O ano de 2020 tem sido um desafio imensurável para todo o mundo, é um consenso. Porém, enquanto a humanidade, um dia a pós o outro, se equilibrava (e segue assim) entre o desespero e a esperança, eles estiveram lá.
Especialistas em despertar em nós algo que talvez pudesse nos lembrar que estamos vivos e quem sabe, nos salvar… do futuro, do passado e de qualquer presente amargo: são eles, os artistas. Num momento tão delicado para a humanidade como o que vivemos atualmente a arte foi bálsamo para apreciadores, desavisados e poetas, seja lá qual fosse sua linguagem. Com destaque para a música, que se faz presente no cotidiano da maioria dos brasileiros, essa, parceira de longa data, e que escreve junto com a gente todas as nossas histórias. Entre tantos corações que resistiram e conseguiram atravessar esse ano criando, elencamos alguns artistas que venceram os obstáculos impostos pela pandemia e lançaram trabalhos nesse ano, colaborando, quem sabe, com a nossa cura. Listamos as melhores de 2020, mas tem muita braba na pista para você conferir.
MATHEUS ALELUIA – OLORUM
Olorum (2020, Selo Sesc), terceiro álbum de Mateus Aleluia em carreira solo, pode ser considerado um respiro em meio ao turbulento 2020. “Olorum / sai do seu reino e vem nos ver / Olorum / Seu povo está cansado“, entoa o artista, algo entre oração e súplica a divindade criadora do mundo, da humanidade e dos Orixás na mitologia Yorubá. Em Olorum o músico de 76 anos revisita, reformula e expande tudo o que vem produzido desde a década de 1970, quando integrou d’Os Tincoãs, revolucionando a música brasileira ao incorporar cânticos do candomblé, filosofias africanas e a força ritualística dos terreiros ao samba. Olorum da sequencia aos anteriores Cinco Sentidos (2010) e Fogueira Doce (2017), dividindo-se de forma fluida entre o repouso e celebração.
SOUTO MC – RITUAL
Caroline Souto tem quase 10 anos de rap. Com 25 de vida, a MC originária do bairro da Penha, zona norte paulistana, teve seu primeiro contato com o hip hop logo na infância. Criada em Itaquaquecetuba, grande São Paulo, sempre ouviu rap e samba por conta de sua família, extremamente movida a música. Uma mulher ascendente do povo Kariri por parte de pai, que cresceu no maior centro urbano do país, Souto nos últimos anos busca fortalecer o contato com os povos indígenas que ainda vivem no estado de São Paulo e fora dele. Um resgate da sua história, a valorização da ancestralidade, da sua herança, saber de onde veio para responder questões que sempre se fez ao longo da vida.
Ritual apresenta 8 faixas autorais inédita e conta com participações e convidados que fazem parte da história da rapper como Pedro Netto, pai da rapper que abre o disco com uma poesia, Nenê Cintra interpreta a música Altamira (composição Souto e Giovani Felizate), Bia Ferreira participa em Festa e Fartura, Kunimi MC, Rodrigo Ogi na música Rezo, Jean Tassy participa na faixa Poente. As músicas levam a assinatura dos produtores musicais Pedro Turra & Rafael Campanini do VERSO, braço fonográfico da produtora de áudio A-Gandaia com beats produzidos por Iuri Rio Branco e Ganga Prod.
Através do rap a artista vai ao encontro de suas as raízes, pontuando o entendimento que a identidade indígena será preservada, comprometida com a continuidade da história de seus ancestrais. Presente no trabalho se encontra a regionalidade da música caipira, batidas e instrumentos percussivos que ecoam da música que acompanha a vida e história dos povos originários desse continente e de Africa.
LUEDJI LUNA – BOM MESMO E ESTAR DE BAIXO DAGUA
Segundo e mais recente trabalho de estúdio da cantora e compositora baiana Luedji Luna, Bom Mesmo É Estar Debaixo D’água (2020, Independente) revela corpos, versos, batidas, melodias e sentimentos em arranjos detalhistas e maravilhosamente profundos. A obra se apresenta entre continuação e singela desconstrução de tudo o que a artista havia testado em algumas de suas criações lançadas.
