Verão Europeu se aquece com turnês de Brasileiros. A volta dos Festivais no Brasil e novidades musicais por toda parte.
Hello, IndieAmérica tá de volta!!
A nossa coluna se chama IndieAmérica e ela tem foco na valorização da Cena Indie Latina, mas sem esquecer o que há de melhor rolando por aí no mercado musical, nós continuaremos falando de festivais, turnês, lançamentos e novos artistas. A IndieAmérica é seu espaço para conhecer coisas novas, ficar por dentro das novas tendências e abrir caminho para o NOVO!
A coluna continua refletindo sobre a recente volta dos Festivais de Música no Brasil, e falamos com o Miguel Galvão, diretor artístico e idealizador do PicniK Festival, que completa 10 anos em 2022. Não sabe o que é o PicniK ainda? A gente vai te contar tudinho sobre o festival de música e economia solidária mais legal de Brasília!!! Destacamos também a volta do festival DoSol, em Natal.
Também vamos falar do Boom de artistas brasileiros realizando Turnês pela Europa, e destacar a entrevista que demos ao jornalista Eduardo Lemos, para a Revista da UBC, falando justamente sobre esse tema e dando dicas preciosas para os artistas que gostariam de se aventurar em outros países. Contamos sobre o novo curso de Gestão e Promoção de Carreiras, do manager e produtor de shows internacional Bono da Costa, que volta ao Brasil para uma maratona de palestras itinerantes viajando por quase todo o País.
A coluna também vai te mostrar os novos lançamentos musicais que merecem destaque e que são bons para ficar de olho, como o novo videoclipe da dupla MARINEROS (do Chile). E os novos trabalhos de artistas como ASIMOV (da Guatemala), Petite Amie (do México), BALTHVS (da Colombia), YOO DOO RIGHT (do Canadá), Juçara Marçal (do Brasil), Cidade Dormitório (do Brasil), Viratempo (do Brasil) e muito mais. E tem também a nossa lista recheada de novos artistas do GROOVER. Esse mês apostamos em 08 novos artistas que ainda podem dar o que falar, fiquem de olho em nossas dicas, porque elas são quentes e prometem!
DICA:
E a volta triunfal da nossa playlist IndieAmérica, com o melhor do novo indie latino-americano para vocês ouvirem enquanto lêem a coluna!!
Aperta o play na Playlist e boa viagem, digo, boa leitura!
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PicniK Festival completa 10 Anos movimentando Brasília
A coluna acompanha festivais pelo Mundo e pelo Brasil há muitos anos já, e sabemos quando um festival é diferente! Sabemos e sentimos quando um festival é fora da curva e apresenta algo novo para seu público, dando novas ferramentas e maneiras de perceber a música da forma como o público deveria sentir, e o PicniK é um exemplo raro disso no Brasil. Um festival verdadeiro e diferente, com lineup sempre qualificado e que, em 2022, chega aos seus 10 anos.
O Picnik não é só música, é também uma grande celebração para a Cultura Solidária que acontece em Brasília, dando voz, espaço e oportunidades para centenas de expositores de todas as partes. Tudo isso acontece graças ao talento, sensibilidade e pura genialidade de Miguel Galvão (idealizador do PicniK) e de sua competente equipe, que constroem a cada ano um PicniK diferente para seus fãs, público fiel e expositores.
A coluna irá viajar até Brasília para ver o festival de perto e vamos nos aprofundar nessa celebração! A IndieAmérica fará uma cobertura especial do PicniK e trará para os nossos leitores os bastidores dessa festa em sua próxima edição. Não vemos a hora de estar passeando pela Praça Portugal e sentindo de perto a beleza desse Festival. Respirando o ar da Capital Federal e torcendo para que, em 2023, já não tenhamos mais o Presidente atual por lá! Nosso povo lindo não merece tamanha desgraça, nosso povo lindo merece belezas como o PicniK e celebrar a vida com Amor, Troca de Energias Puras e PAZ!
Mas o que é o PicniK?
Respirar e transpirar, inspirar e transformar. O mantra do PicniK Festival, que em 2022 celebra 10 anos de existência, resistência e simpatia, segue ecoando forte no momento atual do país. Depois de pausar suas atividades por quase 03 anos durante a quarentena vivida no Brasil e no mundo, sua edição em formato especial volta a acontecer e promete não desapontar a público que aguarda pelo projeto, por onde já passaram nomes como Mac Demarco, Boogarins, Thee Oh Sees, Tulipa Ruiz, Hermeto Pascoal, Otto, Teto Preto, Allah Las, Glue Trip.
Com 2 dias de duração e diversas atrações musicais, nos dias 25 e 26 de junho opropõe movimentar novamente a cena alternativa nacional e juntar, em um local inédito na história do projeto, a mítica Praça Portugal, artistas relevantes do país e até surpresas internacionais, mescladas com as promessas locais.
As Atrações da Edição Especial de 10 Anos
No palco principal, artistas com trabalhos de evidente importância na cena musical brasileira assumem a guia: Pato Fu chega com seu aclamado espetáculo “Música de Brinquedo”, promovendo uma experiência sonora e visual bastante lúdica. Anelis Assumpção se une ao parceiro Curumin para apresentação que estreia neste formato conjunto na cidade. Apresentando pela primeira vez para o público de Brasília seus últimos álbuns de estúdio, uma quadrilha muito esperada assume a cena: Luedji Luna, Letrux, Academia da Berlinda e Karina Buhr. O lendário Rogério Skylab também volta à cidade, num encontro de artistas que ainda apresenta a união inédita da banda BIKE ao guitarrista Gui Held, produtor e guitarrista prolífico da cena paulista, discípulo direto do mestre Lanny Gordin.
Jogando luz a novos nomes e ao circuito alternativo, o festival apresenta artistas candangos em ascensão, como a sensação vaporwave-psych de Sobradinho Akhi Huna, a turma de hip-hop refinado do Puro Suco e do Pedro Aleex e a classuda Maria e o Vento, uma das novas apostas do festival. Nomes já consolidados na cena local, como Aguaceiro e Oxy, se somam a atrações pedidas pelo público, como o pop envolvente da Yma (SP), a turma jazzy-trip-hop-sulista da Ozu e os guardiões da cena cerrado, os mineiros da Cachalote Fuzz. Somando ao time de shows em duplas/parcerias, Dessa Ferreira e o percussionista nigeriano Ìdòwú Akínrúlí promovem o show Todos os Tempos.
A programação ainda conta com apostas que vêm se destacando no QG do PicniK, a comunidade criativa Infinu, que abriu em plena pandemia e vem oferecendo palco de pequeno porte para artistas país afora. São eles: Amnesiac Kid, Aurora Vênus, Corujones, Moscoles, Pratanes, Os Gatunos e Cientista Perdido. Finalizando, para tornar o evento mais especial, comprovando a potência do projeto, quem chega de fora é o guitarrista norte americano Yonatan Gat, ao lado do projeto Medicine Singers, colaboração entre nativos norte americanos e brasileiros, que vai receber convidados mais de especiais em estreia mundial do projeto – proposta que ainda irá reverberar muito.
