WhoSampled no Spotify Imagem: Reprodução

O que é o WhoSampled, site comprado pelo Spotify

Jota Wagner
Por Jota Wagner

Aquisição faz parte do plano de expandir a janela de créditos das músicas disponíveis na plataforma de streaming

Com o intuito de aliviar a dor das porradas que vem recebendo de todos os lados, o Spotify anunciou no último dia 19 que vai expandir sua janela de créditos nas músicas disponíveis em sua plataforma. Em plena discussão sobre a invasão massiva de faixas criadas com Inteligência Artificial e falsificações, a empresa vai agora tornar disponível toda a ficha técnica de cada canção: quem produziu, escreveu, tocou cada instrumento, etc. Para ajudar na missão, o grupo comprou o site (queridinho aqui da redação) WhoSampled, uma ferramenta que mostra quais samples foram utilizados em uma determinada música. A base de dados da nova aquisição também será usada para alimentar a ficha técnica da plataforma.

Criado em 2008 em Londres por Nadav Poraz, o WhoSampled virou uma coqueluche entre os amantes de música, jornalistas e produtores musicais. Na ferramenta, também disponívem em aplicativo para celular, você busca por uma música e o site mostra quais samples foram usados em sua produção, gratuitamente — bem como quais as faixas que samplearam aquele som.

Atualmente, sua base de dados contem mais de 1,2 milhão de músicas e quase 350 mil artistas. Desde 2016, o já site já promovia projetos parceiros com o Spotify, mas a venda definitiva só foi divulgada esse ano. Apesar de transferir seu banco de dados para uso dentro da plataforma de streaming, um comunicado oficial explica que o WhoSampled continuará disponível como site e aplicativo independente.

Informação em tempos de IA

Seguindo concorrentes como Apple Music e Deezer, as iniciativas do Spotify seguem a tendência de tornar mais claras as fichas técnicas de cada música lançada em sua plataforma. Com isso, o usuário pode entender o quão “real” é a canção que está ouvindo.

Atende também a uma reclamação antiga, tanto dos artistas, quanto dos apreciadores de música. Como saber, daqui a 50 anos, quem tocou a bateria naquela música clássica que amamos? Quem mixou a música, ou foi o responsável pela produção? As informações são imprescindíveis para preservar a história da arte.

Em um futuro próximo, as plataformas de streaming também prometem incluir um selo em músicas criadas exclusivamente via Inteligência Artificial.

Uma plataforma em crise

2025 foi um ano terrível para o Spotify em relação à opinião pública. Seu fundador, Daniel Ek, foi exposto investindo dinheiro na indústria bélica, patrocinando assim os recentes massacres dos senhores da guerra. Além disso, a plataforma aceitou promover os anúncios da hedionda ICE, a milícia governamental que recruta estadunidenses para trabalharem como caguetas de imigrantes nos Estados Unidos, conferindo a eles, inclusive, o poder de polícia.

As denúncias fizeram com que a empresa sofresse não só a perda de assinantes, como também o boicote de grandes artistas como Deerhoof, Massive Attack, Sylvan Esso, King Gizzard and the Lizard Wizard, entre outros. O Spotify não voltou atrás. Declarou que os anúncios da ICE (“recrute-se e proteja a América!”) não violam suas políticas de publicidade, e que os investimentos de Daniel Ek são um assunto pessoal, não envolvendo a empresa.

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Jota Wagner

Jota Wagner escreve, discoteca e faz festas no Brasil e Europa desde o começo da década de 90. Atualmente é repórter especial de cultura no Music Non Stop e produtor cultural na Agência 55. Contribuiu, usando os ouvidos, os pés ou as mãos, com a aurora da música eletrônica brasileira.