Aproveitamos o clima das olimpíadas para indicar cinco filmes para conhecer melhor cinema japonês.
Muitas vezes conhecemos a cultura cinematográfica de outros países de maneira superficial. Os filmes japoneses são produções que vão além de samurais nervosos empunhando suas katanas. Seus filmes falam de sua história e da sociedade, bem como de romances e sensualidade.
Em meio a tantos títulos existentes no acervo japonês, selecionamos cinco títulos disponíveis no catálogo do Belas Artes à La Carte para conhecer um pouco mais sobre o cinema japonês.
Yojimbo, o Guarda-Costas
Falar de cinema japonês e não citar Akira Kurosawa é um pecado imperdoável. O diretor que passou cinco décadas dirigindo títulos inesquecíveis é considerado um dos mais importantes nomes do cinema mundial.
Em Yojimbo, Sanjiro (interpretado pelo magnífico Toshiro Mifune) é um ronin que vagueia pelo Japão em busca de trabalho. Ao chegar em uma cidade dominada por brigas de gangues o homem resolve se envolver na tentativa de acabar com os conflitos.
Em um filme descontraído, com poucos diálogos, mas muito expressivo podemos conhecer o que existe de melhor na produção de Kurosawa: sua qualidade técnica que arrebata o espectador com seus enquadramentos, planos, contrastes de luz e sombra criando visuais inesquecíveis.
Contos da Lua Vaga Depois da Chuva
No Japão do século XVI, tomado pela guerra civil, um vilarejo abriga algumas famílias em, entre seus moradores estão dois amigos que desejam lucro. Enquanto um é ceramista ou outro anseia se tornar Samurai. Em contrapartida, suas esposas tentam mostrar aos dois o quanto o desejo pelo dinheiro pode desestruturar o conforto e a estabilidade que eles têm no amor da família.
O filme de Kenji Mizoguchi mostra o esfacelamento das relações a partir do momento que os desejos futuros se tornam mais importantes que realidade presente. Em um ambiente de época o diretor faz críticas à sociedade da época do lançamento do filme (1953) como, por exemplo, explicitar a violência contra as mulheres e seus lugares na sociedade.
Além disso, Kenji consegue se deslocar entre a verossimilhança da realidade e o onírico ao narrar a jornada dos personagens. Ademais, destaque para a sequência da fuga no lago e seus desdobramentos marcados por jogos de luzes, sombras, tecidos flutuantes e personagens fantasmagórico, elementos que são encontrados em filmes de terror.
Tampopo – Os Brutos Também Comem Espaguete
O cinema japonês não é feito apenas de filmes sobre samurais. Dirigida por Juzo Itami, culinária, amor e sensualidade são os ingredientes dessa deliciosa comédia.
Nesse filme a proprietária de um restaurante vive em busca da receita do lámen perfeito. Assim, ela percorre outros restaurantes provando seus pratos, aprendendo novas técnicas e fazendo testes até chegar na fórmula ideal. Dessa maneira esse prato tão sofisticado aguça os prazeres de quem o come.
O filme não está voltado apenas para a sensualidade como sinônimo de sexualidade, mas para as relações de afeto e cuidado que estão ligadas à culinária. A sensualidade aqui diz respeito aos sentidos e, todos eles são aguçados nessa produção que deixa o espectador com água na boca.
A Balada de Narayama
Nesse belíssimo drama as relações de envelhecimento,tradição e honra são discutidas em meio às belas paisagens montanhosas. Dirigido por Imamura Shōhei, o filme é baseado no romance homônimo escrito por Fukazawa Shichirō em 1956.
Em um vilarejo a tradição diz que os idosos devem subir o monte Nara e aguardar a chegada morte após certa idade. Essa prática tem dois propósitos, o primeiro é aliviar o tempo e a energia gasta pelos jovens nos cuidados aos mais velhos e, o segundo, minimizar possíveis faltas de alimentos durante o inverno.
Assim, uma senhora, as vésperas de sua partida tenta ordenar a vida de seu filho para que ele não fique sozinho. O filme trata de maneira delicada sobre as dicotomias entre bem e mal, vida e morte, amor e ódio por meio de escolhas analogamente à necessidade de sobrevivência.
Harakiri: A Morte de um Samurai
O filme de Takashi Miike é remake do clássico de 1962, dirigido por Masaki Kobayashi. A produção foi a primeira feita em 3D a disputar a Palma de Ouro em Cannes, no ano de 2011.
Ambientado na Era Edo, período feudal em que o poder se concentrava nas mãos do Xogunato Tokugawa, o filme conta a história de um Samurai que diante de tanta miséria decide cometer o harakiri. Entretanto ao comunicar a seus companheiros sobre sua escolha é levado a refletir no impacto daquela decisão.
Dessa maneira conhecemos o passado daquele soldado e suas motivações individuais e coletivas para a ansear pela morte.