Arcade Fire Arcade Fire – foto: divulgação

Arcade Fire! Listamos 15 curiosidades e spoilers sobre WE, disco que será lançado na próxima sexta-feira

Claudio Dirani
Por Claudio Dirani

Arcade Fire entra em nova era: confira 15 curiosidades sobre “WE”, o sétimo álbum dos canadenses

Às vésperas de promover Reflektor pelos palcos do planeta em 2014, o Arcade Fire flertava com um status que não aspirava alcançar em sua estreia em disco na década anterior.

Em um perfil escrito por  nas páginas da Rolling Stone, o jornalista questionou os leitores com uma certa dose de irreverência: Josh Eells“Poderá o Arcade Fire se tornar a maior banda do mundo?”.

Mesmo não atingindo o ambicioso patamar, o combo guiado pelo casal Win Butler e Régine Chassagne extrapolou os limites da cena indie – e com folga.

Desde então, o mundo não só rodou, como capotou para os canadenses. Cinco anos depois de apresentar Everything Now – o quinto da discografia – o grupo agora encara transformações profundas em seu núcleo, mas sem perder a tradicional essência criativa e ativista. 

Apesar de perder um de seus alicerces, o multi-instrumentista e compositor, Will Butler, o Arcade Fire se prepara para revelar aos críticos e fãs um disco com um título que não poderia ser mais antagônico: WE, que inclui participações do já desgarrado e mais jovem dos Butlers no repertório.

A seguir, você confere uma série de deliciosas novidades e curiosidades sobre a carreira e o novo trabalho do coletivo fundado em Montreal e Quebec – e que um dia foi apadrinhado por ninguém menos que David Bowie.

Mais de 365 dias antes do lançamento programado de We, o Arcade Fire surpreendeu fãs e críticos com a inusitada “Memories of the Age of Anxiety” – uma composição instrumental de 45 minutos lançada exclusivamente no aplicativo de meditação Headspace

 

Ao examinarmos o tracklist de WE, afirmamos sem riscos que “Memories of the Age of Anxiety” enfrentou severa metamorfose e edição, além de ganhar letras. As faixas 1 e 2 do álbum são, respectivamente, “Age Of Anxiety I” e “Age Of Anxiety II (Rabbit Hole)”.

 

Quem compareceu aos eventos beneficentes em prol da Ucrânia no Tolouse Theater, em Nova Orleans, dias 13 e 14 de março, foi brindado com as respectivas versões ao vivo de “Age Of Anxiety” Confira aqui:

 

 

Dois dias após disponibilizar “The Lightning”, o Arcade Fire tocou as duas versões do single no Bowery Ballroom, dia 19 de março, em Nova York. 

 

Mais um aperitivo de We debutou ao vivo antes de sua estreia oficial: “Unconditional I (Lookout Kid)”. Aqui você curte a performance de estreia no festival de Coachella, em 15 de abril.

 

 

“Unconditional II (Race and Religion)” apresenta um reforço de peso às gravações de WE: o ícone britânico, Peter Gabriel. O vocalista original do Genesis empresta seu talento nos vocais da segunda versão música, resgatando, assim, sua admiração pelos canadenses. Em 2010, Gabriel incluiu no tracklist de Scratch my Back sua versão para “My Body Is a Cage”, lançada pelo Arcade Fire em Neon Bible.

 

Renomado por sua consagrada parceria com Radiohead & associados, um outro britânico – Nigel Godrich – divide os créditos de produção em WE. O disco foi gravado e mixado em diversas locações entre 2019 e 2021: Nova Orleans, El Paso, e Mount Desert Island, 

Sobre “The Lightining”, Win Butler destacou o cenário desolador do Texas como berço de seu registro em estúdio.

“Ela foi gravada com Nigel Godrich em El Paso, Texas, às sombras do muro na fronteira com o México”, apontou Butler. “Foi no ápice da crise de Covid – e El Paso estava no epicentro da pandemia nos EUA. Eles usaram prisões para abrigar os corpos porque os necrotérios estavam lotados e o sistema de saúde, completamente sobrecarregado”, revelou.

O tema ‘eleições presidenciais’ também dominou o ambiente de produção de WE. Win Butler relembra: “Nunca esquecerei quando terminamos a versão final de The Lightning. Fomos até nosso espaço comunal ao ar livre onde assistimos na TV os resultados e vimos que Trump havia perdido a eleição”, celebrou o músico.

“The Lightning I, II” trás consigo diversas influências que o Arcade Fire absorveu em quase duas décadas de estrada. Os vocais do single foram inspirados pelas vozes de refugiados haitianos, enquanto os versos da música trazem “o otimismo de meu filho (Edwin, de 8 anos) vivendo em um paraíso, sob um céu poluído”, segundo Win Butler. 

“The Lightining I,II” foi transformado em videoclipe pelas mãos da diretora Emily Kai Bock, que retoma a parceria com o Arcade Fire após seu premiado trabalho em “Afterlife”, do álbum Reflektor, vencedor do UK Music Video Awards como Melhor Vídeo Alternativo Internacional. 

 

 

Devoradores de livros, o Arcade Fire batizou seu sexto disco com o título de WE, emprestado da obra de ficção escrita pelo russo Yevgeny Zamyatin entre 1920 e 1921. O livro apresenta ao leitor uma sociedade esculpida na perfeição, mas controlada por líderes opressores, inspirados pelos protagonistas da Revolução Russa de 1917, vivida na pele pelo próprio Zamyatin. We (traduzido literalmente no Brasil como “Nós”) serviu de inspiração para George Orwell compor sua obra-prima “1984”.

WE representa a reta final (ao menos, por enquanto) de Will Butler como membro do Arcade Fire. O anúncio de sua saída foi confirmado em sua conta oficial no Twitter.

 

“Deixei o Arcade Fire no final do ano passado, depois de completar o novo álbum”, revelou Will. “Não houve qualquer outro motivo além de ter mudado – e da banda ter mudado nos últimos 20 anos. É tempo para coisas novas. Estou trabalhando em um novo disco e na trilha de uma peça de teatro de David Adjmi”, concluiu a thread.

Perto de completar 40 anos (o aniversário de William Pierce Butler é em 6 de outubro), o agora ex-Arcade Fire já deu à luz três discos solo: Policy (2015), Friday Night (2016) e Generations (2020)

Não poderíamos finalizar a matéria sem resgatar David Bowie na história do Arcade Fire. Em 2005, o Camaleão afirmou à Rolling Stone: “Sou o último a ter uma resposta (sobre o futuro da banda). Mas se eu tiver de prever alguma coisa, afirmo que eles serão gigantes na Europa e no Reino Unido, da mesma forma que Hendrix e os Pixies, prognosticou. “Isso é bastante comum com as bandas norte-americanas mais aventurosas. América ficará para trás uns seis meses ou um ano e depois irá cooptá-los”.

Apesar de humilde, a previsão de Bowie se concretizou. Após a estreia de Funeral apenas no 123º lugar da Billboard em 2004, o sucessor Neon Bible logo ocuparia a 2ª posição nas paradas americanas em 2007.

 

 

Claudio Dirani

Claudio D.Dirani é jornalista com mais de 25 anos de palcos e autor de MASTERS: Paul McCartney em discos e canções e Na Rota da BR-U2.

× Curta Music Non Stop no Facebook