O trabalho que conta com produção minuciosa de Kato Change, guitarrista queniano que já trabalhou com nomes como Aloe Blacc e Seun Kuti, faz de cada composição um estímulo para a faixa seguinte, que ao todo, se configuram num profundo mergulho nas emoções e memórias da artista. São batidas e vozes que se espalham em caminhos arrojados, surtindo a sensação de diversas obras sobrepostas e combinadas em um único registro. “Se em Um Corpo no Mundo eu buscava uma África ancestral, em Bom Mesmo é Estar Debaixo D’água eu busco uma África moderna, atualizada“, explicou no texto de apresentação da obra. Entre as participações, destaca-se a composição e interpretação da escritora Conceição Evaristo em “A Noite Não Adormece nos Olhos das Mulheres” que antecede “Ain’t I a woman?”, que faz referencia ao livro de Bell Hooks sobre feminismo e a experiência da mulher negra.
ED ROCK – ORIGENS PT. 2
Edi Rock lançou o álbum “Origens” e, um ano depois, o rapper que fez história ao lado do grupo Racionais MC’s entrega em 2020 “Origens Parte 2” (pela Som Livre). Como o nome diz, é uma invariável continuação do trampo anterior, mas, aqui, o MC que é uma das pedras fundamentais do rap brasileiro vai ainda mais longe. Retornando às suas raízes no Rap em 15 faixas, com letras fortes e batidas bem marcadas, o disco traz participações especiais de um time de artistas talentosos, que mescla veteranos e novos talentos da cena do hip hop como o amigo de longa data MV Bill, MC Sombra e Big da Godoi, nas faixas “Dinheiro”, “Paranóia” e “Dá um grito”, respectivamente. Jorge Du Peixe, integrante e vocalista da Nação Zumbi, aparece em “Vai”, e em “De Angola” Edi rima ao lado de Flacko, um dos novos nomes da cena trap, assim como Lourena, responsável por emprestar sua voz à música “Liberdade”, trazendo ainda um feat com Morcego. “Vai Chover”, por sua vez, é fruto da parceria do rapper com Guto GT. Fechando a lista de participações, colabora com a obra o nigeriano-americano Meaku, que agrega um afrobeat sincopado na faixa “Heads Up”.
ed
Completam as 15 faixas do disco as também inéditas “Grão de Areia”, “Tá Tendo” e “Som de Iemanjá”, além das duas únicas conhecidas do público até então: ” Vidas Negras”, lançada em junho deste ano, no auge dos protestos motivados pelo movimento #BlackLivesMatter, e ” Só Deus”.
JUP DO BAIRRO – CORPO SEM JUIZO
“Corpo Sem Juízo” (2020, Independente) é o nome de seu primeiro EP solo onde a artista investiga cruzamentos entre o rap, o pop e a música eletrônica. Anteriormente, Jup trabalhou de diferentes formas ao lado de Linn da Quebrada, em projetos como o disco “Pajubá” (2017), o programa “TransMissão”, no Canal Brasil, e o filme “Bixa Travesty” (2019), de Claudia Priscilla e Kiko Goifman – premiado com o Teddy Award de melhor documentário no Festival de Berlim. Multiartista, Jup do Bairro encontrou na arte um veículo para a transformação do mundo e a investigação de si mesma. Nascida no Capão Redondo, periferia de São Paulo, Jup se jogou nas artes de forma autodidata, atuando como educadora, palestrante, styling, atriz, cantora, performer, produtora de eventos e apresentadora, colocando em primeiro plano questões que atravessam seu corpo de travesti, preta, gorda e periférica. Com produção de Badsista e participações especiais como Deize Tigrona, Lin da Quebrada e Rico Dalasam, o EP, que teve sua produção viabilizada via arrecadação online coletiva, mostra que Jup, seu talento e sua força transgressora provocativa veio para ficar.