UPDATE >>> Acabam de ser confirmadas as presenças de Lee Ranaldo (ex-Sonic Youth guitar hero), dos índios Owerá (da tribo Guarani) e Ian Wapichana (da tribo Wapichana), e ainda os artistas Ava Rocha e Ynaiã Bertholdo (Boogarins). E agora o show do Yonatan Gat promete ser uma viagem ainda mais alucinante e tribal. Vi esse show +04 vezes no SXSW 2018, em Austin. Os vi tocando no Hotel Vegas 03 vezes, numa delas ele tocaram no pátio, com o público ao redor, sentindo o show… foi um transe surreal, na verdade, foram transes alucinantes porque todos os shows que vi foram loucos. Esse show vai ser uma experiência Imperdível! E poderá mudar sua vida!! Ou, no mínimo, te despertar para novos prismas.
Parte do evento é viabilizado pelos inúmeros empreendedores criativos que participam do mercadinho de arte, moda e design e da praça de alimentação do evento, garantindo a conexão entre todas as vertentes do festival. A entrada é franca, promovendo um evento amplo e diverso, que busca inspirar pela beleza e harmonia. O convite está na mesa: venha entender panoramas, horizontes e paisagens dessa nossa realidade, por vezes tão arcaica e confusa, celebrando com artistas novos e renomados em uma cidade especial: imagens únicas, orgânicas e originais, só possíveis através dessa alquimia pós-modernista #feitaembsb da qual temos tanto orgulho!
Para conhecer a programação completa, acesse: http://picnik.art.br/
S e r v i ç o | PicniK *Festival*
PicniK *Festival*
Arte – Moda – Música – Dia – Bazar – Festa – Sorrisos – Comidinhas – De graça
25 & 26 de junho de 2022 (sab e dom) | a partir das 13h
@ Praça Portugal (prox emb EUA)
Obs: a partir das 16h, é necessário 1kg de alimento. Instituição beneficiada: Mesa Brasil.
ATRAÇÕES
Pato Fu | Música de Brinquedo . Luedji Luna . Letrux
Medicine Singers + Yonatan Gat + Convidados Especiais: Lee Ranaldo (ex-Sonic Youth), Ava Rocha, Yaniã Bertholdo (Boogarins), e os artistas indígenas Owerá (Tribo Guarani) e @ianwapichana (Tribo Wapichana).
Anelis Assumpção + Curumin . Academia da Berlinda . Karina Buhr
Rogério Skylab . Bike + Gui Held. Dessa Ferreira e Ìdòwú Akínrúlí
Puro Suco . Akhi Huna . Maria e o Vento . Aguaceiro . Pedro Aleex
Yma . Oxy . Ozu . Amnesiac Kid . Cachalote Fuzz
Aurora Vênus . Corujones . Moscoles . Pratanes . Cientista Perdido . Os Gatunos
PROGRAMAÇÃO ARTE, MODA, GASTRONOMIA, ESPAÇO DE CURA E MAIS
Entrevista | Miguel Galvão
A mente por trás do PicniK
A coluna conversou com o idealizador dessa festa em pleno Planalto Central, o curador e diretor artístico Miguel Galvão, responsável pela montagem do fantástico lineup do PicniK… vejam o que ele diz sobre a edição de 2022 do PicniK e também sobre a falta de diversidade nos lineups de Festivais de música no Brasil:
- Depois de um período de 02 anos sem shows no Brasil, o Festival volta ainda em meio à pandemia, quais os maiores desafios para se produzir um festival num momento como esse? E qual sua expectativa para a edição de 2022 do Picnik?
É ótimo voltar e ter à disposição um bom orçamento, mas retomar atividades pós covid tem sido um grande desafio, já que muitas das empresas e parceiros que faziam parte da nossa rede infelizmente não estão mais disponíveis. Estamos fazendo tudo com muita garra. A expectativa é de uma experiência orgânica e com a cara da região, que gere momentos únicos e inspiradores para o público – além de local, nacional, uma vez que o festival tem atraído cada vez mais pessoas de diferentes localidades.
- Em 2022 o Picnik completa 10 anos. O que as pessoas podem esperar dessa edição? Poderia nos destacar as principais atrações que elas não podem perder?
É nossa edição com maior orçamento até então, ou seja, uma baita responsabilidade. A ideia é compartilhar com as pessoas o que achamos que rolou de mais interessante no rolê alternativo durante esse break forçado, trazendo discos e artistas que nos foram importantes no momento de isolamento, inclusive com vários shows de álbuns inéditos na cidade – como a trinca das maravilhosas Luedji Luna, Karina Buhr e Letrux. Destaco também o show da Anelis Assumpção com Curumin: por se tratar de um casal, ambos viveram conjuntamente esses tempos de pandemia e devem ter muito o que compartilhar conosco. Já a banda BIKE, figura carimbada e queridinha aqui da cidade, também chega com uma apresentação única contando com a participação de Gui Held, discípulo de Lanny Gordin e responsável pela produção de muitos artistas que adoramos. O palco principal reserva ainda uma surpresa, que será o show do Medicine Singers, projeto do israelense Yonatan Gat com nativos norte-americanos e brasileiros, além de participações super especiais que ainda serão anunciadas, e a sensação local indie vaporwave Akhi Huna. No palco alternativo, Rogerio Skylab, sem sombra de dúvidas, será marcante em nosso “ônibus mágico” (o palco é mesmo um ônibus, se preparem!), que também receberá OZU, YMA e Cachalote Fuzz apresentando discos pela primeira vez na cidade, junto dos locais Amnesiac Kid (que fazem versões spiritual jazz em cima do trabalho do RADIOHEAD) e o hip-hop da turma do Puro Suco.
- Os lineups do Picnik são sempre diversificados e abrem muito espaço para novos artistas, que são mesclados com nomes mais consagrados e conhecidos do grande público. Na sua opinião, qual o papel do curador de um festival ao apresentar novos artistas e formar novos públicos? E, Porque os festivais no Brasil ainda inovam tão pouco em seus lineups?
Olha, como nosso evento é gratuito (sustentamos ele com taxas de inscrições de expositores, patrocínios e editais), isso nos oferece uma grande facilidade que é a de não depender de venda de ingressos, o que garante uma liberdade curatorial muito privilegiada. Entendemos que nosso papel é furar a bolha do algoritmo, mostrando ao público que tem muita música boa sendo feita, inclusive logo ao lado da sua casa. Na minha opinião, festivais em geral inovam pouco principalmente pela questão financeira… Precisam vender ingressos ou convencer marcas caretas, tendo de atender públicos que querem sempre quem tem mais curtidas, ouvintes etc… Infelizmente, acabamos caindo, assim, para uma curadoria mais de entretenimento do que cultural, o que contribui para o subdesenvolvimento da nossa cena alternativa.
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DoSol Festival também volta e vai agitar Natal em Novembro!
