Ainda sem data anunciada, Rise of the Deceiver estará disponível para PC e consoles
“Dar vida a essa história era o projeto de um filme, no início. Agora, com o desenvolvimento do game, nós estamos imergindo nossos fãs de forma muito mais profunda nesse universo. É sobre misturar musica, contação de histórias e experiências interativas. Mal posso esperar até que os fãs possam entrar na escuridão do roteiro e descobrir o que existe lá dentro”, contou Ghostface Killah à revista Enterteinment Week , ao explicar seu deslumbre com Rise of the Deceiver — o novo jogo de videogame baseado em seu grupo, Wu-Tang Clan.
Rise of the Deciever era um projeto de um filme de terror apresentando personagens já criados nas músicas do grupo. Acabou virando um RPG, com uma extensa trilha sonora do Clan. O lançamento ainda não tem data confirmada, mas estará disponível para PCs e consoles.
Em 1999, os caras já haviam emprestado sua imagem para Wu-Tang Shaolin, um jogo de luta básico (assim como sua trilha sonora), no qual os personagens brigões eram os membros do grupo: RZA, GZA, Method Man, Raekwon, Ghostface Killah, Inspectah Deck, U-God, Masta Killa e Ol’ Dirty Bastard.
A empolgação de Ghostface Killah é justificada. Na virada do milênio, a indústria dos games chegou a salvar a música em tempos sombrios, quando álbuns em CD e vinil se desintegraram em bits digitais, passaram a ser vendidos por centavos e copiados à revelia. Na ocasião, jogos de sucesso licenciavam músicas de artistas para trilhas sonoras, pagando tão bem quanto as produtoras de cinema. Alguns, como a famosa série de games Tony Hawk, foram responsáveis até mesmo por impulsionar todo um cenário musical, caso do hardcore californiano de bandas como Bad Religion e NOFX.
Killah e o Wu-Tang Clan sempre se preocuparam com o valor da música, a ponto de terem lançado um álbum com uma única cópia física, originalmente destinado a audições esporádicas em museus, como uma provocação para se discutir o assunto. Como opção ao simples licenciamento de sua música para outros jogos, no entanto, o grupo resolveu lançar sua própria aventura, baseada em outra de suas obsessões — o kung fu.
A arte marcial japonesa se integrou à cultura negra estadunidense desde os tempos da febre blaxsploitation, quando produtores dos anos 70 começaram a fazer filmes com negros e para negros. O kung fu entrou de cabeça nos roteiros, que antes haviam chegado aos cinemas do país pelos punhos de Bruce Lee. O game traz a figura de Shaolin, originalmente um mosteiro chinês que desenvolveu a arte marcial, tema já usado em canções do Wu-Tang Clan. “Wu-Tang”, aliás, vem de “Wudang”, montanhas chinesas onde se desenvolveram o taoismo e o kung fu.