Para celebrar o Dia Nacional do Fotógrafo, contamos as histórias por trás de dez cliques icônicos da indústria da música
A arte que envolve a capa de um disco é tema de estudos, livros e exposições. A lista que você lê a seguir, com as histórias de bastidores de dez fotografias icônicas usadas em capas de álbuns, foi retirada da exposição Um Giro Pela História em 100 Capas De Disco, que ocupou a Galeria Olido, em São Paulo, em dezembro de 2021.
Nada impacta mas do que uma fotografia sensacional. Arte pura. E as gravadoras sempre souberam usá-la para promover a música dos discos que lançavam. Muitos álbuns são até mais famosos pela capa do que pelo som gravado nele.
Cada foto contém uma história. E algumas, são sensacionais.
Neste Dia Nacional da Fotografia e do Fotógrafo (08), trazemos dez”causos” curiosos por trás das capas de disco históricas!
The Clash London Calling [1979]
Autor: Pennie Smith
Inacreditavelmente, a fotógrafa Pennie Smith, que registrou o momento em que o baixista do Paul Simonon arrebentava seu instrumento no palco do teatro Palladium, em Nova Iorque, não queria que essa foto fosse usada na capa do disco. Ela achava que estava muito desfocada.
Ainda bem que o diretor de arte do projeto, Ray Lowry, a convenceu do contrário e imprimiu uma das capas fotográficas mais importantes da história da música.
Em tempo: Simonon ficou bravo porque os seguranças não deixaram os espectadores se levantarem da cadeira para dançar, e por isso quebrou seu baixo Fender.
The White Stripes – Elephant [2003]
Autor: David Swanson
A sessão de fotos feita por David Swanson para a capa de Elephant rendeu. O disco saiu com seis versões diferentes, uma para cada formato e região de lançamento. A principal, que você vê aqui, reflete a atenção de Jack White por detalhes e simbolismos, montados sobre o preto e vermelho, marcas da banda.
No entanto, o curioso é que a principal imagem pensada por White não foi compreendida pelo público. Ele queria formar, com a sua posição e a de Meg White, a figura de um elefante, cujo contorno fosse o de seus próprios corpos. O resultado foi meio que uma ilusão de ótica.
Consegue ver algum elefante aí na capa?
John Coltrane – Blue Train [1957]
Autor: Francis Wolf
Francis Wolf foi o fotógrafo oficial da gravadora Blue Note, e responsável por centenas de fotos míticas dos deuses do jazz. A expressão do artista e o filtro azul usado fizeram de Blue Train uma das capas mais cultuadas da história do jazz.
Todos acham que John Coltrane está com a boquilha do saxofone na boca, mas a verdade é que ele está chupando um pirulito. A foto original é em preto e branco, e o filtro azul foi utilizado na produção gráfica.
Milton Nascimento & Lô Borges – Clube da Esquina [1972]
Autor: Juvena Pereira
A grande sacada da capa de Clube da Esquina, com dois garotos (Cacau e Tonho) sentados à beira de uma estrada, é a de registrar fielmente os aromas, o clima e a vibração da música que está contida no disco. Seus olhares refletem simpatia e, ao mesmo tempo, preocupação, simplicidade e até uma certa revolta.
O disco magistral com sua imagem desafiadora fez desse álbum um dos mais cultuados pelos amantes do jazz no mundo. Por muito tempo, todos pensaram que se tratava de uma foto de Milton Nascimento e Lô Borges criança!
David Bowie – Aladdin Sane [1973]
Autor: Brian Duffy
Aladdin Sane é a capa de disco mais cara já produzida. Brian Duffy exigiu uma impressão especial em sete cores, jamais usada neste tipo de produto (o padrão, até hoje, é a impressão em quatro cores).
A icônica maquiagem de David Bowie, presente em nove entre dez festas à fantasia, foi feita por Pierre Laroche. A intenção de Duffy e Laroche era de que a imagem lembrasse uma máscara mortuária.
E sabe de onde veio a inspiração para o raio que está no rosto de Bowie? De uma panela elétrica de fazer arroz da National Panasonic, que Brian tinha em seu estúdio.
Patti Smith – Horses [1975]
Autor: Robert Mapplethorpe
A foto que ilustra a capa de Horses já foi considerada “a melhor fotografia de uma mulher já feita”, pela escritora feminista Camile Paglia. Foi clicada por Robert Mapplethorpe, com quem Patti Smith morava na época, em uma sessão de apenas doze clicks.
A montagem tem referências a Baudelaire e Frank Sinatra (o paletó nas costas).
A gravadora quis dar um tratamento na fotografia, mas Patti fez questão de que nenhuma alteração fosse feita.
Bob Marley – Legend [1984]
Autor: Dennis Morris
O incrível registro de Bob Marley usado na capa de Legend coroa uma amizade que durou oito anos entre fotógrafo e artista. Bob conheceu Dennis Morris em um clube em Londres, durante um show, e perguntou: “como é ser um jovem negro em Londres?”.
Ao final da apresentação, Dennis foi convidado pela lenda do reggae a acompanhá-lo por toda a turnê inglesa na van da banda. O rolê virou uma grande amizade e resultou em uma incrível coleção de fotos do dia a dia de um astro da música.
Madonna – True Blue [1986]
Autor: Herb Ritts
No álbum de Madonna, vemos um método de trabalho oposto a Horses, de Patti Smith. A pegada de True Blue, para chegar no resultado desejado pela equipe do projeto, foi a superprodução.
Mais de 60 rolos de filmes foram usados por Herb Ritts para clicar o perfil da cantora. Além disso, 40 testes de prensagem diferentes foram feitos, até que houvesse consenso de que a capa estava perfeita.
The Cure – Standing On a Beach / Staring At The Sea [1986]
Autor: Parched Art Studio
O rosto marcante nesta foto obviamente não é de um dos integrantes do The Cure. Trata-se de um pescador aposentado, escolhido pelos fotógrafos porque sua expressão combinava exatamente com o que eles pretendiam transmitir em um das mais lembradas capas da história do rock.
Ao ser convidado para posar, o pescador John Button respondeu: “se é para dar uma força na carreira dos meninos, por que não?”.
Blur – Parklife [1994]
Autor: Bob Thomas
A foto de cachorros correndo no circuito de Romford (Essex, Inglaterra) impacta e incomoda. A expressão dos cães mediante o tremendo esforço faz da arte fotográfica uma das mais incríveis da história, a ponto de ser escolhida pelo serviço postal inglês para virar selo em uma coleção especial dedicada a capas de disco clássicas.
Esta também não era, pela vontade da gravadora, a foto que estamparia Parklife. A preferida dos executivos era a de uma banca de frutas e vegetais. Para nossa sorte, a opinião do Blur foi mais forte.