Com um recadinho bem simples e direto no Instagram, o incrível festival DoSol – que acontece há muitos anos na cidade de Natal, no Rio Grande do Norte – marcou sua volta para Novembro de 2022! Confiram abaixo o primeiro poster do evento e o recado que eles postaram no IG:
CHEGOU A HORA DE VOCÊ SEPARAR AQUELES DIAS DE MÚSICA E CULTURA EM NATAL. FESTIVAL DOSOL 2022 está on!
1. O @festivaldosol acontece de 23 a 27 de novembro em Natal. Serão quatro dias gratuitos e um pago, todos DAQUELE JEITO!
2. O dia 26/11, data principal do Dosol, vai receber 4 palcos e mais de 30 shows em mais de 12h de música, cultura e alegria!
3. A pré-venda começa na próxima quarta 23.06, às 10h. Limitadíssima.
4. Lineup completo sai 15.07, com algumas novidades mais a frente. Vamos invadir a cidade e vai ser lindo! Preparem-se!
Arte por @vitoriano
Verão Europeu se aquece com turnês de Brasileiros.
A temporada de shows no verão Europeu começou a todo vapor. Desde a chegada das duas semanas do Primavera Sound, em Barcelona, que movimentou a cena na cidade catalã até a volta de festivais pelo Reino Unido, França, Itália, Alemanha, Holanda e demais países europeus. O verão europeu em 2022 promete pegar fogo, com shows de diversos artistas de todas as partes do mundo, e os brasileiros irão marcar presença em peso dessa vez. Temos visto muitos nomes novos se movimentando e confirmando suas primeiras incursões ao mercado Europeu, como também temos visto artistas que já frequentam a Europa a alguns anos. E também veteranos, como Milton Nascimento, que se despede dos palcos esse ano e também está realizando shows no Velho Continente.
A The Baggios, por exemplo, realizou uma turnê gigante que foi organizada pela Brain Productions Booking e passou por 25 cidades, cruzando países como Itália, França, Reino Unido e Suíça. Já noticiamos sobre ela aqui na coluna, inclusive. Porém, para nossa alegria, há outros artistas que estão movimentando a Europa, como as bandas DEAF KIDS, e a ATALHOS (que irá em Setembro/Outubro e já tem +29 shows confirmados), e ainda artistas novatos (na Europa) que estão fazendo pequenos giros, como Ayiê, Bala Desejo, Letrux, Tuyo, Francisco El Hombre, Marina Sena, etc.
Recentemente, demos uma entrevista para o jornalista, produtor artístico e curador musical Eduardo Lemos, que foi publicada na revista da UBC, falando um pouco sobre a volta dos artistas brasileiros à Europa, depois do período de 02 anos de paralização por conta da pandemia. Como sabemos que o conteúdo que é publicado em revistas é bem resumido, e precisa contemplar os demais participantes da matéria, resolvemos trazer aqui em nossa coluna IndieAmérica o conteúdo completo da entrevista, com as perguntas e respostas completas do nosso bate-papo com o Eduardo. O intuito é esclarecer alguns pontos interessantes e que julgamos relevantes para um artista que quer se aventurar em sua primeira excursão artística internacional. Confiram abaixo:
Entrevista: Eduardo Lemos (revista UBC) x Carlo Bruno Montalvão (Brain Productions Booking/IndieAmérica)
Um das coisas mais importantes para um artista que gostaria de realizar turnês fora do Brasil é ter uma trajetória já estabelecida em seu próprio país. Ter um histórico de shows, uma certa “casca de estrada”. Isso não quer dizer que você não pode realizar uma turnê sendo um artista iniciante, pode e deve. Mas é importante demais você entender como funciona uma turnê antes de se aventurar a cair na estrada. Há nuances que só a estrada apresenta, e excursionar para fora do Brasil é totalmente diferente do que excursionar em seu próprio País, por diversos fatores, principalmente o modo como as coisas funcionam e como a logística acontece fora do Brasil. Na Europa e nos Estados Unidos já há uma cultura de estrada grande, de décadas, e no tipo de música que costumo trabalhar – indie rock, neo-psicodelia e rock latino (Brasil incluso aqui) – há toda uma mítica e rotas pré-estabelecidas ao redor. É de suma importância estudar também os países por onde o artista irá passar e, uma vez na estrada, prestar atenção em tudo que acontece para aprender e absorver com outras experiências. Não basta cair na estrada e achar que já venceu, é importante absorver as “derrotas” e as vitórias diárias que uma turnê oferece e aprimorar o show também. O público quer ser surpreendido por algo novo. Para um artista que nunca excursionou para fora do Brasil o mais importante a se ter em mente é que você vai construir tudo do zero! Tem que ser humilde, tem que ouvir, ver e sentir tudo ao redor. Tem que ter os pés no chão e saber que há um novo território a ser percorrido. Também é primordial entender que a logística é diferente: ninguém vai cuidar do seu material (equipamentos), a menos que você viaje com um roadie, é você quem tem que montar tudo e depois do show retirar tudo do palco e guardar. E… “não pode esquecer as coisas nos venues”. Isso é amador demais, mas alguns cometem esse erro, principalmente quando estão com a mente dispersa por algum fator extra-tour. Turnê é foco total no que você está fazendo, é dedicação redobrada e, principalmente, é cuidado… no sentido de cuidar de suas coisas e dos outros, cada um cuida do outro! Também é importante atentar para o fato de que os artistas tem que cuidar de boa parte da logística da turnê e dos shows, isso não é função do manager (esse faz negócios, cria relações para a banda/artista, abre caminhos, oferece oportunidades, gera novas possibilidades, estabelece pontes e cuida do networking do artista) ou do booker (esse marca os shows, monta as tours, estabelece o contato direto com os venues, promotores e/ou talent buyers) como muitos imaginam, a não ser que isso tenha sido pré-acordado antes entre ambas as partes, ou que a turnê tenha algum apoio ou verba exclusiva para isso (uma gravadora ou selo musical por trás), é papel do artista “bancar” sua aventura, investir na sua carreira. Ele é responsável por ensaios (se forem necessários), por cuidar e obter seu equipamento e instrumentos, por cuidar de sua hospedagem (se não for oferecida pelo contratante), de sua comida (se não for oferecida pelo contratante), da venda do seu Merch, dos deslocamentos e transfers locais e entre cidades/estados, e muitas vezes por seus Visas e permissões necessárias para tocar, etc.O artista se confunde demais numa primeira turnê, já tive experiências péssimas em relação a isso e continuo tendo. Por isso gosto de fazer as coisas com bastante antecedência, e de precaver o artista sobre tudo o que pode acontecer na estrada (fora do seu país de origem). Nem sempre eles ouvem, muitos fingem que ouvem, mas na hora “H” dão o famoso piti de artista, ou querem aplicar o famigerado “jeitinho brasileiro”. Lá fora isso não funciona. Você tem que fazer tudo da maneira mais correta e profissional possível, senão, você só faz uma turnê e nunca mais. E, se não quer se “sobrecarregar” na estrada, é fácil, basta se preparar com muita antecência e ficar atento, a atenção é tudo nesse caso!
