O mundo seria melhor sem fronteiras, diz a seleção da vez do Music Non Stop
Brasileiro cantando (bem!) em inglês, ganense gravando no México, uruguaio cantando folk, baiano enchendo o carnaval de afroreggae e paulista remixando nova-iorquino. Um mundo sem as frescuras “patrióticas” que as fronteiras nos impõem, ainda possíveis apenas nos palcos.
Nossa seleção de tracks desta semana são uma aula utópica sobre o quanto o mundo fica divertido quando nadado gostosamente na doce lagoa da miscigenação.
Prepare-se para a aventura e aperte o play! Você não vai se arrepender!
BaianaSystem – Batukerê
[Single]
Máquina de Louco
Pois então, o BaianaSystem lançou seu tema de Carnaval. Mas, para eles, nunca é tão simples assim. Batukerê extrapõe a festividade, e é mais uma baita faixa dos caras, com arranjo que ainda conta com a participação de Dino Santos, Antonio Carlos e Jocafi.
Além da produção de ponta, o grupo tem a manha de botar um batuque na música que empurra e segura ao mesmo tempo, lição aprendida em suas escavações nas raízes do reggae e da música africana. Essa música é sensacional.
Jembaa Groove – Dabia
[Single]
Agogo Records
Um saudável passeio pelo mundo, nos propõe o Jembaa Groove. Eric Owusu, nascido em Gana, mora em Berlim, onde reuniu sua banda, e gravou o videoclipe no deserto mexicano.
Dabia é cool e profunda. Tem a delicada percussão ganense, a guitarra limpa que influenciou muito a música brasileira, e é cantada em twin, língua derivada do akam, um dos idiomas falados no país natal de Owusu.
Rob Grant, Lana Del Rey – Lost at Sea (ANNA Remix)
[Remix]
Decca Records
O pai de Lana Del Rey, Rob Grant, aposta fundo em sua carreira artística e, para isso, conta com o apoio da filha. Afinal, são de Lana os vocais para a música Lost at Sea, que ganhou ótimo remix da brasileira ANNA, talento do techno nacional que há tempos vive na Europa.
Em sua versão, a DJ se aventura pelo downtempo, abusando de um instrumento que domina como ninguém: o sintetizador.
Jorge Drexler – Derrumbe
[Single]
Sony Music
O uruguaio Jorge Drexler apresenta, no novo single Derrumbe, elementos que encantam a todos na música vinda de Montevidéu. Voz sedutora, aveludada, passeando sobre um jeito diferente de tirar sons do violão. As cordas são rasgadas e acariciadas ao mesmo tempo, e vão crescendo como um coração que sofre. Termina sem concluir, assim como são todas as dores causadas por esse complexo órgão vital.
Taynã – We Are Visitors (live)
[Single]
Independente
Normalmente torço o bico para brasileiros que cantam em inglês, mas há exceções. A versão ao vivo de We Are Visitors, de Taynã, traz à memória algo de Transa, álbum que Caetano Veloso gravou lá em Londres. A interpretação é profunda, e o violão, doidamente minimalista.
Taynã, que é filho do ator Marcos Frota e envolvido com o teatro carioca, mostra boas balas em sua agulha.