FOTOS E VÍDEO FLÁVIO FLORIDO
TEXTO CLAUDIA ASSEF
2017 foi um ano de transformação. Também conhecido como “dois mil e DJ set”, foi um ano em que as minorias não deixaram desrespeito passar batido. Foi um momento em que negros, pessoas trans e mulheres (podemos até ser maioria numericamente, mas, sem representatividade política e com direitos e salários menores, sim, somos minoria) ganharam força no discurso e saíram em busca de ocupar seus lugares devidos.
Nas cabines de DJ, vimos uma movimentação grande rumo a uma busca por equilíbrio de gêneros. Mesmo que ainda existam muitos eventos em que a hegemonia masculina siga inabalada (por quê, queridos?), fato é que as minas não só ocuparam as cabines de som como também mostraram o quanto o trabalho delas é digno e merecedor desse posto.
Entre essas mulheres DJs, brilhou muito o nome de Carol Schutzer, uma das criadoras da festa Mamba Negra (eleita a melhor do ano pelo Guia da Folha em 2017). Ex-estudante de arquitetura, Cashu começou tocando na Voodooohop , uma das primeiras festas itinerantes a ocupar ruas de São Paulo, e, há cinco anos, se juntou com a amiga de faculdade Laura Diaz, atriz e vocalista do Teto Preto, para criar a Mamba.
“A gente vem fazendo a festa com muito amor. As pessoas participam muito e isso é algo que contamina a galera nova que vai chegando. A gente acaba chamando também uma galera que não é só de música eletrônica”, diz a Cashu sobre uma de suas crias.
Além da Mamba, que já gerou filhotes como o selo musical MAMBAREC, que lançou o EP Gasolina, do Teto Preto (compre aqui), Cashu também cuida do podcast Rádio Vírusss, que a cada 15 dias recebe artistas para se apresentarem no canal de transmissão ao vivo pela internet por onde já passaram artistas dos mais representativos do underground nacional. Nomes novíssimos ou já bem estabelecidos surgem fazendo longos lives PAs ou DJ sets, permeados por entrevistas, diretamente da casa de Cashu e Laura, no centro de São Paulo. A ideia é que o canal seja um foco de divulgação de artistas e produtores da cena eletrônica nacional.
OUÇA SETS DA CASHU NO SOUNDCLOUD
Em 2017, além de viajar muito tocando em várias cidades brasileiras, Cashu deu uma engatada na carreira internacional. Tocou em vários clubes na Alemanha, inclusive no mítico Berghain, em Berlim. E 2018 já começou bem promissor, com a notícia de que Cashu está no line-up do festival Dekmantel, que acontece entre 1 e 5 de agosto em Amsterdã, na Holanda. Agora veja o pôster com as atrações e pense se não é o caso de comprar uma passagem já.
Antes, porém, ela toca (pelo segundo ano consecutivo) na versão Br do Dekmantel, que acontece em São Paulo nos dias 3 e 4 de março, no terreno onde funcionou entre o início dos anos 70 e o ano de 2012 o saudoso parque de diversões Playcenter (os mais idosos vão chorar de saudade). Entre os nomões já anunciados deste segundo Dekmantel em São Paulo estão Nina Kraviz, Four Tet, Modeselektor, Floating Points, Lena Willinkens, além do resgate de Maria Rita Stumpf e Os Mulheres Negras.
A gente falou com Cashu sobre a conquista das mulheres na cena eletrônica, seu trabalho como DJ, Alemanha, e outros assuntos. Dá o play.
ENTREVISTA COM CASHU