As minhas turnês gosto de trabalhar com bastante antecêndia e com um detalhismo necessário nas rotas, pois para cair na estrada é preciso evitar os erros, minimizar as falhas e preparar o espírito para a jornada. Geralmente trabalho com uma antecedência mínima de 01 ano (ideal) a 08 meses (mínimo), mas há alguns casos que também organizo algo a partir de 06 meses de antecedência. Para organizar e montar turnês para Europa e Estados Unidos, por exemplo, é necessário ter muita antecipação de contatos e networking e, principalmente, ficar atento aos Festivais e demandas de cada País. Não é como no Brasil que você organiza um show da noite para o dia, já neguei muitos trabalhos de artistas incríveis por conta da falta de tempo para organizar algo da maneira correta, com a relevância necessária. Não se pode brincar fora do Brasil, realizamos turnês internacionais desde 2015 aqui na BRAIN e temos um nome a zelar com nossos parceiros, eles acreditam nos artistas que apresentamos, porque acreditam no nosso trabalho (curadoria artística) em primeiro lugar.
É muito importante para um artista que busca criar uma carreira internacional ter, ao menos, um EPK decente e links de video apresentáveis e que convençam os contratantes, promoters e talent buyers de que vale a pena apostar naquele determinado artista. Isso fica ainda mais latente quando o artista ainda não tem um histórico de shows internacionais em seu currículo. A palavra do Manager/Booker é importante, mas ela só funciona se o artista tiver um bom conteúdo para apresentar, então se eu pudesse dar um conselho aos novos artistas… o conselho seria: “Crie conteúdos decentes! Grave Music Sessions onde o promotor de shows e festivais possa ver sua performance ao vivo. Grave videoclipes com primor técnico e qualidade superior. Crie formas de destacar seu trabalho.”
Isso é um tipo de dica que costumo dar (e organizar) apenas para meus artistas, na real, eu dou algumas consultorias particulares para artistas iniciantes e produtores também (essas consultorias são pagas e exclusivas, de acordo com cada caso/demanda). E, ainda esse ano, vou abrir alguns cursos para artistas e produtores independentes em nosso website e canal de YouTube sobre “como se inserir no mercado exterior” e “como consolidar sua carreira internacional”. Mas assim, um breve conselho seria: Crie seu networking! Não adianta de nada pesquisar por casas de shows e festivais se você não os conhece (nem pesquisou ou interagiu com eles), não tem uma relação de trabalho e diálogo criada com eles. Já parou para imaginar a quantidade de emails que um venue e/ou festival recebe diariamente? Você acha que eles estão esperando o seu email chegar por acaso? Não, eles não estão! Mas se o email que chega é de um parceiro deles, eles abrem e escutam o que você tem a dizer. Portanto, o Networking em primeiro lugar!
Isso é vital! Nos Estados Unidos, por exemplo, a BRAIN já atua com suas próprias pernas há alguns anos, mas para isso acontecer primeiro criamos pontes e parcerias desde 2015 – quando realizamos nossa primeira turnê lá e fomos à KEXP com a banda Quarto Negro – e nunca deixamos de acrescentar novos contatos e novas parcerias ao nosso networking. Na Europa, começamos a realizar turnês em 2016 e nunca mais paramos. Ter um networking em cada País é essencial. De nada adianta você montar uma turnê no exterior se você não conhece a cena local, de cada País, se não tem pontes e laços solidificados com as pessoas que fazem e promovem as cenas locais e se não tem vínculos com o território onde pretende excursionar. Desses fatores que você citou, todos sem exceção são importantes: parceiros locais (amigos, outros músicos, bandas, venues, promotores, talent buyers etc), bookers (eles podem ajudar a montar as turnês para você, desde que esteja disposto a pagá-los ou dar-lhes uma parte do seu possível lucro), produtores (se você consegue criar parcerias com produtores locais, isso ajuda muito, principalmente se você pretende gravar algo novo fora daqui), bandas (importante demais, para dividir experiências, possivelmente excursionar junto e dividir despesas e/ou até mesmo abrir shows para eles), selos (isso é uma das coisas mais importantes e também mais difíceis de se conquistar, um selo gringo apostar no seu trabalho, isso agrega demais valor à sua obra e pode ajudar a viabilizar turnês, a promover seu trabalho em outros países) e uma coisa que ficou faltando e é vital também, um Manager (mesmo que você – no meu caso – já seja um. É importante ter um manager ou agente de shows em cada Região que pretende excursionar). Eu poderia falar horas sobre isso, mas não vou entregar o ouro assim de graça. Nos meus cursos dou o caminho das pedras! Ou, ao menos, aponto possíveis caminhos que podem ajudar novos artistas e produtores independentes a conquistar seu espaço lá fora, em outros países.
Muitos artistas esquecem do mais importante. A não ser que você seja um artista completamente estabelecido mundialmente, como por exemplo Caetano Veloso, Gilberto Gil, Milton Nascimento, ou novatos em ascenção como Annita ou a Pabllo Vittar (na verdade, temos pouquíssimos artistas do Brasil que se destacam globalmente), você tem que fazer e vender seu merchandising. Isso é o principal em uma turnê, principalmente nas primeiras. É no corpo a corpo da venda da mesinha de Merch que você fideliza o seu público, cria laços duradouros e mostra quem você é de verdade. Muitos artistas acham que basta o show e não basta! Você pode ter um show incrível, uma performance arrasadora no palco, mas se não for pro corpo a corpo depois dos shows de nada vale o investimento. Além disso, tem o fator cativante de estar próximo do seu público e formar ele em cada lugar, em cada cidade… dialogar, tirar fotos, autografar o seu material, interagir com seu público. É nesse momento que você mostra que, além de artista, é empreendedor de sua obra, identidade e cria/estabelece a sua marca. Já vi muitos artistas boiarem nas primeiras turnês porque não atentaram para isso antes. Outras ações que o artista deve e pode fazer são: Criar conteúdos de divulgação específicos para cada País e/ou para promover os shows mais importantes da turnê (afinal, quem não quer um show lotado?), aqui vale criar vídeos para suas mídias sociais e posters e/ou flyers exclusivos para promover os shows, além de citações constantes nas redes sociais, para ir aquecendo antes da banda chegar em determinada cidade ou País. Também é importante pensar em estratégias de divulgação e promoção localizadas para cada região a ser visitada. E, se o artista tiver condições, buscar parcerias com veículos musicais locais (revistas, music blogs, jornais locais e influencers locais). Hoje em dia há diversas formas e técnicas para o artista se promover antes de cair na estrada, a criatividade está aí para isso, ser usada! Uma coisa muito importante também a se levar em consideração é a questão dos Vistos de Trabalho e/ou permissões, nos Estados Unidos você precisa de um visto de trabalho se quiser receber cachets decentes. Já na Europa não precisa, mas há países com restrições e taxas como o Reino Unido (eles cobram até taxa de emissão de gases, para artistas em turnê). É bom estudar bem as regras de cada País/Território antes de viajar.
