto!
O CTM, um dos mais concorridos festivais de música exploratória, começa no próximo 31 de janeiro em Berlim, tendo como um dos destaques a artista sonora brasileira Stefanie Egedy estreando uma nova obra na pista principal do Berghain
Festival terá cobertura do Music Non Stop a partir desta sexta (27)
Berlim é um território especial para quem gosta de experimentações independentes da área. A música é uma das principais delas. A música eletrônica experimental faz parte da trilha sonora da cidade tendo o festival CTM como um de seus principais pontos de encontro, que acontece no inverno, época mais favorável do ano para promover eventos propensos à introspecção.
Esta edição retoma o formato que o festival sempre aconteceu antes da pandemia, mas chega maior e com novidades. O tema “Portals” é propício e conectado ao momento que vivemos, afinal a música e o som são capazes de nos transportar para outros lugares e outras realidades. Eles evocam emoções e sensações, ativam a nossa imaginação e ecoam memórias, recentes ou antigas, nos fazem viajar no tempo e sonhar.
A partir do tema curatorial “Portals”, o festival destaca as potencialidades do som e da música como porta de entrada para outras realidades que dão acesso a modos específicos de experiências, histórias, comunidades, práticas de construção de mundo e futuros especulativos.
A sonoridade que permeia o CTM é muitas vezes abstrata, construindo uma narrativa não necessariamente linear e muito menos familiar. Ao pensar nela como portais e práticas de construção do mundo, lidamos inevitavelmente com questões sobre acesso e exclusão.
“A música não é um mundo paralelo, mas sim um sismógrafo de nossas sociedades atuais, uma força poderosa para lidar com a incerteza e a mudança. É um meio para imaginar futuros diferentes.” – CTM
A 24ª edição do CTM destaca a música eletrônica do sul da Ásia, apresenta showcases de colaborações entre artistas de diversos países da África e artistas alemães através do projeto Afropollination – projeto encabeçado pelo selo Nyege Nyege que contará com a participação da compositora Limpe Fuchs, além de outros portais sonoros que exploram jornadas psicotrópicas, a melancolia íntima, experiências de guerra, cerimônias de luto e renovação, e a cultura dos nightclubs.
O festival CTM se estende numa colaboração com seu festival irmão, Transmediale, por 5 dias, destacando projetos multidisciplinares, bem como promovendo noites de barulho ritualístico e de caos digital pós-punk.
A programação conta com lives, workshops, exposição, filmes, performances e debates. Ela se estende por diversos espaços em Berlim, como o Berghain, que abrigará diversas lives e festas, MONOM, apresentando um glimpse do Spatial Sound Festival que aconteceu há alguns meses, silent green, Panke, HAU e o mais novo palco do festival, o KW Institute for Contemporary Art, com uma estreia inédita unindo o mundo da arte e da música através de uma performance multidisciplinar.
A festa de abertura no dia 27 de janeiro acontece no Berghain, levando a euforia de Eris Drew & Octo Octa para animar a pista do Panorama Bar, onde a dupla passeia pela house music e jóias raras que marcaram as raves levando o público para uma viagem de horas através de um buraco da minhoca cintilante. O line-up da noite se complementa com a dupla Black Cadmium, LSDXOXO, Happy New Tears e Opium Hum.
Um dos destaques do CTM 2023 é a artista sonora brasileira Stefanie Egedy, que ocupará a pista do Berghain apresentando uma live inédita, “A Sub-Bass Dose”, onde desligará todas as caixas altas do club pela primeira vez. Serão 30 minutos explorando o potencial das ondas sonoras com foco especial nos sub-graves de subwoofers de alta potência, para promover um banho sonoro que irá reverberar nos nossos corpos e sistemas nervosos deixando-nos em estados mais relaxados. Egedy divide a pista com a produtora dinamarquesa Puce Mary, o duo The Body, entre outros artistas.
Além da live, Stefanie também promoverá um workshop sobre baixas frequências sonoras e assina a trilha sonora de sub-grave da performance “Crack Nerve Boogie Swerve”, criada por Alexis Blake, ao lado da DJ mobylegirl e da percussionista Sofia Borges, no KW Institute.
A compositora Maryanne Amacher, morta em 2009, ficou conhecida por trabalhar extensivamente com fenômenos psicoacústicos chamados produtos de distorção auditiva, nos quais os próprios ouvidos produzem som audível. Sua peça “GLIA” foi reconstruída postumamente por Bill Dietz, que fará a palestra “Ghost Written Scenarios & Unnamed Sensibilities” para contextualizar a obra da artista, que será depois apresentada pela Ensemble Zwischentöne, nos dias 2 e 3 de fevereiro, no Radialsystem.
Na sexta-feira, 3 de fevereiro, o Berghain é novamente pista para a festa “Transported by an Elevating Rawness”, com a pista principal abrindo excepcionalmente na sexta-feira tendo a produtora Marie Davidson como destaque da noite.
O encerramento se culmina numa grande festa no Radialsystem com os finlandeses Amnesia Scanner, que através de uma estética extravagante misturam influências que vão do metal à música urbana, techno e até mesmo à música ambiente. É difícil encaixá-los num estilo musical, mas é justamente a sua contemporaneidade que os colocam como a escolha perfeita para fechar o festival com a estreia do mais novo projeto da dupla »Strobe.rip«, feito em colaboração com o artista multidisciplinar Freeka Tet.
O CTM busca anualmente conectar experiências de diversas perspectivas, reflexão crítica, hedonismo e aprendizado colaborativo por meio de seu evento anual e projetos colaborativos contínuos, publicações, comissões, shows, noites em clubes e muito mais. A edição 2023 do CTM acontece entre os dias 27 de janeiro a 5 de fevereiro, e o Transmediale, de 1 a 5 de fevereiro, com uma programação interseccionada no CTM.
É possível comprar ingressos individuais por evento ou o passe que dá acesso a todo o festival. A agenda completa pode ser acessada aqui.
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