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Saiba mais sobre o tutting, estilo de dança consagrado por Alok no Coachella

Alok e Urban Theory no Coachella 2025 - Tutting

Alok e o grupo Urban Theory. Foto: Divulgação

Astro brasileiro contou com 50 dançarinos do coletivo italiano Urban Theory em seu debut no festival americano

O show que o DJ brasileiro Alok apresentou no último Coachella deu o que falar. Ao colocar mais de 50 dançarinos do coletivo italiano Urban Theory para uma coegrafia bastante espetacular durante seu set, a estrela brasileira, bastante relacionada com a natureza e as causas indígenas, foi na contramão dessa rodovia louca chamada Economia 4.0, que substituí o ser humano por Inteligência Artificial de tudo quanto é profissão, recheando seu palco com gente de verdade.

Alok se apresentou no palco Sahara Tent nos dias 12 e 19 de abril no final da tarde, em duas performances de pouco menos de uma hora, com a responsabilidade de representar o cenário eletrônico brasileiro, em alta no mundo todo graças à gigantesca ascenção do funk carioca em festas e clubes estadunidenses europeus. Era a primeira vez que tocava no festival, e o artista já havia anunciado um espetáculo visual memorável.

Seu último álbum, chamado O Futuro é Ancestral, foi composto em parcerias com artistas indígenas e trata de uma profunda relação com a natureza. Seu single posterior, ao lado de Anitta, fala sobre a inebriação com a fama e o sucesso. Mesmo chafurdando bastante na carreira do DJ, no entanto, era difícil imaginar uma tapa tão forte na cara da tecnologia audiovisual no mundo dos eventos. A curadoria do Coachella, que ama tudo os que os artistas fazem para chamar a atenção dos shows que fazem em seu festival, deve ter amado a ideia de subir ao palco com 50 dançarinos fazendo algo totalmente fora do óbvio. E aqui, a medalha vai para a turminha do Urban Theory.

O grupo é especializado em um conceito chamado tutting, que consiste em representar imagens coreográficas usando partes do corpo, como os braços, as mãos e os dedos. O estilo surgiu nos Estados Unidos na virada da década de 70 para os 80, pelas mãos (literalmente) de dançarinos de street dance de Los Angeles.

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Explicando direitinho, a mando de meu editor, o tutting é uma forma de dança que envolve a criação de ângulos retos com os braços e as mãos, inspirados nos hieróglifos egípcios, em que a galera é retratada sempre de perfil, com mãos e pernas em posições simétricas. E o nome, vejam só que coisa mais doida, veio do faraó Tutancâmon. Afinal, “tut” era um jeito fofinho de se referir ao passinho do governante egípcio, que muito provavelmente nem dançar sabia.

Embora as raízes exatas sejam debatidas, a dança emergiu no final dos anos 1970 na cena hip-hop de Nova Iorque e foi logo transportada para Los Angeles, que fervia na dança de rua na década de 80, com a popularização do rap e o fato de a cidade ser o epicentro da produção cinematográfica e televisiva do mundo. Precisava de dançarinos? Bastava olhar pela janela do estúdio e encontrar um monte, como os caras do coletivo Electric Boogaloo, responsáveis por fazer uma transição do estilo de dança boogaloo (também das ruas) para o tutting. Originalmente, os passos eram misturados com outros praticados pela galera da dança de rua como o popping, o waving e o animation.

Um dos pioneiros do tutting foi o dançarino de rua conhecido como “The Professor”, que ajudou a popularizar a dança nos anos 1980. Apesar de sua origem na cultura hip-hop, o estilo evoluiu para incorporar influências de outras formas de arte, incluindo a dança moderna e a escultura. Hoje, é praticado em todo o mundo, com diversos artistas inovando e expandindo as possibilidades da dança. A estética angular e precisa, combinada com a energia e ritmo da cultura hip-hop, continua a fascinar e inspirar dançarinos de todas as gerações, até pousarem no palco de Alok e do Coachella.

Nas duas apresentações que fez no maior festival estunidense, o astro brasileiro passou o rodo nos acertos: homenageou o hip-hop, a cultura da dança dos Estados Unidos, a resistência contra os robôs (com deliciosas pitadas de ficção científica) e a importância do ser humano como protagonista. Golaço dele e do Urban Theory.

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