Depois de 02 anos de pausa – a BRAIN vinha realizando turnês ininterruptas desde 2015 até 2020, quando a pandemia surgiu e nos pegou de surpresa – nós nos preparamos para a volta aos shows gradativamente. De Março de 2020 a Dezembro de 2021, não deixamos de atuar no mercado global. Mesmo à distancia e virtualmente, conseguimos realizar grandes feitos no mercado independente global. Bem no comecinho da pandemia, em Abril de 2020, realizamos o Global Music Fest (um festival de música independente, totalmente virtual) em parceria com o canal de YouTube Minuto Indie e o programa de rádio El Sonido, da KEXP, e durante 04 dias realizamos 21 shows virtuais, com artistas consagrados e novas apostas de diversos países. Tivemos artistas como Built To Spill, Tempers, Golden Dawn Arkestra, Terror/Cactus, Tres Leches, Strange Lot (dos Estados Unidos), Elephant Stone, Skeleton Club e Post-Modern Connection (do Canadá), Barbi Recanati e Riel (da Argentina), Atalhos, The Baggios, BIKE, Ema Stoned e Jonathan Ferr (do Brasil), Mr. Deadly One Bad Man (da Itália), We Bless This Mess (de Portugal), El Shirota (do México), Marineros e Perrosky (do Chile).Um mês depois, em Maio/2020 comemoramos os 10 anos da BRAIN com um documentário repleto de depoimentos de profissionais da música de diversos países, todos parceiros da BRAIN e parte do nosso networking de trabalho.
E, em Maio/2021, abrimos o nosso selo musical Before Sunrise Records, com o super lançamento do álbum da incrível banda de psycho-rock canadense TEKE::TEKE. E de 2021 até agora já lançamos outros artistas como Post-Modern Connection (CA), Hate Moss (IT), Bike (BR) e estamos preparando o novo álbum da Cidade Dormitório (BR) e de uma banda russa chamada Subway Porno. Mais novidades do Brasil e de outros países estarão chegando no selo em breve!
Voltando para 2020, por volta do mês de Julho daquele ano, começamos a trabalhar na montagem de 03 turnês para o Exterior: duas para a banda paulistana ATALHOS (Estados Unidos e Europa) e uma para a THE BAGGIOS (Europa). A Pandemia não cessou em 2021 e não tivemos como realizar as turnês, então passamos tudo para 2022, quando tínhamos um pouco mais de certeza de que as coisas voltariam.No começo de 2022, em Março e comecinho de Abril, viajamos para os Estados Unidos com a ATALHOS para lançar o novo álbum deles lá, durante o SXSW realizamos 06 shows da banda e mais 16 para outros artistas, ao todo, em apenas 04 dias nós realizamos 22 shows no SXSW e pudemos organizar 04 palcos oficiais da BRAIN num dos mais importantes festivais de música do mundo (veja o poster anexo). Pouca gente, para não dizer, quase ninguém noticionou isso no Brasil, mas eu considero um feito. Não é por eu fiz que não vou considerar um feito, um booker brasileiro realizar 22 shows em apenas 04 dias no maior evento de música do Mundo. É um feito e precisa ser noticiado sempre!Depois do SXSW, ainda realizamos +08 shows e 02 music sessions para a conceituada revista Paste Magazine, e mais 04 shows em Seattle, no Freakout Weekender Festival. Tudo isso foi fruto do trabalho que realizamos durante a pandemia, nos bastidores, estreitando laços, parcerias e solidificando nossa rede de contatos (networking). Agora, em Maio/2022, a THE BAGGIOS partiu para sua segunda turnê na Europa que acontece de 17 de Maio a 12 de Junho, passando por países como Itália (08 shows), França (11 shows), Reino Unido (05 shows) e Suíça (01 show).
Em Setembro/2022, voltaremos à Europa, dessa vez com a ATALHOS, para realizar uma bateria de 29 shows seguidos, até o momento, passando por +08 países (mais shows poderão ser adicionados em breve).
Tanto na tour que fizemos nos Estados Unidos (Março, Abril/2022), quanto nas da Europa (Maio, Junho, Setembro, Outubro/2022) o que notamos é que a música brasileira é muito querida, pouco conhecida e desperta uma paixão e curiosidade absurda nas pessoas. Os gringos literalmente piram com a sonoridade dos artistas brasileiros, o que fazemos aqui em termos de arte e música é único e, possivelmente, temos uma das melhores e mais inventivas “faunas musicais” do mundo (não digo Cena, porque para isso ainda falta um longo percusso a ser preenchido e, acima de tudo, falta união e valorização/espaço para os novos artistas, principalmente nos Festivais). O artista brasileiro precisa perder o medo, deixar o provincianismo de lado e se aventurar mais pelo mundo. Há um universo infinito de possibilidades para a música e os artistas brasileiros fora do Brasil, e nós da BRAIN sabemos explorar isso muito bem em prol dos nossos artistas e de quem contrata os nossos serviços. É lógico que somos muito seletivos, eu sou uma pessoa muito seletiva, não trabalho com qualquer artista. Não trabalho por dinheiro simplesmente, meu foco principal é construir uma trajetória diferenciada e apresentar sempre qualidade em nossas curadorias e no nosso Roster. A BRAIN já é conhecida nos Estados Unidos e diversos países da Europa, e tudo isso é fruto de uma curadoria qualificada que sempre buscamos realizar em nossos eventos fora do Brasil. E também de artistas que trabalham forte e escutam nossos conselhos, seguem nossas dicas e aprendem a se posicionar fora do Brasil. Construir uma carreira no exterior não é fácil, mas também não é difícil, basta ter foco, muita dedicação e usar as ferramentas certas.
Estados Unidos com certeza absoluta é o País que mais abre espaço para a música brasileira hoje em dia, apesar de ser o mais difícil de se estabelecer. É um País amplo, enorme, continental. Não há como brincar nos Estados Unidos, você tem que saber o que fazer lá e como fazer principalmente, mas uma vez que consegue, um Universo inteiro se abre ao seu redor. Há inúmeros festivais que apostam em novos artistas e abrem espaço para artistas latinos, e isso inclui o Brasil. Já temos bases sólidas em diversas cidades norte-americanas, como: Austin (texas), Portland (Oregon), Seattle (Washington), Los Angeles, San Diego e Orange County (California), Boise City (Idaho), entre outras.Na Europa, além de Portugal (o mais fácil, por conta da língua, e o mais frequentado por Brasileiros), há também boa aceitação na Itália, França, Suíça, Reino Unido e Alemanha. Mercados que eu gostaria de explorar em breve são os países asiáticos e a África, um sonho antigo. Até o momento, só consegui excursionar pelo Marrocos. Em 2018, realizei 14 shows lá, passando por 07 cidades (eram 02 shows por dia) com a Added Color, uma banda de Nova Iorque formada por 02 brasileiros e 02 norte-americanos.
Sobre Eduardo Lemos
Eduardo Lemos é jornalista, curador musical e produtor artístico. É um dos criadores da empresa Solar Musicbox, especializada em playlists personalizadas para marcas, e do selo Pequeno Imprevisto. Escreve regularmente para o site e revista da UBC (União Brasileira de Compositores) e é autor da newsletter Beethoven Street, sobre experiências musicais que vivencia em Londres, onde mora há pouco mais de 1 ano.
