Festival DGTL Sao Paulo foto: divulgação

Com promessa de fazer as pazes com SP, DGTL volta neste sábado com The Blessed Madonna e ótima seleção de DJs brasileiros. Falamos com os organizadores

Claudia Assef
Por Claudia Assef

O ano da volta dos festivais, para alegria de um mundaréu de gente, é 2022. Este final de semana marca a volta do DGTL a São Paulo, com três palcos, line-up estrelado e uma missão: fazer as pazes com a cidade.

Sábado é dia de festival DGTL! A agenda dos notívagos de São Paulo (e de muitos turistas) está apertada em 2022. Afinal, a maioria dos grandes festivais, congelados durante a pandemia, está voltando com tudo em uma celebração à dança, à música e principalmente, à vida.

Imagem da primeira edição do DGTL em SP, em 2017. Crédito: Divulgação

Com três pistas de dança, o DGTL São Paulo (braço do festival que nasceu na Holanda), invade o enorme pavilhão do Anhembi e une um estrelado time de DJs brasileiros e internacionais.

The Blessed Madonna, Amelie Lens e I Hate Models são alguns dos destaques internacionais. O time de representantes da música dançante brasileira, no entanto, não perde em brilho e potência: Tessuto, Cashu, Murphy, Mau Mau e Cashu, por exemplo, são uma amostra do que se poderá ouvir nos palcos Modular, Generator e Frequency.

The Blessed Madonna, uma das headliners do DGTL SP 2022. Crédito: I Hate Flash

Além da potência musical, espera-se também do evento deste sábado uma volta às pazes do DGTL com a cidade de São Paulo. É que sua terceira incursão em São Paulo, em maio de 2019, acabou num verdadeiro pesadelo para o festival, depois que vídeos do multiartista Loïc Koutana e de outros performers mostraram condições pra lá de precárias de seus camarins. O público também reclamou muito de pontos básicos da produção, como banheiros, filas gigantescas e gotas de suor que pingavam do teto. Com o endosso das redes sociais, que em peso detonaram a edição, o DGTL viu sua (boa) reputação de até então na cidade, com duas edições bem sucedidas, em 2017 e 2018, jogada no lixo.

A promessa de apaziguar a relação veio em 2020, quando o criador do festival, Jasper Goossen, prometeu uma quarta edição à altura do público de São Paulo, que aconteceria em maio daquele ano. Claro que, por conta da pandemia, o plano teve que ser adiado.

DE BEM COM SÃO PAULO

“Estou muito ansioso por esta quarta edição em São Paulo”, nos conta Goossen diretamente de um hotel em São Paulo. “Não fizemos um festival real nos últimos dois anos por causa da pandemia. Então será um belo esquenta para mim, pois semana que vem faremos o DGTL em Amsterdã. O Anhembi é um lugar conhecido, com boa estrutura. Meus parceiros fizeram um trabalho ótimo de produção e o line-up está incrível”, elogia.

Sobre a mancha que recaiu sobre a marca de seu festival, ele diz: “Fui criado como um cristão, então acredito no perdão. As pessoas cometem erros. E elas podem ser perdoadas. Organizar eventos em parceria, estando a 9.000 quilômetros de distância, é bem difícil. Especialmente quando se faz um evento num lugar que nunca tinha recebido um. A gente aprende com nossos erros. Olhamos para o que aconteceu em 2019 e seguimos em frente pra corrigir. Temos certeza de que as pessoas estarão bem felizes amanhã. Nós amamos o Brasil, as pessoas são maravilhosas e amam festas!”.

“Aprendemos com nossos erros”, diz Jasper Goossen. Crédito: acervo pessoal.

A responsabilidade pela produção do DGTL em São Paulo foi assumida pela agência Be On Entertainment, produtora do Tribe Festival, Warung Tour São Paulo,  Solomun no Autódromo de Interlagos, Circoloco São Paulo, SOM Festiva, entre outros eventos.

Os sócios, Silvio Conchon, Edu Poppo e Du Serena, são nomes reconhecidos da indústria de música eletrônica nacional. Falamos com o produtor (e DJ de longa data) Du Serena sobre o desafio.