MARCELO D2 – ASSIM TOCAM MEUS TAMBORES
Criado de forma multimídia, Assim Tocam os Meus Tambores (2020, Pupila Dilatada) é uma obra de essência coletiva. Produto do isolamento social causado por conta da pandemia de Covid-19, o trabalho produzido e gravado em um processo aberto, em mais de 150 horas de transmissão pelo Twitch, mostra o esforço do rapper carioca em estreitar a relação com diferentes nomes da cena brasileira, mesmo distante de grande parte deles. São fragmentos de vozes, batidas, arranjos e rimas que se entrelaçam em um fluxo contínuo de pensamento, estrutura que embala a experiência do ouvinte do momento em que o álbum tem início, em Bem-Vindo Meus Cria, até a derradeira Pelo Que Eu Acredito.
Uma vez imerso nesse cenário marcado pelas possibilidades, D2 garante ao público, também presente no processo de composição do trabalho, uma de suas obras mais diversas. Do momento em que tem início, na já citada Bem-Vindo Meus Cria, o artista carioca e seus colaboradores parecem brincar com a criativa colagem de ritmos, mudando de direção mesmo dentro de cada faixa.
RICO DALASAM – DOLORES DALA GUARDIAO DO ALIVIO
Primeiro trabalho de inéditas de Rico Dalasam em três anos, Dolores Dala Guardião do Alívio, renova a força de suas rimas, tratando de romances e vivências acumuladas pelo artista paulistano com sensibilidade, musicalidade e voz ímpar. Um misto de dor e alívio, recolhimento e transformação, Rico apenas aprimora o brilhante trabalho que vem desenvolvendo ao longo dos anos. Com produção dividida entre Mahal Pita (BaianaSystem), Dinho Souza e o próprio artista, o trabalho de cinco faixas nasce como um produto das memórias e experiências pessoais que tumultuaram a vida de Dalasam nos últimos anos. “Porque a melhor versão de nós nunca foi na agonia, na confusão dos ódios, na distração dos brancos … E a gente ainda é a parte viva do mundo“, reforça na introdutória DDGA.
BIVOLT – BIVOLT
O primeiro trabalho da paulistana Barbara Bivolt, que ja há um tempo é destaque na cena hip-hop, traz 14 faixas, todas de sua autoria. Composta pelas frequências 100 e 220, o disco tem a direção do Nave. Entre as participações, Xênia França, Tasha & Tracie, Tropkillaz, Dada Yute, Jé Santiago e Lucas Boombeat dividem os vocais com Bivolt. Destaque para a inovação audiovisual que acompanha o lançamento. Com Bivolt (2020) Barbara explora ainda mais seu talento, voz e a potencia de suas composições e olhar como artista. A artista, que exalta a independência e o amor próprio que muitas vezes pode ser mal interpretado como egoísmo, releva essa e outras características que tornam seu trabalho inconfundível em suas canções e a forma como se desenham no caminho trilhado pelo disco.
DJONGA – HISTORIAS DA MINHA AREA
O quarto álbum de estúdio de Djonga. Sequência ao material apresentado em Heresia (2017), O Menino Que Queria Ser Deus (2018) e Ladrão (2019), o disco, tradicionalmente publicado no dia 13 de março, mais uma vez acompanhado de Coyote Beatz, com quem divide a produção das faixas desde o primeiro trabalho de estúdio, Djonga traz versos marcados pela poesia que trata de conquistas, medos e crises existencialistas vivenciadas pelo artista mineiro. Em Historias da Minha Area Djonga costura memórias com a celebração do presente, passando por sua infância nas ruas de Belo Horizonte às conquistas que se acumulam desde a estreia com Heresia.
