Stop Making Sense Lynn Mabry e David Byrne, dos Talking Heads, em ‘Stop Making Sense’. Foto: Jordan Cronenweth/Cortesia A24

‘Melhor filme-concerto de todos os tempos’ chega aos cinemas brasileiros em agosto

Jota Wagner
Por Jota Wagner

Stop Making Sense, filme de 1984 que retrata o Talking Heads no auge, foi restaurado em 4K e fará parte do circuito comercial de cinemas no país

De 1984, Stop Making Sense é a edição do lendário show da banda Talking Heads no teatro Pantages, em Hollywood. Dirigido por Jonathan Demme (O Silêncio dos Inocentes), é considerado o melhor “filme-concerto” de todos os tempos. Para celebrar suas quatro décadas, o estúdio A24 remasterizou o filme em 4K e o colocou novamente no circuito de cinemas do Hemisfério Norte. No Brasil, as salas do Instituto Moreira Sales em São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais apresentaram a obra em março deste ano, com ingressos esgotados rapidamente, deixando muita gente na vontade.

A novidade agora é que Stop Making Sense entrará no circuito comercial de cinemas, a nível nacional, dia 29 de agosto. A O2 Filmes não divulgou por quanto tempo ele ficará em cartaz. Portanto, é bom ficar bastante atento.

O filme retrata a banda no auge de sua criatividade, incluindo aí a direção de palco. Na tour de Speaking in Tongues, quinto álbum de estúdio do grupo nova-iorquino, de 1983, o vocalista David Byrne entra sozinho no palco acompanhado de uma boombox. Enquanto isso, os técnicos vão montando cada instrumento no palco com o show rolando, até a catarse completa, com todos os Talking Heads e seus músicos de apoio executando seus grandes hits. É desta turnê o icônico terno gigante que Byrne eternizou. Demme deu ao show uma edição sublime. Vê-lo em uma sala de cinema era um privilégio, até então, para poucos.

É surpreendente ver o filme de uma banda que atualmente reside na prateleira de alternativo ou cult aparecer no circuito de cinemas comerciais. Até agora, os poucos artistas que conseguiram espaço para seus filmes-concertos foram gigantes do mainstream, como Beyoncé e Taylor Swift.

Na década de 50, a televisão era artigo de luxo nos lares brasileiros. Isso fazia com que o cinema funcionasse como uma espécie de TV coletiva. Shows, jogos de futebol e até mesmo noticiários (foi na telona que surgiu o Repórter Esso, “testemunha ocular da história”) eram transmitidos para as comunidades em cinemas de rua.

A nova onda de transmissão de shows em grandes salas pode ser um sinal de que novas portas estão se abrindo no mundo do entretenimento brasileiro. Principalmente se o cultuado Stop Making Sense tiver tanta procura de bilheteria quanto em sua primeira temporada, em março.

Jota Wagner

Jota Wagner escreve, discoteca e faz festas no Brasil e Europa desde o começo da década de 90. Atualmente é repórter especial de cultura no Music Non Stop e produtor cultural na Agência 55. Contribuiu, usando os ouvidos, os pés ou as mãos, com a aurora da música eletrônica brasileira.