Jungle band Jungle – foto: divulgação

Conversamos com a Jungle, banda que volta ao Brasil para se apresentar em São Paulo e Rio de Janeiro neste final de semana!

Jota Wagner
Por Jota Wagner

Conversamos com a Jungle, banda inglesa que une soul, disco music e música eletrônica volta ao Brasil para shows em São Paulo e Rio de Janeiro.

Jungle is coming to town.

Enquanto pensava sobre a conversa que teria com Tom McFarland e Josh Lloyd-Watson, os criadores da banda que toca neste final de semana em São Paulo e Rio de Janeiro, perguntei para uma turma de amigos com quem convivo: “você gosta da Jungle“?

– Amooooooooooo! era a resposta, unânime.  Pessoas diferentes, de origens diferentes, com culturas musicais diferentes, sentem o mesmo pela dupla inglesa (que ao vivo é uma soul band com sete pessoas).

A razão desta paixão por Jungle não é difícil de concatenar. A banda ocupa aquele espaço preciso onde o pop, a música de baile e a tradição do soul se aliam com à roupagem moderna que o mundo dos anos 2020 demanda. Se você ainda não os conhece, lembre-se do efeito que o Jamiroquai, por exemplo, causou na nação festeira nos anos 90.

A Jungle não está sozinha neste posto. Divide playlists com nomes como The Parcels, Vulpeck e, se abrirmos nosso leque para o estrelato mainstream, Silk Sonic de Anderson Paak e Bruno Mars. Bandas que beliscam descaradamente a música pop de pista de dança sem abandonar a qualidade indispensável da soul music.

O diferencial do duo-banda de McFarland e Lloyd-Watson é a herança inglesa. A vibração dos clubinhos, do verão do amor e o casamento sem culpa com a música eletrônica. Jungle, no estúdio (que começou no quarto dos fundadores) nasce eletrônico e desponta banda, como uma lagarta que transmuta borboleta. Ambas saborosas para nós, predadores das pistas.

A Jungle vem ao Brasil pela segunda vez para uma apresentação na Audio, em São Paulo (sexta, 19) e no Sacadura, no Rio (sábado, 20). O debut da banda no país tropical foi em 2015, quando tocaram no Lollapalooza aqui na cidade concreto e no Circo Voador, no Rio.

O Music Non Stop trocou uma ideia com o animado e falante Tom McFarland e o simpático e sonolento Josh McFarland.

Começamos perguntando sobre suas lembranças da primeira vinda ao Brasil em 2016 (o primeiro disco da Jungle é de 2013 e todos os seus três álbuns são homônimos).

“Tocamos no Brasil em 2016, no Lollapalooza em São Paulo e no Circo Voador, no Rio. Os shows foram incríveis, selvagens. Todo mundo dançando e isto é a melhor coisa, certo? Uma energia incrível, nos sentimos muito bem vindos. As pessoas entendem o que fazemos na América latina e isso é demais!

Uma curiosidade minha: como vocês lidam com as horas que precedem o show. Aquele momento depois da passagem de som e antes de subir no palco. Tem algum ritual ou algo assim…

É uma boa pergunta… é importante se manter  tranquilo, é muito importante porque há muita adrenalina envolvida neste momento. Às vezes você está tão excitado para subir no palco que sua mente fica sobrecarregada durante o show. O negócio é relaxar. Como viajamos com uma banda e estamos sempre em sete pessoas, é bom estar com eles e dividir esta energia. Somos um time, nos mantemos conectados e curtimos o momento como um grupo, sem individualidades. O objetivo é fazer um bom trabalho.

É o pior momento da vida de um artista? Além dos aeroportos, é claro…

Aeroportos são piores, sem dúvida!!!

Uma vez Josh disso que vocês fazem música para “fugir de Londres”…

Quando começamos a fazer música, ou melhor, sempre que fazemos música, o objetivo é o de nos tirar da situação em que estamos para nos levar, física ou emocionalmente, para outro lugar. Quando fizemos nosso primeiro álbum, compúnhamos dentro dos nossos quartos em Londres, imaginando os lugares incríveis que nunca havíamos visitado. Então criávamos o som imaginando estar em praias, por exemplo, que nunca estivemos. Criamos o som pensando em um mundo imaginário que gostaríamos de estar. Acho que isso nos dá uma certa liberdade, pois não estamos tentando contar uma história. Por exemplo, falar sobre o lugar em que vivemos. Você está criando lugares imaginários e sensações imaginárias.

