Dupla formada pelo casal Camila e Rene chegou a eventos como Rock in Rio, Tomorrowland e Lollapalooza depois de ganhar os gringos do Tale Of Us
Formado em 2016 pelo casal paulistano Camila Giamelaro e Rene Castanho, o BINARYH se consolidou nos últimos anos como a principal referência do techno melódico no Brasil — o duo é constantemente referenciado como embaixador do estilo por aqui.
Não deixa de ser curioso, entretanto, como eles precisaram ser chancelados pelo maior projeto de melodic techno do mundo, o italiano Tale Of Us [dono do selo de festas e músicas Afterlife, como você já leu aqui], para que explodissem em terras verde e amarelas, sendo chamados para festivais como Rock in Rio, Tomorrowland e Lollapalooza. É um caminho comum a muitos artistas brasileiros, que precisam ser reverenciados na gringa para então despertar a atenção dos conterrâneos.
Desde 2019, a relação de Camila e Rene com Carmine Conte e Matteo Milleri [os Tale Of Us] vem se solidificando. Começou com os italianos recebendo, curtindo e aprovando todas as demos que recebiam do projeto para tocar nas pistas de dança pelo mundo, o que já era um feito admirável. Passou, então, pelo grande ponto da virada: o encontro pessoal em 2022, nos camarins do primeiro Afterlife São Paulo, onde foram foram avisados que teriam uma música — Seyfert — lançada pela concorridíssima Afterlife Records.
Desde então, são dois releases musicais pela gravadora e convocações constantes para os impactantes eventos audiovisuais da marca ao redor do mundo, que reúnem dezenas de milhares de pessoas. O BINARYH rodou pelas edições de Ibiza, Londres, Nova Iorque e Santiago, além, é claro, de SP. Neste sábado, a dupla toca pela segunda vez consecutiva no rolê, que acontece pela terceira vez no Brasil — a primeira no Autódromo de Interlagos.
Conversei com Camila e Rene sobre a relação deles com Carmine e Matteo e as expectativas para o final de semana.
Flávio Lerner: Como foi que começou a relação do BINARYH com o Tale Of Us? Vocês simplesmente começaram a mandar as demos e eles foram tocando, ou já ali começou a rolar uma troca, uma conversa?
BINARYH: No começo foi mais o lance de enviarmos as músicas e eles saírem tocando, mas com o tempo, fomos nos aproximando e nos tornando amigos de estrada. Mais ou menos no meio da pandemia, já tinhamos os telefones uns do outros, e ficávamos trocando ideia sobre produção. O ponto crucial da nossa relação realmente foi o nosso encontro, cara a cara, na primeira edição do Afterlife no Brasil. Lá, aconteceu tudo pra gente.
O que vocês acham que fez com que o duo italiano tocasse 100% das demos que vocês mandaram a eles?
As nossas músicas são muito feitas pra pista, fortes e marcantes. Todas as vezes que tivemos a oportunidade de vê-los tocando nosso som, seja ao vivo ou pela internet, é visível como a pista se mexe. Temos orgulho de dizer que nossas criações têm muita energia e qualidade sonora. E sendo o Tale Of Us artistas e curadores superexigentes, eles conseguem perceber o cuidado que temos na produção.
Em 2022 veio Seyfert, e logo depois, vocês começaram a ser chamados com frequência para as festas do Afterlife. Vocês sabem exatamente o que o Tale Of Us viu de especial no seu projeto?
Além das músicas marcantes, nós temos uma imagem e presença de palco muito fortes. O Rene é superexpressivo tocando, e a Camila não para de se mexer um minuto. Temos um brilho diferente, a gente sabe mexer com a pista, interagir com o público… Dá pra perceber que cada artista Afterlife tem características muito particulares, que diferem uns dos outros. No caso nós temos esses superpoderes aí =)
E, claro, sempre deixamos transparecer a nossa verdade.
E qual foi o tamanho do impacto desse abraço na carreira de vocês? Foi o maior ponto de virada da sua trajetória?
Com certeza. É muito difícil lançar nesse label, e depois de tanto tempo mostrando que o Tale Of Us tocava nossas músicas, o próprio público estava esperando por esse momento. A gente sente o impacto em diversas frentes, tanto no respeito que conquistamos de outros artistas quanto na nossa agenda, no tamanho das festas que a gente toca.
Foi depois do Afterlife que surgiram oportunidades como Rock in Rio, Lollapalooza, Tomorrowland… Estamos em um momento de expansão na América Latina e, atualmente, se formos comparar a quantidade de vezes que tocamos dentro e fora do Brasil só neste ano, as datas estão bem equilibradas. Essa expansão veio justamente por fazer parte de um time, de uma label que é superdesejada.
Vocês estão indo para a sua sétima gig dentro do Afterlife em um ano e meio, enquanto, no mesmo período, somam dois lançamentos pela gravadora. É mais difícil conseguir ter uma música lançada? Existem planos para um primeiro lançamento solo do BINARYH na Afterlife?
Planos a gente sempre tem, o que nos falta é tempo pra conversar cara a cara pra esse lançamento solo sair. Mas vai acontecer =)
Vocês têm uma história especial com a Afterlife São Paulo. Na primeira edição, conheceram pessoalmente os italianos e ouviram deles que Seyfert seria lançada. Na segunda, se apresentaram, o que vai se repetir nesta terceira. O frio na barriga é o mesmo?
A gente sempre diz que o dia que não tiver mais frio na barriga, a gente para tudo e faz outra coisa da vida. A ansiedade é constante e nos acompanha por todo lugar. Como a gente já tocou nesse formato grandioso de produção lá no Chile, criamos expectativas pra ver tudo montado por aqui, e em reencontrar pessoas de bastidores que são muito queridas e que só conseguimos ver nessas ocasiões.
O que o público pode esperar dessa uma hora e meia de set?
Nós estamos com quatro músicas novas incríveis e que serão estreadas nessa edição do Afterlife, sendo um feat com a cantora e compositora ucraniana Airis Vasilieva e três collabs: uma com Khainz, outra com Kasia e a última com o brasileiro Mariz, que inclusive é aluno nosso na comunidade de audio do Andre Salata e tá arrebentando com produções muito consistentes.
Além disso, vamos tocar algumas próprias que os fãs sempre pedem, além de promos de amigos e futuros lançamentos da nossa label DECØDED. Em termos de música, podem contar com um set repleto de novidades. Vai ser um show pra dançar e se emocionar.