Sim, nós temos balanço: 10 faixas para fazer dançar com a nova música brasileira

Thiago Moreira
Por Thiago Moreira

Quem é DJ sempre acaba sendo alvo da pergunta-crítica: “Ah, mas você não toca música brasileira?”. Claro, é bem legal rolar os medalhões como Gil, Caetano e Tim Maia, além dos funks arrasa-quarteirão da Banda Black Rio e dos hits do rock/pop dos anos 80, 90 e 2000. São, como todos sucessos, infalíveis para animar a pista.

Mas é sempre bom trazer novos ares nacionais para as pick-ups, ainda mais porque de 2010 para cá coisas muito boas vêm sendo lançadas por artistas locais. E o que é melhor para os ouvintes: na maioria das vezes com firme compromisso com qualidade e originalidade. A seguir, por ordem crescente de BPM, vão 10 sugestões de tracks para fazer bonito em língua portuguesa.

JULIANA KEHL – O MUNDO DELA

Esse som da cantora paulistana é pra dançar relaxando (sim, isso é possível!). A quinta faixa do recém-lançado álbum Lua Full chama a atenção pelos arranjos harmônicos, bateria suave, linha de baixo sinuosa e com letra sobre as fortes mulheres da atualidade. Para quem curte a também brasileira Mahmundi e as gringas Lianne La Havas e Solange.

LINIKER E OS CARAMELOWS – BOXOKÊ

Com público já bem cativo em boa parte do Brasil, Liniker chamou a parceira e amiga Tássia Reis para escrever e cantar com ele um belo balanço tendo como temática questões existenciais, de forma bem humorada. Levada black incrível, com naipe de metais dando o tom e o belo vocal da artista paulista se sobrepondo à voz de responsa do cantor. Pra esquentar a festa.

CÉU – A NAVE VAI

A faixa figura em termos de conteúdo como uma das expressões musicais-padrão sobre a realidade líquida deste bem caótico século XXI. Portanto, é bom se deixar levar pela embarcação e a paisagem dos belos e gentis arranjos, essencialmente os de cordas. Apresentando pegada eletrônica – como o resto do elogiado álbum Tropix -, a música tem letra de Jorge Du Peixe. Mas, com exceção do uso de computadores na produção, não lembra Nação Zumbi.

ALÁFIA – CORPURA

A questão racial presente em quase todo o excelente disco Corpura dá lugar a um suingue malemolente, envolvente e sensual na música homônima. Tendo holofotes voltados para Xênia França e sua lindeza de vocal, o número traz produção pra lá de alto nível: baixo extremamente funky, vocoders bem encaixados e, claro, o traço típico da banda, que são os batuques com pé no terreiro.

MADIMBOO – CANDEIA 

Com pitadas da psicodelia mostrada pelo mangue beat no anos 90, esse som foi gravado pelos pernambucanos Artur Dantas, Felipe Soares e Thiago Duarte, meninos visivelmente dedicados à ciência da dança. As batidas compassadas, a guitarra limpa e o solo jazzy de trompete adiador de virada de faixa certamente manterão alta a vibe na pista. Do EP também chamado Candeia.

ANDREIA DIAS – PELOS TRÓPICOS 

No álbum homônimo, a cantora e compositora de São Paulo foi a Salvador para, junto do BaianaSystem, elaborar essa track. Resultado: som básico e viajandão de baixo e batera, marcado por break de samba que não deixa os pés saírem do ritmo. Com cuícas e fraseados de guitarrada em cima, quem poderá questionar sua brasilidade?

LUISA MAITA – ALENTO

Faixa com o tema “tocar a vida apesar dos pesares” embrulhado com roupagem musical positiva sem ser piegas. Nela, sons de sintetizados dão lugar a arranjos comandados pelo nosso mais que estimado violão. Boa para servir de ponte para um set de samba/MPB clássica, a track conta ainda com os notáveis sobe-e-desce de tons da cantora.

SAMUCA E A SELVA – MADURAR

Ouvir esse som em casa e tocá-lo em festas é muito bom. Assistir ao show ao vivo então… Com 10 integrantes, o grupo abre seu disco homônimo soltando uma pedrada marcada por sopros em brasa, elementos percussivos espertos e a voz firme e certeira do líder Samuel Samuca, que canta em produção assinada pelo tecladista Marcos Maurício. Faz o chão tremer.

TULIPA RUIZ – PROPORCIONAL 

Também estimadíssima pelo Brasil inteiro, a cantora e compositora acertou mais uma vez em cheio na parceria musical com o irmão, Gustavo Ruiz. Do álbum Dancê, a narrativa sobre a atração entre pessoas mais e menos cheinhas vem embalada por um groove irresistível e uma voz que, definitivamente, está hoje entre as melhores da música nacional.

TRUPE CHÁ DE BOLDO – NA GARRAFA

 

A cara é de Rapture e LCD Soundsytem, mas a track, sim, é coisa nossa. Também gravado por big band – que inclui o “definidor de sonoridade”, que são os backing vocals femininos -, a faixa mostra ritmo vigoroso e infalível para se dançar, principalmente se o nível de animação já estiver em alta. A faixa vem do álbum Nave Manha.

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