
“Banda mais indie da história”, Yo La Tengo volta ao Brasil em novembro
Luiza Padilha fala sobre uma das atrações do próximo Balaclava Fest, que rola em São Paulo
Na estrada desde 1984, a banda americana Yo La Tengo segue sendo um dos pilares do rock alternativo. É considerada a banda mais indie da história por muitos fãs de artistas lado b. A bagagem de influências é bastante diversa, e inclui artistas como Love, Television, The Turtles, Teenage Fanclub, De La Soul, Stooges, Kinks, Modern Lovers, e, sem dúvidas, Velvet Underground. Inclusive, eu ousaria dizer que Yo La Tengo é como um Velvet com mais fuzz e com menos drogas.
Experimentar importa
Em seu livro Mondo Massari (Edições Ideal, 2013), Fabio Massari relata que no final dos anos 80 tinha o costume de ouvir um programa de rádio italiano chamado Rockin’ Time e que, já naquela época, apresentavam o Yo La Tengo como uma banda lendária, pouco tempo após seu começo. Massari também compara a mídia italiana à mídia inglesa, apresentando a primeira como muito à frente, pois assim como acertaram nas impressões nos primeiros anos do YLT, também acertaram quando se referiram a bandas como o Screaming Trees.
Nessa mesma obra, repleta de entrevistas que o autor fez ao longo dos anos em diferentes veículos de comunicação, encontramos a entrevista feita com o vocalista do Yo La Tengo, Ira Kaplan, quando a banda passou pelo Brasil em 2010 para se apresentar no festival SWU. Nela, Kaplan fala sobre os momentos de experimentação em cima do palco após Fabio comentar que, da primeira vez que viu a banda, no final dos anos 80, eles encerraram o show com uma música bastante extensa — e aqui, eu me refiro a coisa de mais de uma hora. Esse tipo de performance dentro das apresentações ao vivo da banda é vista como uma forte afirmação, dadas as inspirações e também o apreço pela experimentação.
Também chama a atenção o comentário de Ira sobre como odiava Sugarcube, uma das músicas mais famosas da banda. Ao contrário dele, eu amo Sugarcube, assim como todo o I Can Hear The Heart Beating as One (1997), que foi o disco que me fez conhecer o Yo La Tengo. Fiquei muito feliz quando, há uns dez anos, encontrei por acaso ele num sebo na Galeria Chaves, em Porto Alegre, por módicos 20 reais.
Ainda sobre Sugarcube, vale mencionar a versão do diretor do clipe (veja acima), lançado em 1997, que conta com o ilustre elenco da série de comédia Mr. Show (Bob Odenkirk, David Cross e John Ennis) tomando conta da narrativa, interpretando chefes de gravadora. Na história, eles levam o trio para uma escola de rock na tentativa de que eles emplaquem um videoclipe no topo das paradas. Uma sátira que apresenta o suco da realidade da indústria musical pré-streaming de maneira um tanto sagaz.
Em novembro, o Yo La Tengo retorna ao Brasil para somar o lineup do Balaclava Fest, ao lado de nomes como Stereolab, Geordie Greep e Fcukers. Em 2014, a banda se apresentou no Brasil através do Queremos!, que entrevistou a baterista Georgia Hubley após o show no icônico Circo Voador, no Rio de Janeiro. Ela deu uma declaração que me parece ideal para o fechamento deste texto:
“Acho que temos sorte por estarmos tocando e pelas pessoas continuarem vindo nos ver. Mesmo que não seja um público enorme, é uma galera muito animada. E isso é muito importante para nós continuarmos tocando. A gente faz o melhor possível conforme os tempos mudam; discos não vendem mais, no entanto as pessoas ainda escutam música, então é ótimo que venham aos shows”.
