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Em busca da batida perfeita, Tuto Ferraz, do Grooveria, lança álbum eletrônico sob o heterônimo Zarref

Tuto Ferraz aka Zarref no estúdio

Tuto Ferraz aka Zarref - foto: divulgação

Zarref, alter ego do baterista e criador do Grooveria Tuto Ferraz, é uma viagem pelo mundo da música eletrônica comandada por um mestre dos beats.

“Sempre fui o tipo de artista que chamamos de multimídia”, conta Tuto Ferraz em entrevista ao Music Non Stop. O músico, que também fotografa, produz, grava, mixa, masteriza e edita videos e principalmente, passeia por todos os palcos onde um bom beat é necessário, faz parte daquele seleto grupo de artistas que não reconhece um formato único como fronteira para apresentar sua visão da arte, e nem mesmo de preocupa em meter a cara onde quer que reconheça uma forma de se expressar. “Um artista só é um artista quando se expõe”, divaga direto de seu estúdio em São Paulo.

Capa de Sundae Bloody Sundaes

 

Tuto Ferraz mostra ao mundo, nesta sexta-feira (10), seu lado eletrônico experimentando em estúdio há anos, pela primeira vez, sob o codinome Zarref (um anagrama de seu sobrenome). Fã de significativos, nomeou seu álbum de Sundaes Bloody Sundaes não somente como um trocadilho com a clássica música da banda U2, mas uma alusão aos domingos que passou improvisando e experimentando sozinho em seu estúdio.

“As sessões rolavam sempre aos domingos. Já tinha tocado em todas as gigs do final de semana e sobrava aquele tempo ali, sozinho, para pirar em coisas novas”, conta Zarref.

O resultado é um apanhado bastante interessante da visão de um grande baterista, um fazedor de beats acústicos, para a música eletrônica. Tuto, desde a adolescência, é fã da música funk e da disco, de Earth, Wind & Fire a Gap Band. Montou em 1998 a banda Funkacid & The Sundance Kids, para explorar as possibilidades do estilo. Norteou sua carreira sempre para o lado dançante da música, a ponto de ganhar grande destaque com a banda Grooveria, que celebra 20 anos de “bons serviços prestados” à música dançante.

Baterista tarimbado, com formação nos Estados Unidos, sempre foi adepto das improvisações. “Estava no Ibirapuera certa vez quando me aparece o Seu Jorge. Ele me reconheceu e me chamou para cobrir um baterista que não apareceu para o show que aconteceria dentro de algumas horas. Subi no palco sem conhecer as músicas e segurei a apresentação recebendo os toques do baixista da banda”, conta. Esta é apenas uma das vezes em que teve de se apresentar de última hora para fazer o baile dos inúmeros músicos e cantores com quem tocou, como Max de Castro, Fernanda Abreu, Black Rio, Simoninha e tantos outros. Zarref também tocou bateria no Sect, o primeiro projeto de sucesso de Gui Boratto, então dedicado à dance music pop.  Diga-se: estamos citando apenas alguns dos inúmeros trabalhos em que Tuto Ferraz fez parte.

Os ingredientes do Sundae que Zarref apresenta são saborosos: um artista dedicado à música dançante, com escola no funk e na disco music, habilidade em improvisar, paixão por tecnologia e, finalmente, domingos livres! O resultado é um álbum que passeia por vertentes da música eletrônica que vão do trip hop ao acid jazz, passando pela house. A cereja do bolo são os belos e viajantes trabalhos vocais, dignos de um artista que não tem medo de, como diz Zarref, “se expor”.

Zarref em meio às suas paixões: instrumentos, equipamentos eletrônicos e o surf

As experimentações vieram desde gravações eletroacústicas até programações eletrônicas e samples. “em All Alone, por exemplo, eu fiz um loop da gravação de uma máquina registradora de farmácia”.  A piração funciona de cama e ritmo, ao lado de piano, sintetizador e baixos, para linhas de voz quase que oníricas.

Zarref – Sundae Bloody Sundaes tem sete faixas. Em alguns momentos, somos levados à aura da música eletrônica inglesa, rememorando projetos como Underworld e Massive Attack. Em outros, com personalidade mais jazzistica, nos vêm a mente (sempre ávida por comparações) o trabalho do francês Ludovic Navarro e seu Saint Germain.

“Minha preocupação nunca foi se adequar a este ou aquele nicho. Nem pensei nisso, na verdade”, conta Zarref. O objetivo foi bem alcançado, tornando o passeio delicioso. E já que citamos as referências seminais dos anos 90,  essa é também uma característica dos grandes álbuns que ouvíamos no começo da onda eletrônica que tomou o mundo quando nada estava ainda muito definido. Belo resgate.

Zarref gosta muito de uma frase que escreveu para seu release. Além de ter gravado, composto, tocado, cantado e produzido tudo, arriscou a função de autobiógrafo! Ela representa muito da sua visão do que é fazer e viver da música:

“Debaixo do guarda-chuva Zarref, que é um anagrama de Ferraz, vale tudo! Música Eletrônica, Eletroacústica, Rock,Pop, Indie e o que mais sair no momento.Esse trabalho é fruto de um período de relacionamentos efêmeros e muitos domingos solitários, onde eu entrava no estúdio para experimentar sem amarras”

Ouça o novo álbum e conheça a amplitude do guarda-chuva de Zarref!

 

 

 

 

 

 

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