O maneirismo vibrante e simétrico de Wes Anderson. Conheça a obra de um dos diretores mais cultuados do cinema
A pandemia do novo corona vírus adiou por tempo indeterminado o lançamento do filme mais recente de Wes Anderson, The French Dispatch. Mas isso não é empecilho para a criatividade do diretor. Seu novo projeto está programado para começar a ser rodado na primavera de 2021, segundo uma lista recente da Production Weekly.
O filme deverá ser gravado em Roma e já conta com elenco pré-definido. A trama do longa girará em torno de uma história de amor, mas além disso não temos mais informações acerca do projeto. Adorado por alguns por seus maneirismos e artificialidades, aclamado por outros pelas mesmas características, Anderson é um diretor autoral. Seu estilo é inconfundível e seus filmes são peças que impregnam o imaginário do audiovisual.
Enquanto esses títulos não chegam às telas vamos relembrar um pouco a trajetória de Wes Anderson no cinema.
Os primeiros filmes e a parceria de uma vida
Wesley Wales Anderson, nascido em Houston, Texas, começou sua carreira como cineasta com o curta Bottle Rocket (1994), que no ano de 1996 foi transformado em longa-metragem. Tanto o curta quanto o longa foram feitos em parceria com o ator Owen Wilson. Amigos desde a universidade a colaboração entre os dois pode ser vista ao longo dos anos.
A boa recepção de ambos títulos fez Wes ser reconhecido e convidado para realizar o próximo projeto, Rushmore (1998). Logo depois o cineasta lança o projeto que o tornou conhecido mundialmente. Os Excêntricos Tenenbaums (2001) é sobre uma família bem sucedida que está em processo de decadência. Wes assina a direção, roteiro e produção e Wilson o roteiro e a produção. O filme foi indicado ao Oscar de Melhor Roteiro Original no ano de 2002.
Sucesso e premiações
Em seguida o diretor se aventura pelos mares com A Vida Marinha Com Steve Zissou (2004), trazendo Bill Murray como o navegador que caça sua Moby Dick, o tubarão Jaguar, responsável pela morte de seu parceiro. Posteriormente, em Viagem À Darjeeling, Wes Anderson troca o barco pelo trem e a retorna aos dramas familiares. Os protagonistas do filme são irmãos e estão fazendo a viagem juntos para tentar resgatar a amizade há tanto tempo perdida.
Dois anos depois Wes realiza O Fantástico Sr . Raposo. A animação é a adaptação do livro de Ronald Dahl e feito em stop-motion. Anteriormente a direção do projeto passou pelas mãos de Henry Selick que abandonou o projeto para dirigir Coraline.
No ano de 2012 o sucesso de Anderson foi a comédia Moonrise Kingdom indicada ao Oscar, Globo e Palma de Ouro. Do mesmo modo a comédia-dramática O Grande Hotel Budapeste (2014)foi sucesso absoluto recebendo indicações às maiores premiações do cinema. Seu último filme lançado foi uma outra animação. Ilha dos Cachorros estreou no Festival de Berlim de 2018 e deu ao diretor o Urso de Prata.
Filmes excêntricos com elencos grandiosos
Em todos os filmes do diretor perceberemos a presença de uma grande diversidade de atores conhecidos. Além do amigo Owen Wilson que estrelou sete filmes de Anderson temos a presença de outros artistas em mais de um título da fotografia. Angelica Houston, Luke Wilson, Tilda Swinton e Eward Norton contabilizam presença em três filmes do diretor.
Mas o ator que mais personificou personagens de Wes foi Bill Murray. Imortalizado como Dr. Venkman de Os Caça Fantasmas (1984), Bill trabalha com o diretor desde Rushmore. Nas mãos de Anderson ele já foi magnata, capitão de um submarino, neurologista e até recepcionista de um hotel. Em breve, no próximo filme do diretor poderemos ver novamente Murray em cena, conduzido por Wes.
Além dele Willem Dafoe, Adrien Brody e Jason Schawtzman são faces recorrentes nos filmes do cineasta. Contudo seu casting inclui atores que mesmo não sendo recorrentes nas obras são popularmente conhecidos como Bruce Willis e Natalie Portman.
A música em Wes Anderson
Wes é um grande admirador dos The Rolling Stones. Frequentemente seus filmes contam com alguma música da banda britânica em sua trilha. Dessa maneira suas trilhas sempre contém um pouco de rock e punk rock como The Clash, Ramones e Velvet Underground.
As composições originais que embalam os filmes já passaram pelas mãos de alguns compositores. Mark Mothersbaugh, da banda Devo, trabalhou com o diretor em Bottled, Tenenbaums e Steve Zissou. E por falar em Zissou, o personagem Pelé dos Santos é interpretado por Seu Jorge, que performa músicas de David Bowie no violão e em português.
Frequentemente o francês Alexander Desplat, responsável por trilhas famosas como a de O Fabuloso Destino de Amélie Poulain, trabalha com o diretor. Não apenas em Sr. Raposo, mas também em Moonrise e Budapeste, essa parceria pode ser ouvida. Assim não foi inesperada a premiação do compositor pela trilha de Budapeste com um Bafta e um Oscar.
Dessa maneira as músicas que acompanham seus filmes são detalhes preciosos em um universo impecável.
As belas imagens de Wes Anderson
Talvez a característica mais marcante dos filmes de Anderson seja a paleta de cores. Ela se destaca ao lado do uso da tipografia, recorrente em sua obra e da simetria, que transforma seus planos em imagens milimetricamente pensadas e impecáveis.
Suas películas são repletas de tons pasteis dialogando com cores vibrantes e uma profusão de elementos em cena, dispostos de maneira a tornar o ambiente artificial, porém aconchegante. O design de produção, figurino e direção de arte de seus filmes são obras primas a parte. A harmonia visual sua maior potência. A cada produção essas marcas ficam mais evidentes.
Suas cores expressam a calmaria ou a intensidade do que seus personagens vivem. Se suas vidas passam por mudanças as cores que os seguem serão alteradas. Em sua última obra podemos sentir a urgência que vem imersa na cor vermelha, a ponderação e reflexão sobre as situações impostas com a cor azul e a resolução dos dilemas, espírito coletivo e o amor nos tons de rosa.
Assim é impossível não se encantar com tantos filmes que falam sobre famílias, amigos, descobertas, perdas e ganhos. São todos elementos que atravessam as nossas vidas, mas na mão de Wes Anderson ganham a aparência de um belo conto ilustrado. Afinal, quem nunca quis morar em um livro?
Dica Music Non Stop: o perfi de instagram Accidentally Wes Anderson publica fotos de cenários reais que parecem ter saído dos filmes do diretor. O encantador projeto rendeu imagens tãos boas que acabou virando um livro físico, que pode ser adquirido entranto em contato com o pessoal da conta.