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Pro Music Business 360 | Mentorias sobre Planejamento de Carreiras
Conheci o Produtor Artístico e Booker Internacional Bono da Costa no ano de 2015, quando viajei com a The Baggios para o México, para realizar uma série de shows, gravações especiais e entrevistas para rádios, revistas e jornais conduzidas e organizadas por ele.
Além dos nos receber com extremo profissionalismo, Bono se mostrou muito mais que um produtor apenas, mas sim um grande amigo. Nos hospedou na casa dele, no charmoso bairro de Roma, onde pudemos conhecer sua belíssima esposa Mila e a cachorrinha Samba, filhota pet do casal e mascota da LatinoAmérica 360º. Nos levou para diversas partes da Cidade do México para promover a The Baggios com entrevistas em rádios, revistas… realizamos uma gravação (ainda inédita) com a banda mexicana Los Daniels, viajamos até as pirâmides de Teotihuacan, realizamos show em Puebla, na feira de El Choppo, na Casa Brasil-México e no famoso Foro Indie Rocks.
Foram dias maravilhosos que passamos com ele no México. Dias inesquecíveis e cheios de novas experiências para a The Baggios que, na época, estava fazendo sua primeira turnê internacional.
O projeto de Bono da Costa
A primeira turnê de mentoria do Brasil. Esse é o projeto Pro Music Business 360, realizado pelo produtor e booker, Bono da Costa, principalmente conhecido por trabalhar com nomes como Marina Sena, Francisco El Hombre, Raça Negra, entre outros.
São palestras com cerca de 4 horas de duração, onde Bono aborda temas como planejamento de carreira, turnês, networking e feiras de música. Até o momento 25 eventos já estão confirmados, incluindo apresentações por São Paulo, Teresina, Porto Alegre, Recife e Salvador, entre outras capitais.
Segundo Bono, o Pro Music Business tem o viés de descentralizar a informação e disseminar o conhecimento. “É uma ideia focada na capacitação de toda a cadeia produtiva da música, possibilitando que os artistas e os demais profissionais possam realizar o seu ofício de uma forma sustentável”.
O projeto Pro Music Business é uma realização da plataforma cultural espanhola, Latinoamerica360. Para participar dos workshops e conferir a agenda de Bono na íntegra, entre em contato pelo telefone: (79) 99911-0029.
Dia 25 de junho – sábado – das 14h às 19h
Onde: Instituto Casper Liberó, Av. Paulista
Ingressos: R$150
Compre no sympla: shorturl.at/kAGRZ
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NOVOS LANÇAMENTOS PARA FICAR DE OLHO
A coluna destaca os novos lançamentos musicais que merecem destaque e que são bons para ficar de olho, como os novos videoclipes da dupla chilena MARINEROS, do impressionante trio colombiano BALTHVS e da novidade brasileira, VIRATEMPO.
Além dos novos singles de Petite Amie, do México, Cidade Dormitório, do Brasil. E críticas para os novos discos e EP’s de artistas como Juçara Marçal, do Brasil e YOO DOO RIGHT, do Canadá, e da fantástica banda de dreampop/shoegaze ASIMOV, da Guatemala.
E para fechar… “Que Tal Um Samba?”, música nova do Mestre absoluto Chico Buarque de Holanda!
MARINEROS (Chile) ??
A dupla MARINEROS, do Chile, volta com um novo videoclipe que é o terceiro single do novo álbum delas que será lançado ainda em 2022. O video foi gravado na Cidade do México e mostra as meninas da MARINEROS cantando num bar-karaokê, enquanto casais interagem nas mesas espalhadas pelo ambiente. A nova música se chama “Loco” e, para variar, fala de amor… um tema muito recorrente na sonoridade da dupla chilena.
ASIMOV (Guatemala) ??
* Crítica *
Conheci o trabalho do quartet ASIMOV durante a celebração de 10 anos do programa EL SONIDO, da KEXP, quando gravamos uma session com a banda Atalhos e eles também estavam no mesmo projeto. ASIMOV é um quarteto guatemalteco formado por 02 rapazes e 02 meninas que mescla sonoridades que vão do Shoegaze ao Dreampop, com elementos de post-punk e post-rock.
Pilar Ángel nas guitarras e vozes, Luz Reynoso na bateria, Luis Pablo Pérez também na guitarra e vozes, com um trabalho incrível nas vozes de suas músicas, e Leonel Campos no baixo, e contribuições no audiovisual.
Eles acabam de lançar um novo EP, “Epicentro” (2022, indepdente) que chega com 04 novos temas e, depois de 03 anos, sucede o álbum “Todo Lo Que Buscamos Es Desaparecer” (2019, independente). O novo EP abre com a delicadeza de “Berlín” e logo chega o super tema “Enero”, primeiro single de trabalho dessa nova fase da banda, e que já entrou direto em nossa playlist IndieAmérica e também em nosso programa de rádio (mais detalhes ao final dessa coluna). Fechando o EP temos as deliciosas “Obelisco” e “Coordenada”, que apontam caminhos para o que está por vir. Esse EP é uma das partes (a primeira) do novo álbum da banda que está prometido ainda para 2022. Nós estamos de olho neles faz tempo e acho que vocês também deviam prestar atenção, pois trata-se de um grande grupo para quem gosta de Shoegaze e Dreampop.
Para entender melhor sobre a sonoridade do ASIMOV, os convido a conhecer esse estupenda Session que eles gravaram em 2021. Com um cenário envolto em névoa e cercado de buquês de flores, os quatro integrantes do ASIMOV destilam toda sua beleza em forma de canções etéreas que nos elevam ao infinito doce e único que os guatemaltecos nos propõem, o destaque aqui vai para a maturidade musical dos quatro jovens integrantes, principalmente a doçura da voz/guitarra de Pilar Ángel e a bateria precisa de Luz Reynoso, em contraponto com a guitarra/voz marcante de Luis Pablo Pérez e o baixo cadenciado de Leonel Campos.
Segundo ASIMOV: Un No-Lugar para Construir una Casa é o ponto culminante da nossa primeira etapa, uma celebração das músicas que não pudemos tocar ao vivo durante todo esse tempo; é um breve momento para olhar para trás antes de seguir em frente. Um filme Orbital, pré-gravado no estúdio Digital Analog no final de fevereiro de 2021.
PETITE AMIE (México) ??
Petite Amie é uma banda de pop-rock psicodélica da Cidade do México. Formada por um grupo de amigos, em 2020, eles lançaram um LP auto-intitulado em Outubro de 2021 e de lá para cá a banda vem evoluindo muito rapidamente, com muitos shows pelo México e Estados Unidos. As letras de suas canções se caracterizam pela expressão da angústia existencial gerada pela busca do “eu” em um mundo cada vez mais impessoal, e onde a linha entre a realidade e o virtual se cristaliza. Nesse sentido, a música de Petite Amie flutua entre distintos gêneros, tomando como base o rock pop psicodélico.
Se você gosta de Crumb, Big Thief, Magic Potion e Unknown Mortal Orchestra, a sonoridade e as músicas da banda mexicana Petite Amie são indicadas para você! O single “Otra Vez” foi lançado no dia 15 de Junho, pelo selo Devil In The Woods.
