
Quem foi Keith Nunnally, uma das vozes mais importantes da house music
Cantor americano faleceu no último dia 07 de setembro, aos 77 anos de idade
“Foi a sua voz que levou a house music para o resto do mundo.” Assim o descreveu Rocky Jones, lamentando a morte de Keith Nunnally, no último dia 07 de setembro, aos 77 anos de idade. Jones é o fundador de uma das mais icônicas gravadoras dedicadas à house em Chicago, a DJ International. Contratou e conheceu o cantor estadunidense a fundo. Com o projeto JM Silk, ao lado de Steve “Silk” Hurley, lançou grandes hinos houseiros como Jack Your Body e Music is the Key, a partir do final da década de 80, chegando a figurar no primeiro lugar das paradas britânicas antes mesmo de ter colocado os pés fora de seu país natal.

Sua morte veio a público através de Silk. “Hoje, meu coração se aperta enquanto processo a perda de meu querido amigo, cantor e parceiro criativo no JM Silk. Juntos, formamos uma apresentação pioneira na house music, que nos abriu caminho em clubs ao redor do mundo. Desde sempre, nos unimos e dividimos a mesma paixão em constantes turnês”, declarou em suas redes sociais.
Quando Rocky Jones falou da voz que levou a house para o mundo, estava falando especificamente de Jack Your Body, lançada por seu selo em 1987. A primeira track de house a atingir o primeiro lugar nas paradas britânicas foi um dos hinos do chamado “Segundo Verão do Amor”, a explosão cultural da música eletrônica na Europa, a partir da ilha de Ibiza, então um reduto festeiro alternativo.
Abriu a porta (chegando com os dois pés) para a música eletrônica underground estadunidense, dando espaço para a chegada de uma manada de outros produtores, DJs e faixas. Foi Jack Your Body, através da voz de Keith Nunnally, a responsável por fazer com que os europeus se interessassem em saber o que era aquela tal cultura de clubes que rolava em Chicago.
E não foi preciso muita estrepolia vocal. A canção produzida por Silk tinha apenas a frase “jack your body”, meio falada, repetida à exaustão. Um minimalismo poético que se contrapunha ao que era feito na música pop até então. O single em vinil foi lançado em agosto de 1986 em Chicago e perambulou por ali até ser relançado novamente no Reino Unido, em janeiro do ano seguinte. Foi esse relançamento “nacional” o responsável por levá-lo ao topo do ranking.
A track, de produção relativamente simples, introduziu ao mundo esse tal de Jack — na verdade uma gíria local para rebolar, balançar, dançar. Poucos meses depois, Larry Heard (o Mr. Fingers) pegou carona na introdução feita pelo amigo e lançou My House, sampleando uma gravação vocal feita por Chuck Roberts, o “reverendo” da música eletrônica, imitando um sermão de pastor batista, exaltando a cultura house de Chicago. A primeira e conhecidíssima frase da música era “In the beginning, there was Jack…”.
O último lançamento de Keith Nunnally foi So Satisfied, em 2018. Em 2024, participou de sua última apresentação pública, ao lado de Steve Hurley em Chicago. Entre singles e EPs, a voz do artista visitou pistas de dança através de DJs em todo o mundo. Não é uma longa discografia, mas essencial para entender a história da house music.