Histórias da Minha Área tem participações especiais de nomes como a cantora, compositora e atriz mineira Bia Nogueira em “O Cara de Óculos”, em uma espécie de introdução as faixas distribuídas nos 35 minutos seguintes. Outra participação que marca o trabalho é do MC Don Juan em “Mania”, agregando influências do funk na sonoridade do músico mineiro, além da rapper Cristal, rapper que vem se destacando na cena nacional, selando o disco em “Deus Dará”. Já em “Gelo”, as parcerias aparecem com NGC Borges e FBC.
KIKO DINUCCI – RASTILHO
Quem canta é a madeira“. A frase extraída do texto de apresentação de Rastilho (2020, Independente), segundo álbum de Kiko Dinucci em carreira solo, funciona como um indicativo claro do caminho percorrido pelo músico paulistano durante toda a execução da obra. Livre da urgência, personagens escusos e ambientações urbanas que marcam as canções do antecessor Cortes Curtos (2017), o guitarrista do Metá Metá e colaborador de nomes como Elza Soares e Jards Macalé passeia em meio fórmulas pouco usuais e paisagens sertanejas, fazendo do violão solitário e lirismo psicodélico das vozes ecoadas a ponte para um universo fantástico, como um refúgio conceitual que costura passado e presente de forma sempre delirante.
Não por acaso, Dinucci escolheu a instrumental Exu Odara como música de abertura do disco. De essência atmosférica, a faixa aponta a direção seguido durante toda a produção do trabalho. São movimentos sempre calculados do violão, como se cada nota disparado pela mão direita do artista arrastasse o ouvinte para o núcleo da obra. Exemplo disso está na sertaneja Marquito, composição que une forma e movimento de maneira detalhista, gerando a imagem de um ambiente árido, como um passeio pelo sertão nordestino, experiência que se reflete até o último instante do disco.
VITOR XAMA – COBRA CORAL
Em tempos de pandemia e isolamento o rapper, cantor, compositor e produtor musical manauara Victor Xamã lançou o EP, Cobra Coral (2020), refletindo a respeito do confinamento de um ponto de vista particular e introspectivo. Xamã se mudou de Manaus para São Paulo com objetivo de diversificar os rumos de seu trabalho, mas surpreendido com a pandemia o manauara apresenta com esse trabalho o resultado de uma viagem interna em 5 faixas, intituladas “Todos os Desejos no Teu corpo Nu”, “Cédulas de Diferentes Tons”, “Cobra Coral”, “San Pablo” e a faixa bônus “Amanheceu Nublado”, estas que também tratam dos caminhos percorridos até a terra da garoa e a saudade dos amigos que ficaram na terra natal.
A inspiração para o nome “Cobra Coral” veio da história contada por seu pai quando o rapper era uma criança, Victor avistou o animal na rua enquanto brincava. “Meu pai me contou que ela não só é venenosa, como também contou que na Umbanda existe um caboclo que possui o mesmo nome e que ele trabalha com a energia das matas se apresentando de forma tranquila, concentrada e sábia”, relembra Xamã.
O EP teve as fases de mixagem e masterização feitas exclusivamente por Victor num espaço de duas semanas, o EP conta com parcerias que já são conhecidas no trabalho do rapper, como João Alquímico (AM), Mayer Herrera (AM) e Davzera (BA), e a estreia de Gabi Farias (AM), Elizeu Costa (AM), RafaTronxo (AM), RVL$ (AM), Neguim (SP) e Yung Buda (SP) nas colaborações. “Cobra Coral” é o terceiro trabalho do rapper, que anteriormente lançou os álbuns “Janela” (2015) e “VE,CG” (2017), respectivamente.
EP QUEBRANTE FEAT. LURDEZ DA LUZ
Em 2020 fomos presenteados pelo novo e surpreendente 7 polegadas do combo Quebrante, que apresenta um par de sons com uma levada totalmente influenciada pelo reggae – ou nu-dub, de acordo com a definição do baixista e produtor Matthieu Hebrard, que, ao lado do DJ e programador Wil Robson, é um dos idealizadores do projeto, fundado lá no comecinho dos anos 2000.