Du Serena, um dos organizadores da edição do DGTL SP 2022. Acervo Pessoal

O DGTL era organizado por outra agência no Brasil, mas eles encerraram o contrato e vamos dar continuidade ao projeto. A gente se propôs a assumir esse desafio que é fazer o reposicionamento da marca no Brasil, já que entrega não foi à altura em 2019. Estamos assumindo uma marca que tá em baixa, muito criticada.

“TEM QUE SER PERFEITA”

 

Segundo ele, foram feitas várias pesquisas com o público que esteve na edição de 2019 e o resultado foi muita insatisfação. “É ‘fácil’ pegar um artista como o Solomun e fazer um grande evento. Um festival é muito mais complicado. A gente tá tendo um carinho e um cuidado extra com o DGTL, mas saborear ele depois de entregue vai ser muito legal porque a gente acredita que vai entregar um puta festival e vamos ter sido parte dessa mudança de percepção. Esta edição vai ser o começo de uma repaginação. Vai ter que ser perfeita”, resume Serena.

A maior preocupação do ponto de vista da produção é quanto à estrutura. “Em 2019, tiveram dois ou três pontos críticos. Eu gosto daquele lugar, mas do jeito que ele foi utilizado e pela quantidade de pessoas foi ruim a experiência. Para esta edição, temos estrutura de sobra para o número de pessoas que vamos receber. Escolhemos o Pavilhão do Anhembi porque o DGTL tem esse gosto por galpões, mas é mto difícil achar um com estrutura suficiente para receber esse tanto de pessoas. O layout ficou mto inteligente. Tivemos 19 updates na planta do festival. A gente acredita que com a estrutura que temos dá pra atender tranquilamente 20 mil pessoas – e estamos aguardando entre 13 e 14 mil pessoas. Estamos extrapolando tudo pra cima. Claro que se gasta mais pra fazer, mas a operação permite você trabalhar com folga e atender muito bem as pessoas”, explica Serena.

SUSTENTABILIDADE

O DGTL evento é conhecido por seus esforços no quesito sustentabilidade e já recebeu prêmios por isso, como “Outstanding Award” pelo A Greener Festival Awards e o “Green Operations Award” pelo European Festival Awards.

Entre as ações do festival com intuito de neutralizar seu impacto ambiental este ano, a edição da capital paulista contará com um cardápio de comida exclusivamente vegetariana; uma empresa responsável pela coleta, seleção e destino ao lugar correto de todo o lixo gerado no evento; não será utilizado nenhum copo plástico no festival: o público terá a opção de comprar um copo reutilizável e haverá um desconto na compra de garrafa de água e de cerveja para aqueles que levarem o recipiente vazio ao bar.

O evento começa às 16 horas. Confira o line-up completo:

Serviço:

DGTL São Paulo

Data: 9 de abril
Local: Pavilhão do Anhembi (Av. Olavo Fontoura, 1451, Santana, São Paulo – SP)
Horário: a partir das 16h
Atrações: Amelie Lens, The Blessed Madonna, Innellea, Jan Blomqvist, I Hate Models, Dax J, Denis Sulta, Gerd Janson, Klangkuenstler, Len Faki, Melanie Ribbe, SPFDJ, Suze Ijó & Fafi Abdel Nour, Binaryh, Benjamin Ferreira, Cashu, Junior C, Marcio S, Murphy, Ney Faustini, Pricila Diaz, Renato Ratier, Tessuto e Valentina Luz.
Ingressos: R$ 220 + taxa (3o lote)
Redes sociais: @dgtl.sao
Obrigatório apresentação do comprovante de vacinação.

 

 

Claudia Assef

https://www.musicnonstop.com.br

Autora do único livro escrito no Brasil sobre a história do DJ e da cena eletrônica nacional, a jornalista e DJ Claudia Assef tomou contato com a música de pista ainda criança, por influência dos pais, um casal festeiro que não perdia noitadas nas discotecas que fervilhavam na São Paulo dos anos 70.

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