Bullet for My Valentine e Limp Bizkit Fred Durst, do Limp Bizkit. Foto: b+ca/Divulgação

Bullet for My Valentine e Limp Bizkit proporcionam viagem no tempo em SP

Vitória Zane
Por Vitória Zane

Bandas tocaram no Allianz Parque no sábado, 20, como parte da LOSERVILLE TOUR, que ainda teve Slay Squad, Riff Raff, Ecca Vandal e 311

Os violoncelos ganhando volume e os acordes de guitarra crescendo durante a Intro… Assim como o coração acelerava as batidas e o cérebro revivia as memórias de 20 anos atrás. Presenciar o último show da turnê The Poison, uma celebração ao álbum homônimo lançado pelo Bullet for My Valentine em 2005, foi como reverenciar o passado, agradecer o presente e desejar por mais momentos assim no futuro.

Com 13 faixas, o disco de estreia foi o grande responsável por firmar a banda como uma das maiores influências do metalcore — uma mistura entre metal e hardcore. Não é exagero dizer que foi um dos discos que ajudaram a desenvolver e disseminar a sonoridade pelos anos 2000, e que serve de base para o que hoje podemos chamar de metal moderno.

Parte da LOSERVILLE TOUR — turnê do Limp Bizkit que ainda reuniu Slay Squad, Riff Raff, Ecca Vandal e 311 —, a apresentação em São Paulo, neste sábado (20), foi a última celebrando o legado da obra. Depois de cerca de 80 shows pelo mundo, o Brasil pôde ouvir, ao vivo e na íntegra, Intro, Her Voice Resides, 4 Words (to Choke Upon), Tears Don’t Fall, Suffocating Under Words of Sorrow (What Can I Do), Hit the Floor, All These Things I Hate (Revolve Around Me), Hand of Blood, Room 409, The Poison, 10 Years Today, Cries in Vain e The End, além do bônus Waking the Demon, do álbum Scream Aim Fire (2008), que encerrou uma performance aclamada.

Em sua maioria acima da casa dos 30, o público estava pelo menos 15 anos mais jovem em alma naquela noite. As melodias da guitarra ecoavam pelo Allianz Parque, e o bumbo da bateria impactava quem estava próximo ao palco, fazendo o corpo tremer ao mesmo tempo que a garganta secava por cantar todas as músicas.

Bullet for My Valentine e Limp Bizkit

Bullet for My Valentine no Allianz Parque. Foto: Reprodução/Instagram

Além dos fãs de 20 anos atrás, o Bullet for My Valentine conquistou quem havia ido para ver o headliner da noite: Limp Bizkit. Os elogios após o show mostraram que o grupo foi a escolha certa para substituir YUNGBLUD, que cancelou sua participação na LOSERVILLE TOUR pela América Latina devido à orientação médica após exames realizados pelo vocalista.

Focado no estúdio para finalizar o álbum que pretende lançar em 2026, o BfMV não tinha intenção de dar continuidade à sua própria turnê com uma perna no continente latino-americano, mas aceitou o convite de última hora e teve menos de um mês para se preparar novamente para as sete datas: México, Costa Rica, Colômbia, Peru, Chile, Argentina e, claro, Brasil.

Poucas bandas conseguiriam assumir a difícil tarefa de ter sucesso nas performances, agradar velhos fãs e conquistar novos ouvintes. E o Bullet conseguiu executar tudo com muito êxito.

Bullet for My Valentine e Limp Bizkit

Lucas Madonia e Camila Zuim. Foto: Music Non Stop

“Me sinto com 14 anos novamente. Somos fãs da banda desde o começo, e esse show é muito especial justamente por se tratar do The Poison. Pra completar nossa felicidade, estamos comemorando 13 anos juntos hoje!”, conta o casal Camila Zuim, 35, e Lucas Madonia, 36, de Jundiaí/SP, que vestia camisetas com o logo do quarteto.

Mas e o Limp Bizkit?

O clima de amor também estava entre os fãs de Limp Bizkit. Celebrando o primeiro ano de casamento, Brenda Alegre, 26, e Alex Rocha, 29, vieram de Curitiba para ver os músicos ao vivo pela primeira vez.

“Viemos exclusivamente para isso. A banda marcou muito nossas vidas, e quisemos aproveitar para prestigiar e celebrar tanto nosso casamento quanto a nossa juventude ouvindo as músicas deles”, declaram.

Bullet for My Valentine e Limp Bizkit

Alex Rocha e Brenda Alegre. Foto: Music Non Stop

Entretanto, a atmosfera da performance dos headliners estava mais próxima da desordem do que do romance. Como uma das maiores bandas de nu metal, fez a arena do Palmeiras pular do início ao fim, numa energia caótica que misturava Jesus Cristo e Papai Noel do mosh com uma multidão de pessoas com boné vermelho, em homenagem ao vocalista Fred Durst.

Em quase todas as canções, o grupo americano segue a formula de criar momentos que se desdobram em drops e quase obrigam as pessoas a se manifestarem. É simplesmente impossível ficar parado enquanto a tensão aumenta e explode em refrãos ou solos de guitarra.

Muito comunicativo, Fred jogou os holofotes para os demais membros, principalmente para o DJ Lethal, que comanda a curadoria musical entre faixas. Em determinado momento, ele também convidou os outros músicos que participaram da turnê para subirem ao palco.

Bullet for My Vallentine e Limp Bizkit

O Jesus do mosh. Foto: @thaifragx/X/Reprodução

Sam Rivers, baixista que morreu em outubro, foi relembrado durante todo o show. Além do vídeo em homenagem a ele antes mesmo do Limp Bizkit aparecer, seu nome e seu legado foram reverenciados ao longo da apresentação.

Pedindo para geral celebrar como se estivesse em 1999, a banda também apostou na nostalgia e entregou um repertório com seus maiores clássicos, como Break Stuff — tocada duas vezes, na abertura e encerramento —, My Generation, My Way, Rollin’ (Air Raid Vehicle), Behind Blue Eyes (na qual o público ligou as lanternas dos celulares) e Full Nelson, com direito a fã cantando junto.

Incendiária, assim como os sinalizadores que marcam presença em quase todos os shows — que, lembrando, são proibidos —, a turnê LOSERVILLE nos levou a uma viagem no tempo, em que nada importava além da música.

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Vitória Zane

Jornalista curiosa que ama escrever, conhecer histórias, descobrir festivais e ouvir música.