O grande barato das faixas “Hey Man” e “Pégasus”, respectivamente os lados A e B do compacto, é a participação da MC e cantora Lurdez da Luz. Veterana da cena paulistana e indiscutivelmente uma das maiores MCs do país, a artista chega junto com muito estilo, a ginga e o flow característicos, e o resultado é sensacional. Mistura de reggae, funk e soul-jazz, a cozinha do Quebrante é uma cortesia do baterista Bruno Buarque, do guitarrista Allan Spirandelli, e dos próprios Matthieu (no baixo) e Will (na programação e nos synths). Totalmente adequado ao pique orgânico da banda, o estilo de Lurdez passeia por uma mistura de referências que vão das minas do rap old school norte-americano – como o grupo Sequence ou a rapper Sha-Rock, do combo Funky 4 + 1 – às grandes cantoras do roots reggae, como Marcia Griffiths e Jennifer Lara. E é justamente o ritmo jamaicano que inspira ambas as músicas, que exalam balanço, cadência e sensualidade.
Com uma tiragem de 250 cópias, o disquinho conta ainda com alguns coringas: 1. A presença de Kiko Dinucci em “Pégasus”, arrepiando na programação, nos teclados e synths; 2. A direção de arte da capa, que ficou por conta do grande DJ e artista gráfico MZK, que conseguiu traduzir, bem ao seu estilo, a essência do som; 3. Ambas as mixagens ficaram a cargo de um verdadeiro especialista quando o assunto são os timbres da ilha caribenha, Victor Rice. Merece as melhores de 2020.
FLORA MATOS – DO LADO DE FLORA
Após 3 anos do lançamento de Eletrocardiograma, Flora Matos retorna com seu novo trabalho de estúdio, intitulado Do Lado de Flora (2020). O disco composto, produzido e gravado pela artista traz canções de amor, reflete sobre o ambiente profissional da música, conflitos internos e música, com faixas marcadas por rimas, vocais e beats que mesclam potência e impacto com uma atmosfera suave.
Com participação especial do rapper MV Bill, em Valeu, o trabalho que levou quase dois anos até ser finalizado teve algumas de suas composições apresentadas ao público nas últimas semanas. É o caso de I Love You e Boy Magia. O registro ainda chega acompanhado de uma nova versão para Me Ame Em Miami, faixa originalmente apresentada pela artista durante o lançamento de Eletrocardiograma.
BRISA FLOW – FREE ABYA YALA
Como indica na página da artista no youtube, Free Abya Yalaé o tema principal do EP de fresstyle/ improvisação jazz e rap de Brisa Flow, artista expoente da música atual produzida no Brasil. As canções abordam temas da América Latina como política extrativista, amor, resistência e herança dos povos nativos em nossa arte, segundo a artista. Na apresentação do trabalho a mc conta que “Abya Yala” no idioma do povo Kuna é o nome dado ao território da América Latina e tem sido aderido pelo movimento anti colonial ou decolonial e pelos povos originários como forma de negar o nome “América” que vem de “Américo” e “Latina” que vem do “latim”, idioma que dizimou e invisibilizou as línguas nativas de mais de 800 povos indígenas que resistem a sua colonização há mais de 500 anos. Como ela mesma define, o termo “Free” vem pela liberdade desse território, fértil e de belezas naturais incríveis, que desde da colonização os povos indígenas – guardiões da floresta, ainda lutam para proteger.”Free” também para designar freestyle – reverenciando a cultura Hip Hop e o Jazz como expressão artística de resistência e inspiração para o exercício de improvisação do EP. Presença garantida entre as melhores de 2020. Todas as músicas foram criadas de forma improvisada no próprio momento da gravação, as melodias, os ritmos e as letras. Trechos retirados de pensamentos soltos escritos de Brisa Flow.