Dia 17 de fevereiro, 40 anos da morte de um dos grandes gênios da história do jazz e, porque não dizer, da música como um todo. Thelonious Monk
Quando uma figura deste porte deixa nosso plano, seu legado o torna imortal. Thelonious Monk é uma dessas figuras e é todinha dele a homenagem do texto de hoje.
Thelonious Sphere Monk nasceu em 10 de outubro de 1917, em Rocky Mount, Califórnia, e começou tocar piano bem cedo, quando já se debruçava sobre o piano da família lembrando de cabeça as aulas que a irmã tinha. Aprendeu sozinho a ler música.
Aos 4 anos se muda com a família para uma casa quase às margens do Rio Hudson, em Nova York, e aos 11 o jovem Monk, criado no meio das tradições gospel e música de rua, consegue pagar pelas próprias aulas de piano. No início da adolescência já tocava em uma igreja batista local, bares e festas do bairro.
Entre estudos na Juilliard e participações no concurso do Apollo Theater, do qual foi banido por ganhar toda semana, Monk monta seu primeiro grupo em 1937 e se apresentam em pequenos clubes até 1941 quando o grande baterista Kenny Clarke o contrata para integrar a banda do tradicional Minton´s, no Harlem, A partir daí, ao lado de grandes músicos como Charlie Parker, Dizzy Gillespie, Mary Lou Williams, Max Roach e Bud Powell, sua habilidade na criação de novas harmonias e ritmos despontou e foi fundalmental para o desenvolvimento do jazz moderno.
Especialmente com suas inovações harmônicas, é certo que Monk ajudou a consolidar o bebop. Mas ele foi além: quando todos os pianistas de jazz enfatizavam notas rápidas, Monk com suas mãos pequenas e dedos chatos, tocava de forma percussiva, com habilidades para tocar diferentes dinâmicas com diferentes dedos Aprendeu a usar o silêncio como centro de suas composições, resultado de incontáveis horas de exploração musical.
A primeira gravação de Monk foi em 1944, quanto trabalhou com Coleman Hawkins. Como líder, seu primeiro álbum lançado em 1947, pela Blue Note, em companhia de Gene Ramey (baixo) e Art Blakey (bateria).
Em 1961 é lançado Thelonious Monk with John Coltrane. Monk´s Dream, no entanto, é um dos meus prediletos na vida, lançado em 1963, pela Columbia Records. Bye-Ya é a faixa que especialmente recomendo para ouvir desse disco que adoro.
São vários discos incríveis; entre eles, o mais emblemático de todos, Underground (1968, Columbia), o último gravado com o Thelonious Monk Quartet, começa pela lendária capa que inspira análises e críticas das mais inspiradas há tantos e tantos anos e é um dos discos mais importantes da história da música. A foto foi feita no estúdio de Steve Horn e Norman Griner, que se especializaram em fazer sessões ricamente produzidas. Fora que o disco em siobviamente uma obra prima. Recomendo também Straight, no Chaiser (1967), cuja música título não sai do meu set.
Quando se trata de Thelonious Monk a excentricidade é o que vem a cabeça de muitas pessoas. Mas além dos chapéus malucos, do levantar-se do piano e dançar no meio da música, ou vagar pelo bar no meio do show, que estavam na superfície, Monk era um homem profundamente comprometido com a família e com a comunidade que vivia. Apesar de muito famoso, sofreu financeiramente nas duas vezes em que teve sua licença de músico injustamente caçada. Um artista que foi erroneamente diagnosticado e tolerou as consequências dos medicamentos errados que usou por anos e afetaram sua saúde. Um artista que ditou moda, tinha um profundo comprometimento com o amor e a coragem, com os pés fincados na tradição e a cabeça em elementos futuristas. Monk é tão gigante que nem dá pra dizer que ele pertence ao bebop, Monk é Monk, o imortal.