Mentiras do rock Paul McCartney. Foto: Reprodução

As cinco maiores e mais divertidas mentiras da história do rock

Jota Wagner
Por Jota Wagner

No Dia da Mentira, é hora de se divertir com os maiores boatos, invenções e fake news do rock’n’roll

Não precisa ser primeiro de abril. Histórias inventadas no mundo da música (em especial no rock’n’roll) são uma ótima jogada de marketing. No auge das vendas de discos, a partir dos anos 60, a publicidade que envolvia a rebeldia e a falta de limites dos rockstars rendia longas matérias em revistas especializadas, consumidas aos milhares por fãs apaixonados. Todo mundo ganhava: o artista, a gravadora, as bancas e as lojas de discos.

Em sua maioria, as fake news da época não precisam ser inventadas, mas apenas “não negadas”, por mais absurdas que pudessem parecer. Keith Richards uma vez disse que havia cheirado as cinzas do próprio pai. Desmentiu, meses depois, dizendo tratar-se de uma piada de “humor inglês”.

Empresários desesperados por publicidade, ao saberem que jornalistas estavam hospedados no mesmo hotel que seus artistas, ligavam para o quarto e acordavam seus rockstars, mandando quebrarem alguma coisa ou produzirem algum escândalo.

Para celebrar uma época em que falsas notícias não produziam mais do que diversão, elencamos a lista das cinco maiores e mais divertidas mentiras da história do rock.

Paul McCartney é, na verdade, um sósia

Mentiras do rock

Paul McCartney. Foto: Reprodução

Uma das maiores conspirações da história, compatível com a teoria da Terra plana, veio da música e, claro, da banda mais famosa de todos os tempos, os Beatles.

Em 1966, um DJ da cidade de Detroit, Russel Gibb, anunciou ao vivo que Paul McCartney havia morrido em um acidente de automóvel e, para evitar o fim da banda, a gravadora colocou um sósia em seu lugar, escondendo o óbito dos fãs. A notícia logo se espalhou e, em uma atitude digna do prêmio Nobel da esperteza, os próprios Beatles começaram a lançar discos com artes cada vez mais misteriosas (e muitas vezes, funestas) a partir do boato, sempre solenemente negado por todos em entrevistas.

Investigadores amadores passaram a encontrar em capas como Sgt. Peppers Lonely Hearts Club Band e Abbey Road, pistas de que Paul realmente havia morrido, deixadas ali pelos demais integrantes da banda, proibidos por contrato em contar a verdade.

A solução final para o mistério veio do próprio McCartney, em várias entrevistas que deu quatro décadas depois: “Bem, considerando meus álbuns solo e as músicas que compus depois de 1966, então, como sósia, sou muito mais talentoso que o o Paul original”.

Touché!

A maior banda de todos os tempos

Mentiras do rock

Foto: Reprodução

Em 1969, Greil Marcus, o editor da revista americana Rolling Stone, então a mais conceituada do mundo da música, escreveu uma resenha fictícia do novo disco da banda The Masked Marauders, composta por Bob Dylan, Beatles e Rolling Stones. No maior estilo Orson Welles (que uma vez narrou na rádio uma invasão alienígena, provocando pânico e até suicídios nos Estados Unidos), Marcus “esqueceu” de contar que era tudo mentira.

A credibilidade da revista fez com que todo mundo acreditasse na balela, incluindo outros jornalistas, lojas de discos e gravadoras. Animado com a fantasia, Marcus convidou um time de músicos secretos, que compuseram um disco e lançaram pela Warner. A banda fake vendeu incríveis cem mil cópias.

Jim Morrison (ao contrário de Paul McCartney) segue vivinho

Na metade da década de 90, auge da inocência provocada pela rede mundial de computadores, um vídeo anônimo começou a circular pela internet com fotos de um Jim Morrison vivo, velhinho e cowboy, vivendo em Oregon, nos Estados Unidos. A história era a seguinte: Morrison, o Rei Lagarto, estava jurado de morte na França, e havia um plano para assassiná-lo.

Para fugir do destino fatal, o vocalista do The Doors teria forjado a própria morte, e fugido para o interior dos Estados Unidos para tocar uma vida de caipira anônimo (como se fosse possível, tamanho o seu ego). Mas não sem antes deixar pistas de seu plano nas letras de algumas músicas, como “when you’re strange, no one remembers your name”…

Para quem quer acreditar, fica a recomendação do vídeo acima.

Björk entra para o Led Zeppelin

Björk no palco do Primavera Sound SP

Björk no Primavera Sound São Paulo 2022. Foto: Observadordaimagem/Music Non Stop

Esta história contém somente uma verdade: a de que a diva islandesa tem ótimo humor. Com a única intenção de zoar seus fãs, Björk anunciou em 2009 que estaria entrando para o Led Zeppelin, no lugar de Robert Plant, para uma turnê mundial. A banda tocaria os álbuns I e IV durante uma série de megashows.

O anúncio foi feito pela própria cantora em seu website oficial. Dia 1º de abril.

Os White Stripes são irmãos

Nossa última história da carochinha entra na pasta de “jogadas de marketing”, muito usadas no mundo da música. Desde falsos relacionamentos bissexuais (como os cogitados por Jagger e Bowie), até gravações no espaço, uma vez divulgadas oficialmente por Chris Martin, do Coldplay.

Quando Jack White percebeu que os fãs estavam bastante interessados em sua vida pessoal, e principalmente no relacionamento com Meg White, sua companheira de The White Stripes, começou a soltar algumas dicas de que eram irmãos de sangue. A fofocaiada rolou solta, afinal os dois eram parecidos fisicamente e também se mostravam bastante íntimos em suas apresentações ao vivo, deixando para o imaginário dos fãs as mais pervertidas teorias.

A real é que o factoide foi calculadamente deixado no ar pelo cantor a partir de 2001, com a missão (plenamente cumprida) de fazer com que mais gente falasse sobre eles.

Jota Wagner

Jota Wagner escreve, discoteca e faz festas no Brasil e Europa desde o começo da década de 90. Atualmente é repórter especial de cultura no Music Non Stop e produtor cultural na Agência 55. Contribuiu, usando os ouvidos, os pés ou as mãos, com a aurora da música eletrônica brasileira.

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