Juçara Marçal (Brasil) ??
* Crítica *
A música brasileira continua sendo uma das mais inventivas do Mundo, e Juçara Marçal está aí para provar isso. Em seu novo trabalho, o EP “Epdeb”, a veterana cantora apresenta toda a versatilidade de sua voz doce e ao mesmo tempo forte e marcante. O trabalho é mais uma vez produzido pelo seu parceiro Kiko Dinucci, e lançado pelo selo QTV.
São quatro músicas que apresentam a cantora em sua melhor fase, analisando sua recente obra, fica difícil encontrar qualquer defeito nessa artista superior. “Um Choro” abre com uma pegada meio praieira, e arranjos bem combinados com sua voz e a letra marejante “A onda era eu, a onda sou eu… Eu que sempre serei onda, a onda sempre será eu”. A faixa seguinte “Odumbiodé” chega com barulhinhos de sinos, e logo vem a voz de Juçara enchendo nossos ouvidos com um cântico que remete às matas, herança afro, camdomblé, a força negra e indígena estão presentes nesse tema. “Criei um Pé de Ipé” é um lamento doce e cadenciado com a cara do Brasil profundo, os arranjos quebradiços desse tema são ótimos também. Fechando o EP, temos “Não Reparem”, que abre nossos olhos para um futuro distópico que é nada além do que nossa realidade atual, dor e confusão. O que será do nosso futuro? As músicas de Juçara Marçal nos fazem imaginar e ir além desse mundo cão que vivemos no Brasil de agora. Há futuro? Tem que haver, tem que haver.
YOO DOO RIGHT (Canadá) ??
* Crítica *
Um dos artistas que tocou em meus palcos durante o SXSW, depois ainda pude vê-los tocando também no Treefort Music Fest e garanto: É Absurdamente bom ao vivo! O trio YOO DOO RIGHT é de Montreal e acaba de lançar esse álbum que é pequeno no tamanho, mas potente em teor e qualidade sonora!
O álbum abre com a bateria tribal “Say Less, Do More” que logo é soterrada por guitarras cheias de noise e um vocal meio anos 80, mas com a roupagem de sons atuais. É noise daqueles que gostamos de ouvir. Essa banda ao vivo é uma coisa absurda de alta, daqueles shows que se você Não tiver um tampão, precisa tapar os ouvidos para ouvir melhor os timbres e acordes, de tão alto que é. A velha escola My Bloody Valentine/Dinosaur Jr de ser. “SMB” continua na batida tribal, só que traz alguns elementos itímicos mais próximos do rock industrial, sem deixar de ser minimalista e noise, até mesmo um pouco Jazzy. A guitarra marcada e crescente vai caminhando junto da bateria tribal, de repente chega o baixo e os três caminham juntos rumo ao precipício que leva o ouvinte ao caos sonoro e revelador da glória noise-hipnótica, um mergulho no infinito. Flutuando nas nuvens barulhentas do YOO DOO RIGHT.
Uma pausa leve e já estamos caminhando na matemática de “Dérive”, uma canção calcada no volume crescente e cadenciado de ritmos. As duas faixas que fecham o álbum já haviam sido reveladas antes, em forma de EP, “The Failure of Stiff, Tired Friends” é deliciosa e talvez minha preferida com um lance meio hipnotizante e onírico nos synths, um convite ao absurdo. É post-rock da melhor qualidade, de fazer inveja ao Mogwai ou bandas do tipo. A guitarra tem até uns toques de faroeste, tipo trilha-sonora de filmes de cowboy futuristas. Eu já me convenci, não sei vocês, mas o YOO DOO RIGHT é uma das gratas novidades atuais e que conheci nos últimos anos. Fechando os trabalhos, temos “Feet Together, Face Up, on the Front Lawn” que assombra nossos ouvidos com pequenas doses de barulho sublime, como se nos fossem colocadas à conta-gotas. Se puder, veja o show, porque é o melhor momento deles!
BALTHVS (Colombia) ??
Outra banda que também tocou em meus palcos no SXSW, os colombianos da BALTHVS são um trio de rock psicodélico, liderado por Balthazar Aguirre (Guitarras, Voz) e que conta ainda em sua formação com a belíssima e super talentosa Johanna Mercuriana (Voz, Baixo) e Santiago Lizcano (bateria). É uma banda super indicada para quem gosta de Khruangbin e sonoridades que vão do Soul Music anos 70’s até o Disco, passando pela psicodelia tropical e africana, com muito groove e qualidade sonora superior. Anotem esse nome porque eles tem muito futuro pela frente e podem em breve se tornar um grande sucesso mundial.
Cidade Dormitório (Brasil) ??
Simmmmmm!!! Eles voltaram com tudo e romperam a internet faz alguns dias com um visualizer simples e alucinante, produzido pelo coletivo Lombada Filmes. A música é o primeiro single da banda depois de um hiato de 02 anos, e foi lançada pelo nosso selo Before Sunrise Records.
“Leds do Japão” fará parte do novo álbum que será lançado ainda esse ano. Vale a pena ficar de olho no que ainda vem por aí, porque a banda voltou com tudo e vai dar o que falar.
Viratempo (Brasil) ??
Os rapazes do VIRATEMPO são antenados e estão de olho no mercado musical e em busca de conquistar seu espaço.
Gostamos muito da sonoridade synth pop da banda e esse clipe dirigido pelo Rollinos ficou legal demais, casou bem com a proposta da banda, essa pegada Synth/vaporwave do grupo. É uma banda a se ficar de olho, porque podem render bons frutos num curto espaço de tempo. O som da VIRATEMPO é pop, tem uma levadinha contagiante e o clipe é bem derretido, graças ao toque de Midas. domestre Rollinos.
Chico Buarque (Brasil) ??
O Mestre Chico Buarque de Holanda voltou na hora certa e no ano certo! Depois de 05 anos sem lançar uma música nova, por que será?? Ele voltou com esse samba certeiro, um soco na cara da mesmice, um desabafo bem com a cara do nosso Brasil verdadeiro. O Brasil que já não aguenta mais esse Presidente fedido e inconsequente. Chico canta: “…Um samba pra alegrar o dia / Pra zerar o jogo / Coração pegando fogo / E cabeça fria / Um samba com categoria, com calma… / Cair no mar, lavar a alma / Tomar um banho de sal grosso, que tal? / Sair do fundo do poço / Andar de boa”.
É isso que precisamos depois desse Governo do Mal que trouxe de volta a fome, a violência, a mentira, a destruição da Amazônia e a perseguição aos nossos Índios, ao nosso povo Real, o povo brasileiro. Esse Governo que é tudo de ruim, e não nos representa! Chico lava nossa alma com esse samba certeiro e cheio de palavras milimetricamente colocadas em cada rima. Um Governo que fez de tudo para destruir nossa Cultura, mas não conseguiu, nem vai conseguir… “De novo com a coluna ereta, que tal? / Juntar os cacos, ir à luta / Manter o rumo e a cadência / Esconjurar a ignorância, que tal?”
QUE TAL UM SAMBA? (Chico Buarque)
Um samba
Que tal um samba?