Vocês são ingleses, país que ama a dance music, provavelmente, desde a cena de Northern Soul em Manchester nos anos 50. Desde então, vocês vêm dançando e produzindo dance music e isso desperta, nas pessoas e na mídia, um desejo por algo sempre novo, sempre inovador. Isso é uma pressão para vocês? Se preocupam com isso quando compõe?

Acho que não. Claro que temos consciência da história que a música britânica significa para o mundo. Os ingleses se apropriam de todas a cultura das pessoas que se mudam para o país e isso proporciona uma diversidade cultural, especialmente em Londres. Essas diversas culturas musicas é que fazem o som britânico e isso é excitante. Você convive e absorve estas culturas na hora de fazer sua música, humildemente falando.

Banda Jungle

Jungle em sua formação para shows – foto: divulgação

Às vezes vocês são classificados como uma banda de Nu Soul e às vezes como um duo de música eletrônica. Parece que ainda precisamos separar a música acústica da música eletrônica. Como vocês se classificam, afinal?

Acho que a gente não precisa fazer isso. Não gostamos de nos colocar numa caixa e tentamos não fazer música pensando nisso, tipo “somos uma banda de disco music”. Tentamos não nos colocar em um lugar de onde não podemos escapar, como por exemplo o Artic Monkeys, que é uma banda de indie rock.  Pensamos sobre isso hoje mesmo. Queremos ficar rotulados como, por exemplo, Serge Gaisgburg. Fazemos nosso som e cada um classifica como quiser. Que seja, sei lá, “pop”.

Estamos vivendo em um mundo que está de ponta cabeça. Guerras, vírus, a onda conservadora que tem tomado conta de vários países… qual o papel de um artista nos dias atuais?

Entendemos que vários artistas optam por se posicionar sobre isso, mas nós preferimos deixar a política de fora da nossa música e dar às pessoas diversão. Queremos que nossa música funcione como uma fuga de tudo isso. Entendemos que as pessoas tem diferentes opiniões sobre tudo isso. Nós mesmo temos nossas opiniões sobre o que está acontecendo, mas com a Jungle queremos proporcionar diversão às pessoas para que elas consigam atravessar toda esta merda que está acontecendo. Temos o problema da pandemia, esta onda de extrema-direita que se espalha pela Europa (e também pelo Brasil), mas com a música, queremos que as pessoas se divirtam e tenham bons momentos. Se não for assim, tudo vai ficar deprimente demais.

Vocês vão celebrar 10 anos de banda no ano que vem. Há algo especial sendo preparado? Vocês já estão pensando nisso?

Talvez façamos uma festinha!!!

Vocês conhecem artistas atuais do Brasil? Gente que está fazendo música atualmente?

Cara, só conhecemos os clássicos. Sempre escutamos discos brasileiros antigos de músicos como Marcos Valle, Gal Costa, algumas coisas de “brazilian disco”. É louco porque existem muitas culturas musicais locais, artistas gigantes em alguns lugares e acabamos não conhecendo. Às vezes vamos tocar em festivais nos Estados Unidos e dividimos palco com bandas gigantes, que nunca ouvimos falar.

 

Serviço

São Paulo

18 de março

LOCAL:
Audio (Av. Francisco Matarazzo, 694 – Barra Funda, São Paulo – SP)

HORÁRIO:
23h

ABERTURA DOS PORTÕES:
20h

Rio de Janeiro

19 de março

LOCAL:
Sacadura 154 (R. Sacadura Cabral, 154 – Saúde, Rio de Janeiro – RJ)

HORÁRIO:
23h

ABERTURA DOS PORTÕES:
20h

Ingressos

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Jota Wagner

Jota Wagner escreve, discoteca e faz festas no Brasil e Europa desde o começo da década de 90. Atualmente é repórter especial de cultura no Music Non Stop e produtor cultural na Agência 55. Contribuiu, usando os ouvidos, os pés ou as mãos, com a aurora da música eletrônica brasileira.

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