Vovó do rock? Brasil também tem DJs “senior”

Claudia Assef
Por Claudia Assef

Estilosa demais a DJ Ruth Flowers, com seu fone cravado de cristais

Esses dias tem se falado um monte sobre a Mamy Rock (que no Brasil virou Vovó do Rock), a inglesa Ruth Flowers, que aos 69 anos tem se apresentado como DJ estilosa em vários clubes da França. Nas entrevistas, ela conta que começou a tocar há pouco tempo, depois que foi a um aniversário de seu neto, num clube em Londres.

Daí, conta, ela arrumou um produtor pra pensar no figurino, nas atitudes e pra dar aula de discotecagem. O legal é que ela não tem problemas em dizer que foi atrás de um cara que a ajudasse a atingir seu objetivo, que era virar DJ. Colou, e hoje ela é sucesso! Olha só o povo caído por ela, no Queens (um clube parisiense bem comercial, em plena Champs Elysées):

Mas aqui no Brasil a gente tem DJs com tempo de discotecagem suficiente para valer-lhes furar qualquer fila de banco. Se fosse colocar na ponta do lápis, esse time que o TODO DJ JÁ SAMBOU reuniu aí embaixo teria há tempos conquistado aposentadoria por tempo de serviço – prestados às pistas de dança do país.

Seu Osvaldo confere a bolacha pra não deixar o baile cair

Osvaldo Pereira – Seu Osvaldo foi o primeiro cara a discotecar no país, isso em 1958!! Ele tocou durante dez anos e depois pendurou as chuteiras. Mas, há cerca de dois anos, resolveu tirar a poeira do case e voltou a fazer festas. Voltou à ativa, pra alegria dos cerca de 15 DJs da sua família. Detalhe: seu Osvaldo está com 75 aninhos!

Entrar na loja do Tony é um exercício de risco para amantes da black music

Tony Hits – O cara tem milhares de quilômetros rodados em serviços prestados ao samba-rock! Além de DJs, ele já foi dono de equipe de baile, apresenta um programa incrível na rádio UOL e tem uma das lojas de vinil mais procuradas por gringos que visitam o Brasil atrás de raridades. Tony tem só 56 anos, mas suas história se confunde com a do som nostalgia no Brasil.

Gregão botando o Vegas abaixo, em 2009…

… e com o irmão Greginho, falecido em 2009

DJ Grego – Mais conhecido como “mans” pelos amigos, o DJ Grego é praticamente uma pilastra na história da dance music no Brasil. Ele tocou em tudo que é lugar, rádio, festa. Ele ajudou a inventar o remix. Lançou um dos primeiros discos mixado do país. Ou seja, ele é o cara. Não é à toa o apelido. O mans tem hoje 54 aninhos de praia. E eu chutaria uns 40 de pista!

O DJ Amândio, que hoje tem tocado mais com CD-Js

Aqui, ele faz pose na capa de disco lançado em 1976

DJ Amândio – Enquanto Ricardo Lamounier se consolidou como o DJ superstar da disco music na New York City Discothèque, Amândio construiu uma reputação com um público mais alternativo. Tocando na boate gay Sótão, onde estreou em 1973, Amândio tornou-se referência nacional como DJ e virou ídolo dos modernos do Rio na década de 70. Cheio de vitalidade, ele toca até hoje, e muito bem! Idade? Por volta dos 60.

Vai pedir música pro Índio?! Eu não pediria…

Índio Blue – Este é uma figura. Começou tocando disco music no Hippopotamus, nos anos 70. Foi vendedor lendário da loja Hi-Fi, da rua Augusta. Depois tocou no lendário Vitória Pub e no Latitude 2001. Há anos, se especializou em discotecagem de blues e rock e pode ser visto tocando em bares de Sampa. Também não declara a idade, mas calcula-se que esteja na casa dos 60.

Não é a Vovó Rock, mas a Sônia já foi chamada de Soniaplasta

Balada de graça no Ibira?! A Sônia fez primeiro!

Sônia Abreu – Nos anos 70, Sônia Abreu sofreu horrores ao invadir sozinha uma profissão até então totalmente reservada ao universo masculino. Ela foi uma das primeiras DJs mulheres do país. Segurou a pista do Papagaio Disco Club de São Paulo durante dois anos, em plena febre da disco. Além de tocar em clubes, ela foi pioneira em rádio, fez baladas gratuitas no parque do Ibirapuera, em coreto na Augusta, em barco no litoral carioca. Um figuraça, Sônia sabe tudo de música e até hoje faz seus sets ecléticos em festas por aí. A pioneira da discotecagem brasileira tem hoje 58 aninhos.

Claudia Assef

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Autora do único livro escrito no Brasil sobre a história do DJ e da cena eletrônica nacional, a jornalista e DJ Claudia Assef tomou contato com a música de pista ainda criança, por influência dos pais, um casal festeiro que não perdia noitadas nas discotecas que fervilhavam na São Paulo dos anos 70.