Puxar um samba, que tal?
Para espantar o tempo feio
Para remediar o estrago
Que tal um trago?
Um desafogo, um devaneio
Um samba pra alegrar o dia
Pra zerar o jogo
Coração pegando fogo
E cabeça fria
Um samba com categoria, com calma
Cair no mar, lavar a alma
Tomar um banho de sal grosso, que tal?
Sair do fundo do poço
Andar de boa
Ver um batuque lá no cais do Valongo
Dançar o jongo lá na Pedra do Sal
Entrar na roda da Gamboa
Fazer um gol de bicicleta
Dar de goleada
Deitar na cama da amada
Despertar poeta
Achar a rima que completa o estribilho
Fazer um filho, que tal?
Pra ver crescer, criar um filho
Num bom lugar, numa cidade legal
Um filho com a pele escura
Com formosura
Bem brasileiro, que tal?
Não com dinheiro
Mas a cultura
Que tal uma beleza pura
No fim da borrasca?
Já depois de criar casca
E perder a ternura
Depois de muita bola fora da meta
De novo com a coluna ereta, que tal?
Juntar os cacos, ir à luta
Manter o rumo e a cadência
Esconjurar a ignorância, que tal?
Desmantelar a força bruta
Então que tal puxar um samba
Puxar um samba legal
Puxar um samba porreta
Depois de tanta mutreta
Depois de tanta cascata
Depois de tanta derrota
Depois de tanta demência
E uma dor filha da puta, que tal?
Puxar um samba
Que tal um samba?
Um samba…
Viva Chico Buarque, Viva a Cultura… FORA BOLSONARO!
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Descobertas do Groover
Toda coluna que chega vem com novidades que encontramos na plataforma francesa GROOVER… São artistas de diversas partes do mundo que nos mandam suas canções em primeira mão e alguns nós destacamos aqui. Esse mês tá cheinho de novidades suuuuper legais e artistas de todos os estilos, confiram:
Quiet Sonia (Dinamarca) ??
Eu realmente curti essa música, do pessoal da QUIET SONIA… muito impressionante e madura, e os vocais me lembram um pouco do The Magnetic Fields no começo, mas só um pouco… É claro que a banda tem sua própria personalidade e isso é tão bom. Eu gosto muito de encontrar bandas boas aqui embaixo porque isso é muito difícil… todo dia vem um monte de músicas duvidosas, e quando eu encontro uma preciosidade como Quiet Sonia, meu coração esquenta.
No press-release a banda diz:
“Quiet Sonia é um grupo experimental de Chamber Rock de sete integrantes com sede em Copenhague (Dinamarca) que performa e interpreta as composições influenciadas pelo folk do compositor e guitarrista Nikolaj Bruus no violão/vocal de cordas de aço acústico. De uma instrumentação de violino, piano acústico e ocasionalmente contrabaixo, além da formação tradicional do rock, uma paisagem sonora calorosa, atmosférica e orgânica – e outras vezes confrontadora e brutalmente bela – se desdobra, refletindo as diversas paixões musicais da banda: incluindo jazz, indie rock, folk, ambiente, punk e música clássica moderna.”
O som vai na linha do Chamber Rock, para quem curte bandas como Tindersticks, The Magnetic Fields, The High Llamas, Fleet Foxes e afins. Vale muito a pena pesquisar mais sobre a banda e ouvir todo o EP do QUIET SONIA. Basta clicar no link abaixo.
Marela (Brasil) ??
Marela, é uma artista independente de São Paulo. Há pouco tempo, ela lançou o primeiro EP autoral (com 5 músicas), que foi produzido no Freak Estúdio, por Bruno Bruni e Nico Paoliello.
A sonoridade de Marela focada na brasilidade e mpb, mas também trás elementos sonoros diferentes, com influência do pop, lo-fi e reggae. As composições focam em temas femininos e imateriais, e em sentimentos que são muito específicos e ao mesmo tempo universais. É o universo feminino em forma de música, tem um jeito de maresia bem gostoso, bem Brasil…
Churchman (França) ??
Uma balada estranha para uma viagem estranha. Entre a visão de Tom Wait sobre a música cubana e a narrativa de Wes Anderson, você verá a visão da música de Churchman. Procuramos transmitir um clima cinematográfico às nossas músicas.
Este primeiro EP, que quer “dizer coisas terríveis em belas melodias”, já está no ar e está procurando seu público online. Com este lançamento e após um ano de shows, esperamos chamar a atenção dos bookers para continuar em turnê, uma gravadora para colocar o álbum em faixas e de playlists e mídias para divulgar nossa música online!
Ceano (Brasil) ??
Ceano é uma banda de EmoPB e Indie Pop de Campinas, SP. Atualmente caminhando em direção ao terceiro disco. “Girassol”, o primeiro Single desse novo álbum. A música traz novos elementos e novas interpretações por parte da banda, mesclando o orgânico com o eletrônico, trabalhando com várias camadas de instrumentos e vozes, muito mais pop e mais dançante do que os trabalhos anteriores.
A música tem uma pegada pop romântica bem jovem, vai na linha dos sons BR atuais, não conhecia o som da banda antes, então prefiro me ater a esse registro. A música tem camadas interessantes, a composição também é boa, se continuarem assim podem ir longe.
Érico (Brasil) ??
“Adeus”, single muito bem produzido por Érico, esse novo artista curitibano que tem um olhar diferenciado e mira em parcerias que podem dar algum destaque para sua carreira, ao menos, esse é o foco que ele busca ao que parece. A voz agrada, as batidas são limpas, pode ser algum tipo de novidade na cena atual.
Pelo Pelo (França) ??
Som muito interessante da banda francesa PELO PELO. A música tem uma ótima vibe, muito fresca e dançante, talvez influenciada por bandas atuais da cena britânica. Você pode sentir que eles querem fazer vôos maiores, de repente, para outros territórios que não somente a França.
Kiey (Vietnam) ??
Bela melodia fornecida por KIEY, a música é aconchegante e também os vocais são super bons, muito relaxantes e espalham boas energias pela pista.
Adeline V. López (Estados Unidos) ??
A doce voz de Adeline penetra em nossas mentes enquanto ela toca seu piano com leveza e profundidade notável. A beleza de seu canto é linda, e nos inspira a seguir em frente… assim como ela deve seguir com seu trabalho. Não é nem de longe o tipo de som que eu gosto de ouvir, mas não sei porque motivo essa canção bateu bem por aqui e senti que ela merecia um espaço, porque é daquelas artistas novatas que faz algo com verdade e sentimento. Vai em frente, Adeline.
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IndieAmérica | Playlist
Escutem nossa playlist especial #IndieAmérica com o creme la creme do indie latino para o deleite de nossos leitores e leitoras e leiteres… Acompanhem o nosso programa de rádio IndieAmérica na Mutante Radio, todas as terças 19h (7pm BRT), para ouvir basta acessar o site da Mutante Radio na Bat-hora, é toda Terça 19h ou 7pm BRT!
E escuta a nossa Playlist enquanto lê a coluna, que o Match é perfeito!
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