
7.5/10
Para os mais apressadinhos, já vai o aviso de que a grande sensação do primeiro lançamento do Cut Copy em cinco anos é seu “lado B”, a segunda música do single duplo, A Decade Long Sunset. A faixa Solid, elencada pelo grupo como principal, é mero aperitivo.
Lindamente produzida, com sonzinhos estranhos e mastigáveis, Solid começa como qualquer megahit de festival cansativo — a velha balela épica feita para tocar no grande momento do show. Só que é tremendamente bem-feita, elemento por elemento. E os melhores momentos da música vêm justamente quando os arcordes pop e o vocal “hora de levantar o celular para o alto e começar a filmar” deixam a música, e ela se atenta ao groove reto, minimalista.
Destilado o devido veneno, hora de se concentrar na faixa que realmente interessa. A Decade Long Sunset é um presente que, com seus ruídos, saturações e tortices melódicas, alcança o coração por caminhos inesperados. É definitivamente um pôr do sol que duraria dez anos. Alegra saber que os artistas de música eletrônica ainda são capazes de produzir coisas como essa.
Tudo na música é estranho, e é disso que estamos falando. O universo eletrônico, originalmente, é um ambiente de segurança para pessoas estranhas, cujos sentimentos são interpretados justamente graças à sua sonoridade. Um lindo apocalipse onde tudo deu certo, justamente pelo fato de que tudo o que estava errado acaba de morrer.

A Decade Long Sunset é uma pérola, diferentemente de Solid, feita para durar uma temporada de festas.