Primeira edição da Afterlife São Paulo foi em 2022, na ARCA. Foto: Divulgação

Como uma dupla de DJs apostou forte no ‘storytelling’ e construiu um dos eventos mais cobiçados do planeta

Jota Wagner
Por Jota Wagner

Pela terceira vez, o grandioso festival Afterlife chega a São Paulo

Quem assiste pelo lado de fora pode ter a impressão de que festa de música eletrônica “é tudo igual”. A constância rítmica das batidas, aquele mundão de gente dançando, cenografia caprichada e efeitos de luz voando por todo o galpão podem, sim, ser comuns a muitos eventos.

No entanto, aqueles que já nascem com uma concepção pensada, a ponto de contar uma história desde seus primeiros passos, dão vários saltos no tabuleiro. E assim é a saga do Afterlife, um evento que rapidamente ganhou o mundo aliando o techno melódico a um conceito visual incrível e um repertório de locações bacanudas para seus rolês.

O evento, que acontece pela terceira vez em São Paulo neste sábado (24), no Autódromo de Interlagos, nasceu da união de dois DJs, Matteo Milleri e Carmine Conte, para o projeto de produção musical Tale Of Us. Ambos se conheceram em um curso em Milão em 2008, e ganharam destaque em um cenário que começava a ganhar corpo no mundo da música eletrônica: o techno melódico, versão mais “transcendente” de estilos como o techno e o house progressivo, ideal para grandes arenas.

O Tale Of Us foi pioneiro em sua sonoridade, e é até hoje reconhecido como o principal expoente da vertente, que tem também nomes como Adriatique, Mind Against, Kevin de Vries e Inellea como alguns de seus maiores destaques. A boa recepção de seu projeto musical, na primeira metade dos anos 2010, levou a dupla a começar uma festa autoral em Ibiza, em 2016 — mesmo ano em que fundaram a Afterlife Records, que igualmente se consolidou como uma das maiores instituições quando o assunto é melodic techno.

Pela primeira vez, o público teve contato com o conceito de festival, ficção e consciência que o duo aplicava aos seus rolês. As projeção visuais propõem um certo sincretismo entre o humano e o tecnológico, transformando a Afterlife em uma espécie de cinema musicado.

O itinerário da Afterlife seguiu gabaritando as grandes metropolis do planeta desde então. Nova Iorque, Barcelona, Santiago, Tulum, Londres, Buenos Aires, Madrid, Bucareste, Amsterdã, Atenas… e agora, pela terceira vez, São Paulo. Do ambiente praieiro de Ibiza, o festival assumiu sua versão cosmopolita, urbanoide até.

Aqui no Brasil, o Tale Of Us divide o palco com Cassian B2B Kevin De Vries, a brasileira internacionalmente bombada ANNA, a dupla paulista BINARYHOmnya, além dos projetos paralelos de Milleri (Anyma) e Conte (MRAK).

O Autódromo de Interlagos é a locação predileta para eventos gigantescos, como Lollapalooza e The Town. Por isso, impressiona ter sido escolhida, pela primeira vez, para uma festa que tem, como trilha sonora, um gênero específico da música eletrônica. O techno melódico, pelo menos na visão do Tale Of Us, está grande.

Veja mais cenas incríveis da Afterlife:

Serviço

Afterlife São Paulo

Data: 24 de fevereiro (sábado)
Horário: 
Abertura dos portões às 18h30; shows a partir das 20h
Local:
Autódromo de Interlagos: Av. Sen. Teotônio Vilela, 400 – Jardim Malia I, São Paulo/SP
Entrada: Lotes 3 e 4 a partir de R$ 420,00 via Ticketmaster
Atrações: Tale Of Us, Cassian B2B Kevin De Vries, ANNA, BINARYH, Omnya, Anyma presents Genesys e MRAK presents We Don’t Follow
Daft Punk
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Jota Wagner

Jota Wagner escreve, discoteca e faz festas no Brasil e Europa desde o começo da década de 90. Atualmente é repórter especial de cultura no Music Non Stop e produtor cultural na Agência 55. Contribuiu, usando os ouvidos, os pés ou as mãos, com a aurora da música eletrônica brasileira.

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