White Stripes Foto: Patrick Pantano/Reprodução

Há 17 anos, White Stripes fez ‘show mais curto da história’, mas não entrou para o Guinness

Jota Wagner
Por Jota Wagner

Em 16 de julho de 2007, dupla se apresentou tocando apenas uma nota na cidade de St. Johns, no Canadá

Cansaço por causa das extensivas viagens das turnês? Ressaca? Mau humor? Problemas no equipamento? Simplesmente, não. A razão pela qual o duo White Stripes, formado por Jack e Meg White, fez o show mais curto da história da música, tocando apenas uma nota, foi a vontade de entrar para o livro dos recordes do Guinness. Mas a estratégia não deu certo.

A ideia maluca foi realizada no dia 16 de julho de 2007, no Canadá. Na época, o White Stripes estava viajando pelo país fazendo uma série de pequenos shows gratuitos, um em cada estado do país, para promover a grande apresentação que a banda faria no ginásio de hockey Mile One, na cidade de St. Johns, mais tarde no mesmo dia.

Tudo estava pronto e anunciado na cidade, e um palco (com todo o equipamento exigido pela banda) foi montado em um estacionamento na George Street. Uma porção de canadenses apareceu para assistir. O carro estacionou ao lado da tenda, Jack e Meg pegaram seus instrumentos, encontrando a galera toda animada. Tocaram apenas uma nota e, na despedida, o guitarrista disse ao microfone “pronto, agora nós podemos dizer que tocamos em todos os estados do Canadá”. O povo seguiu ovacionando-os, e só entenderam que haviam presenciado o “show mais curto da história” quando viram os dois voltarem para o carro e irem embora.

Mais do que gabaritar todos os estados canadenses, a intenção de Jack White, conforme contou mais tarde, era de entrar para o Guinness Book, o famoso livro dos recordes.

“Vamos tocar uma nota hoje” — disse Jack a Meg White, conforme contou à revista Interview. “Então, vamos armar um show, dizer às pessoas que é de graça, mas vamos tocar somente uma nota. Eu contei isso a Meg quando estávamos saindo do carro. Eu disse: ‘tenha certeza de bater no chimbal com ele fechado. Assim, teremos uma nota que vai durar apenas uns milisegundos’.”

“Eu achei que poderia contatar o Guinness Book depois e pedir para eles incluírem o show em seu livro como o mais curto da história. Mas no final eles nos deixaram de fora. Eu acho que é porque o Guinness é uma organização muito elitista. Ninguém sabe o que eles fazem. Eles apenas têm um escritório cheio de gente que decide o que é um recorde e o que não é.”

Quando o pessoal do Guinness ficou sabendo da choradeira de Jack White, trataram de se explicar enviando uma nota oficial à revista New Musical Express, explicando por que recusaram o pedido:

“Após a apresentação do White Stripes, nós recebemos um grande volume de solicitações de bandas dizendo que fizeram apresentações mais curtas do que eles. Bastava subir num palco e já achavam que isso era suficiente para contar como um recorde. O resultado é difícil de medir objetivamente, e apenas tocar uma nota pode não ser considerado ‘um show'”.

O mais incrível da história é que a banda sequer se preocupou em filmar o pequeno grande feito. Só existem provas do acontecimento graças ao público que estava lá e registrou pelo celular, conforme você pode ver no vídeo acima.

Jota Wagner

Jota Wagner escreve, discoteca e faz festas no Brasil e Europa desde o começo da década de 90. Atualmente é repórter especial de cultura no Music Non Stop e produtor cultural na Agência 55. Contribuiu, usando os ouvidos, os pés ou as mãos, com a aurora da música eletrônica brasileira.